segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Quem está por trás de Olavo de Carvalho?

"A crítica não tem sobre a psicologia das massas o poder sugestivo que têm 
as crenças afirmativas, mesmo falsas.
(Olavo de Carvalho)

Como é possível que um “intelectual” como Olavo de Carvalho consiga influenciar a sociedade com ideias tão bizarras e nefastas? Seus livros, publicados por grandes editoras, e suas “aulas” pela internet, apesar de agressivas e sinistras, “influenciaram” uma geração que hoje domina parte importante da mídia comercial, como, por exemplo, os jornalistas Felipe Moura Brasil (Jovem Pan), Bruno Garschagen e Flávio Gordon (da Gazeta do povo); Danilo Gentili (“humorista” e apresentador de TV); o cantor Lobão; Nando Moura (“youtuber”); Joyce Halsseman (deputada do PSL); e o famigerado MBL (que hoje possui outros tantos deputados).
            A força de Olavo de Carvalho não está nas suas ideias em si, que são irracionais e banais, mas aos fins aos quais ele serve. Dois elementos são fundamentais para a compreensão da real força de Olavo de Carvalho: 1) a manipulação através das novas tecnologias e redes sociais; e 2) o nível intelectual e emocional da grande massa (sobretudo da classe média).
À isso se soma a crise histórica do capitalismo de um país da periferia do mercado mundial, o Brasil, que além da miséria, da fome e do subemprego no meio da abundância de poucos, produz ideias tão miseráveis, pobres e odiosas quanto a realidade material que proporciona para a maioria do seu próprio povo. Estas ideias são o reflexo da crise do capitalismo, e servem para obscurecer a realidade e esconder os absurdos privilégios de classe – sobretudo os do sistema financeiro internacional.
É flagrante a contradição entre o papel cumprido pela burguesia iluminista europeia nos séculos 18 e 19, com o papel cumprido pela burguesia atual, baseado no irracionalismo, no pragmatismo mais rasteiro e no misticismo pseudo-científico e evangélico. Estes métodos de “debate” servem perfeitamente para manipular emoções infantis de “pessoas comuns” e ocultar os níveis de privilégios e exploração do capitalismo imperialista, que se encontra em avançado estado de degeneração. As contradições são muito grandes para não serem percebidas, por isso esta direita se especializou em métodos refinados de distorção da realidade, que misturam “auto-verdade”, pós-modernismo e egotismo.
            Apesar da grande mídia e muitos intelectuais venderem o pensamento de Olavo de Carvalho como filosofia e ciência, não é possível considerá-lo um filósofo ou cientista, pois não possui uma única teoria original, nem faz uma crítica consistente a qualquer filósofo ou cientista. Sua filosofia não possui lastro na realidade. Trata-se, portanto, de um ideólogo da direita, cuja essência do pensamento está embasada no McCharthysmo (a ideologia norte-americana do anti-comunismo paranóico), além da proliferação de pseudo-ciências contraditórias e absurdas, sustentadas por um culto ao ódio e ao sadomasoquismo. Este método propagandístico de Olavo, totalmente negligenciado pela “esquerda”, é considerado tão importante pelos seus discípulos ao ponto de afirmarem que “sem Olavo de Carvalho não haveria governo Bolsonaro”.
Assim, aos membros hipócritas das classes dominante e média cabe a única opção política de aceitar e reproduzir tais tipos “edificantes” de ideologias e pensamentos, que só podem levar à desumanização de todas as relações sociais visando manter as bases do sistema do qual dependem seus privilégios. Devemos, na contramão disso, lançar um olhar mais criterioso sobre tudo isso.

Charge digital por Rogério B.

1) A manipulação através das redes sociais
            Pode parecer que Olavo de Carvalho é apenas um paranóico doentio, mal resolvido consigo mesmo e com tendências emocionais desequilibradas, mas não é. Trata-se de uma estratégia política muito bem arquitetada.
Atualmente Olavo mora nos EUA e mantém boas relações com grandes executivos do sistema financeiro de Nova York. Curiosamente, ao contrário de centenas de milhares de vistos negados aos latino-americanos pobres, o governo norte-americano lhe concedeu green card, dando a liberdade de morar nos EUA. A impressionante justificativa do governo estadunidense para isso foi de que se trata de “um estrangeiro com extraordinárias habilidades”. Se tal informação for verídica, pode-se concluir que: ou os EUA rebaixaram completamente sua visão de mundo, endossando os disparates de Olavo; ou, então, há interesses estratégicos estadunidenses em sustentar este tipo de “ideólogo”, cuja utilidade está justamente nessa capacidade de embaçar a realidade.
