A chacina do Jacarezinho é parte da estratégia eleitoral do bolsonarismo para angariar apoio na classe média: o neofascismo possui um pacto de sangue com a morte!
No
dia 6 de maio uma operação policial invadiu a favela do Jacerezinho, no Rio de
Janeiro, e executou 29 pessoas. Com a justificativa de combaterem “criminosos”,
a ação foi uma espécie de propaganda eleitoral antecipada para a base de apoio
do bolsonarismo na classe média, que já demonstrou uma disposição inesgotável
para apoiar qualquer barbaridade do seu governo.
Foi
por isso que Bolsonaro escreveu o que segue nas redes sociais: “ao tratar como vítimas traficantes que
roubam, matam e destroem famílias, a mídia e a esquerda os iguala ao cidadão
comum, honesto, que respeita as leis e o próximo”; e ainda complementou
exaltando a corporação: “É uma grave
ofensa ao povo que há muito é refém da criminalidade. Parabéns à Polícia Civil
do Rio de Janeiro!”[1].
Ao
exaltar a corporação policial – uma das que mais mata jovens negros no mundo –,
defender a pena de morte informal e associar tudo isso à “liberdade”[2],
Bolsonaro visa reforçar a única bandeira que conseguiu cumprir no seu mandato e
que fascina a classe média: a de “bandido bom é bandido morto”.
Evidentemente
que, para executar este plano, rasgou até mesmo a legislação burguesa mais
elementar, pois esta, teoricamente, preconiza o direito de defesa judicial para
qualquer acusado. Todos os indícios comprovam se tratar de uma execução a
sangue frio, concretizando a pena de morte informal[3]
que sempre defendeu enquanto parlamentar. Por disseminar o ódio neofascista Bolsonaro nunca se preocupou
em ter seu mandato cassado, o que torna a justiça e a grande mídia cúmplices
indiretos dos seus crimes.
Se
por um lado os indivíduos assassinados calculadamente pela polícia tem ligação direta com o tráfico, praticando roubos, extorsões e crimes, sobretudo
nas favelas que controlam; por outro, a famiglia
Bolsonaro faz um jogo duplo, pois é a que mais se beneficia da relação com as
milícias e o crime organizado[4].
É
amplamente conhecido o envolvimento de parte da polícia carioca com o crime
organizado. O que o governo Bolsonaro está fazendo, além de praticar
ilegalmente a pena de morte para saciar o sadismo dos seus seguidores, é
simplesmente substituir uma facção criminosa por outra, apoiada por ele. Sua
preocupação não é, evidentemente, a criminalidade, mas a sinistra bajulação do seu eleitorado de classe média, que não tem
limites para saciar o seu sadismo e a sua perversão.
Analisando
causas e consequências da perversão do eleitorado bolsonarista
Grande
parte do eleitorado bolsonarista – sobretudo na classe média, mas também entre
o alto empresariado e, infelizmente, entre grande parte da classe trabalhadora
– não tem limites para a sua perversão sádica e já demonstrou que nenhum
argumento racional pode lhe fazer ver a realidade para mudar sua conduta.
Precisa urgentemente de tratamento psicológico, mas certamente se recusará e
negará sua doença, afirmando estar em seu pleno juízo. Conjuntamente com a
grande mídia e as suas igrejas, criam muitas ideologias e autojustificações
para ficarem “de bem” com suas próprias consciências.
De
certa forma eles têm razão. A perversão sádica está entranhada tão
profundamente no seu caráter que se tornou, de fato, parte do seu modo “natural”
de ser. Tudo isso demonstra que não respeitará nenhuma instituição ou regra
democrática, como pretende lhe “ensinar” a esquerda reformista (talvez frente à
dureza de uma ditadura do proletariado possam aprender bons modos!).
Bolsonaro
surfa neste sentimento desprezível e o incentiva. Em troca recebe apoio e uma
blindagem política e social, cujo “fora Bolsonaro” sequer arranhou até agora.
Este blog escreveu em novembro de 2018 que a “essência do fascismo consiste num pacto indissolúvel com a morte e com
a crise social e econômica, da qual é uma cria”[5].
Este pacto incentiva uma espécie de hipnose social de amplos setores de massa
que alimenta e é alimentado por uma perversão sádica.
Quais
são as características centrais desta perversão presente no eleitorado
bolsonarista? Os comportamentos do sadismo perverso “são designados por intermédio da excessiva manifestação de
egocentrismo, incapacidade para o amor não narcísico, falta de remorso,
vergonha ou culpa, tendência à mentira, vida sexual impessoal, boa capacidade
retórica, inclinação para autovitimação e boa capacidade cognitiva, sem
comprometimento para com a percepção da realidade. Outrossim, as demais
características que, por impulsos inconscientes, têm a intenção de manipular e
controlar as pessoas ao seu redor à escolha narcísica de objeto, a qual procura
estabelecer relações íntimas com aqueles que se assemelham a ele, ou por quem
tem inveja. Posto que o desejo dá-se em ser como este, quase nunca levando em
consideração as necessidades do outro”[6].
Este
escudo perverso criado pela engenharia ideológica e política do neofascismo, cujo idealizador foi Steve
Bannon[7],
não é combatido e sequer arranhado pelas pautas da “esquerda”, senão que o
reforça. Toda a agitação dos movimentos sociais que foram para a rua protestar
justamente contra a chacina da favela do Jacarezinho, morderam, como sempre
mordem, a isca do neofascismo e
servem como o “espantalho” utilizado por Bolsonaro de que a “esquerda trata os traficantes como vítimas
e os iguala aos cidadãos comuns”. De quebra, ainda coloca um sinal de igual
entre a “esquerda” e a grande mídia burguesa.
O
ramerrão[8] do
discurso da esquerda reformista não tem profundidade. O neofascismo bolsonarista sabe disso e tira vantagem desta inconsequência
para estar sempre na frente. Para atacar o problema seria necessário destacar
os problemas da manipulação da psicologia
de massas, visando acordar do sonambulismo quem ainda possui algum
escrúpulo e preparando a combatividade do movimento sindical e social para o enfrentamento revolucionário contra
aqueles que sustentam abertamente um pacto indissolúvel com a morte.
A
“esquerda” não faz nem uma coisa, nem outra. O bolsonarismo agradece, uma vez
que ajuda a construção de uma estratégia eleitoral[9]
calcada num discurso que não só “faz sentido” para “indivíduos hipnotizados” (e
desumanizados), como é confundido com “liberdade” por suas mentes sádicas que
cultuam – sobretudo! – a perversão do
“mito”... e a sua própria!
Referências
[1]
Ver: https://ndmais.com.br/politica-brasileira/bolsonaro-da-parabens-a-policia-por-acao-que-deixou-29-mortos-no-jacarezinho/
[2]
Ver: https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1391514966444945411?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1391514966444945411%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fcongressoemfoco.uol.com.br%2Fgoverno%2Fbolsonaro-parabeniza-policia-civil-rj%2F
[4]
Ver: https://www.dw.com/pt-br/liga%C3%A7%C3%A3o-de-bolsonaro-com-mil%C3%ADcias-%C3%A9-acima-de-tudo-ideol%C3%B3gica/a-55187655
; https://congressoemfoco.uol.com.br/congresso-em-foco/dez-fatos-que-ligam-a-familia-bolsonaro-a-milicianos/
[8]
Ramerrão = ruído sucessivo e monótono; repetição fastidiosa.
[9] Ver: https://www.youtube.com/watch?v=5SOwn2FrOkk
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