Por intermédio das suas relações com os executivos do sistema financeiro, Olavo de Carvalho mantém contato permanente com Steve Bannon, o estrategista e marqueteiro político de Donald Trump, acusado de escândalos de manipulação das eleições presidenciais dos EUA junto com a empresa Cambridge Analytica, que recebeu mais de 15 milhões de dólares do empresário republicano, Robert Mercer.
Apesar de ser mais citado hoje em dia, Olavo de Carvalho já era um “youtuber” há muito tempo. Sua “edificante” mensagem, no entanto, se tornou mais eficaz e perigosa após esta aproximação com Bannon e o aprofundamento da influência da direita fascista na conjuntura mundial. Isso é possível porque os métodos de manipulação das massas a partir das redes sociais se tornaram decisivos. O escândalo envolvendo a Cambrige Analytica é instrutivo.
            Utilizando-se de dados pessoais dos internautas, os membros destas “empresas” de influência digital são especializados em psicologia e psicometria, testando as personalidades com perfis no facebook, whatsapp ou outras redes sociais. Assim, eles conseguem fazer uma “previsão de tendências” acompanhando com informações privilegiadas ou manipulando a opinião pública. Aproveitam-se da espionagem das redes sociais para influenciar o senso comum. A própria empresa confessa no seu site: “Cambridge Analytica uses data to change audience behavior”[i] (a C.A. usa dados para alterar o comportamento público).
Esta atuação perversa, porém tida como “legal” nas democracias burguesas, serve de base para influenciar o inconsciente coletivo da sociedade. Desejos e pensamentos que não são ditos nem para psicanalistas, são captados pelos cliques individuais de internautas nas redes sociais. Assim, sem demonstrar a fonte, os seus “marqueteiros” orientam capciosamente a ação dos seus partidos e governos a partir da “análise de tendências” recolhidas secretamente. Em períodos curtos e intensos, como eleições, são decisivos, como o foram nos EUA e no Brasil. Uma das principais formas de influência é através das fake news, que se baseiam nestes métodos de espionagem, de criação de contas falsas, de confusão sádico-masoquista, pragmática e hedonista. É o maquiavelismo do século 21: a tecnologia utilizada para criar o verdadeiro big brother de 1984. Cabe destacar que grandes oligopólios midiáticos como microsoft, google e facebook, também procedem da mesma forma.
            Totalmente conscientes do seu poder de manipulação sobre o pragmatismo das pessoas, os ideólogos da “escola” Cabrige Analytica, como Steve Bannon e Olavo de Carvalho, lançam um bombardeio impiedoso sobre centenas de milhares de mentes, que julgam se “tratar do curso natural das coisas. Enquanto suas crias políticas – os militantes de direita ao estilo do MBL – gritam contra a doutrinação nas escolas públicas, fecham os olhos para essa doutrinação secreta e imoral.
            No entanto, por trás destas manipulações e bizarrices políticas há um fio condutor racional que pode nos guiar aos seus objetivos reais: Olavo de Carvalho defende conscientemente os interesses do imperialismo norte-americano, tal como a maioria dos bolsonaristas faz sem saber. Recentemente Olavo condenou membros do partido de aluguel de Bolsonaro, o PSL, por ter ido à China negociar, os classificando como “analfabetos funcionais” e “caipiras” por “entregar o Brasil à China”[ii]. Na verdade, Olavo de Carvalho e o governo Bolsonaro são os testas de ferro do governo Trump contra a China e a Rússia. A “entrega do Brasil à China”, na verdade, não significa nada mais do que uma forma de esconder a utilização da sua influência sobre o governo e os bolsonaristas para entregar o Brasil totalmente aos EUA.

2) O nível intelectual e emocional da grande massa (sobretudo da classe média)
Como já foi dito, Olavo de Carvalho não possui nenhuma ideia original, sistema filosófico ou científico, o que não impede de o venderem como “filósofo”. Ele é uma metralhadora giratória de preconceitos, paranóias e sofismas, apimentados com ódios e palavrões de baixo calão, direcionados especialmente para manipular o que há de pior no ser humano. Os métodos da Cambridge Analytica, de Steve Bannon e Olavo de Carvalho são refinados e caros: grande parte da riqueza mundial é desperdiçada por esta elite em “pesquisas” deste gênero, servindo apenas para aprofundar sua própria dominação e servindo perfeitamente para ocultar privilégios e violências de todos os tipos. Mais do que isso: estes métodos transformam massas humanas em defensoras do capitalismo; ou, dito de outra forma, defensoras rancorosas da sua própria exploração.
Há que se apontar, contudo, que esses métodos da Cambrige Analytica não seriam nada se não houvesse uma propensão no ser humano a aceitar determinadas ideias irracionais, simplistas e, por que não(?), pornográficas. Aqui se entende pornografia muito além do ato de assistir sexo e da prostituição: as diversas formas de taras, como xingamentos públicos, virtuais ou a busca por linchamentos “políticos” são formas de “pornografia”; isto é, formas de direcionar a descarga das tensões sadomasoquistas e sexuais. Não esqueçamos que os EUA são o maior mercado de pornografia de todos os tipos, sobretudo na internet. É verdade que o mundo todo o está alcançando (inclusive o Brasil), mas o fato de incentivar este mercado “oculto” e manter todos os provedores no seu território lhe facilita, conforme nos denunciou Edward Snowden, o controle de mentes isoladas que acessam a internet em todo o mundo. Em razão da opressão material e sexual, a vida das massas é, segundo Wilhelm Reich, assexuada na superfície e pornográfica nas profundezas[iii]. Quem tem coragem de assumir tal conduta? Ninguém, mas os provedores de internet e a Cambridge Analytica recebem inúmeras “confissões” todos os dias de forma “voluntária”.
Apavorando a classe média com a perda de seus “pequenos privilégios” a partir destes métodos perversos de manipulação, Olavo associa todo o mal a uma paranoica “conspiração comunista mundial”. Reduz a complexidade do pensamento marxista a uma suposta prioridade de “destruir a família”, pois sabe perfeitamente os impactos emocionais que isto causa nas mentes comuns. Os verdadeiros comunistas são perfeitamente claros sobre seus fins e propósitos; ao contrário da Cambrige Analytica, Steve Bannon, Bolsonaro e Olavo de Carvalho, que dissimulam o tempo inteiro e, para isso, recorrem a espionagem, criação de contas falsas nas redes sociais e ao ódio mal resolvido.
Outra característica do “pensamento” de Olavo é o McCarthysmo, muito bem repetido por Bolsonaro e pela direita brasileira. Joseph Raymond McCarthy (1908-1957) foi um político norte-americano, membro inicialmente do Partido Democrata, e, mais tarde, do Partido Republicano. Também foi senador do Estado de Wisconsin entre 1947 e 1957. Passou a ser conhecido por suas declarações de que havia um grande número de comunistas, espiões soviéticos e simpatizantes dentro do governo federal norte-americano. Estas declarações disparatadas tornaram-se obsessões paranoicas, usadas habilmente contra qualquer adversário político do capitalismo norte-americano (mesmo que eles sabidamente não fossem comunistas). Este é o verdadeiro mentor intelectual e político de Olavo de Carvalho.
O pensamento desta “nova” direita brasileira usa a “esquerda” e o “comunismo” como bodes expiatórios. Isso é prática comum na história. Exagerar a paranoia sempre chama mais a atenção da mente comum do que uma análise simples. Segundo Francis Bacon “a compreensão humana não é um exame desinteressado, mas recebe influências da vontade e dos afetos; disso se originam ciências que podem ser chamados de ‘ciências conforme nossa vontade’. Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; as coisas sensatas, porque diminuem a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por arrogância ou orgulho; coisas que não são comumente aceitas, por deferência à opinião do senso comum. Em suma, inúmeras são as maneiras, e às vezes imperceptíveis, pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento”[iv].
A citação de Bacon esclarece o método sutil de afetos e taras manipulados por Olavo de Carvalho. Sabemos o quanto a fofoca e a intriguinha são mais sedutoras do que um debate franco e honesto, feito olho no olho. Para a mente comum é muito mais interessante acreditar numa fantástica conspiração comunista mundial do que compreender que nossos problemas são resultado do capitalismo, em particular da roubalheira do mercado financeiro, pois isto nos exige responsabilidade social e alguma reação. Para combater a fantasiosa “ameaça comunista” basta votar no candidato que vai “acabar com tudo isso daí”. Assim, se Lula representa um tipo de paternalismo político das massas, o “messias” Bolsonaro representa outro (o da classe média).
A tudo isso se soma o discurso pragmático, utilitário e ganancioso. A luta pela vida cotidiana no capitalismo leva as pessoas a não perceberem a conexão das suas necessidades com a exploração do capital. Ao contrário, muitas preferem entrar em conflito com o familiar, o colega ou o vizinho do que se enfrentar com a exploração real e verdadeira do sistema, pois o inimigo é muito maior e mais atemorizante. Desta forma, se tornam reféns do que se chama de imediatismo.
Podemos considerar o imediatismo das pessoas comuns como uma extensão não refletida da filosofia norte-americana conhecida como pragmatismo, a qual pessoas como Steve Bannon e Olavo de Carvalho, tal como a grande mídia, sabem manipular muito bem. O pragmatismo é disseminado espontaneamente pelas relações econômicas, pela grande mídia, pelas escolas e universidades, terminando por se entranhar no senso comum. Olavo de Carvalho e a direita apenas dão uma forma intelectual à ela: substituem a busca filosófica pela “verdade” (isto é, do reflexo objetivamente verdadeiro da realidade) pelo conceito de utilidade, de êxito, de vantagem – daí o surgimento da “pós verdade” e o porquê ela serve perfeitamente aos interesses de manutenção do capitalismo. Assim, milhares de seres humanos perdem seus escrúpulos todos os dias.
Deste ponto de vista, todos os conceitos, mesmo místicos e religiosos, “são verdadeiros” na medida em que são úteis para quem os defende. Os pragmatistas tomam como critério da “verdade” não a experiência ampla, social, do trabalho, mas unicamente as experiências individuais. Neste sentido, qualquer pensamento que seja útil individualmente pode ser reivindicado, tornando possível dar explicações seletivas, diferentes, até mesmo contraditórias, de um mesmo fenômeno. No essencial, o pragmatismo filosófico defende que “se funciona é bom”; ou seja, tudo aquilo que atinja seus fins individuais (como o lucro, por exemplo) cumpre a sua função, independentemente deste fim ser contraditório com o social ou com a natureza. Ao agir pragamaticamente, muitas pessoas pensam que estão defendendo os seus “interesses pessoais”; porém, estes são minúsculos e contraditórios se comparados aos interesses do sistema financeiro, ao qual estão, na verdade, subordinados e ameaçados. Assim, a confusão filosófica do pragmatismo McCarthysta de Olavo de Carvalho serve como uma luva para mistificar e esconder os interesses reais dos trilhonários saques do sistema financeiro internacional praticados pelos seus amigos de Wall Street.
Isso explica, em parte, porque os bolsonaristas e todos os tipos de fanáticos entendem as coisas de “forma invertida”: se Bolsonaro fala em patriotismo, os seus seguidores “não enxergam” que tal “patriotismo” não passa de uma submissão voluntária aos EUA; falam em cristianismo, mas propagam a violência através das armas e do ódio de classe; falam em “conspiração comunista”, mas não enxergam a permanente conspiração capitalista do sistema financeiro e dos seus ideólogos da “escola” de Steve Bannon; gritam contra a corrupção do PT, mas sustentam a corrupção do PSL, do PSDB, do Democratas e cia. ltda., bem como o “saque legal” do sistema financeiro; vociferam contra a “ditadura comunista”, mas apoiam qualquer ditadura militar capitalista; apontam a violência urbana que é gerada pelo desemprego e a miséria, mas não enxergam a violência simbólica e física a que os pobres estão expostos todos os dias.

3) Conclusões: a esquerda pode se utilizar dos mesmos métodos?
            Muitos militantes, ao perceberem as “novas táticas” da direita pensam que podemos fazer o mesmo. Não! O capitalismo, como um sistema em crise histórica, não pode sobreviver sem manipular o lado podre do ser humano, utilizando-se das suas misérias, taras, medos, egotismos e ódios. Olavo de Carvalho é um ideólogo que cumpre conscientemente o papel de manipular estes sentimentos. São precisamente estas extradordinary abilities que são apreciadas pelo departamento de estado dos EUA.
            Frente a isso estamos em desvantagem: não podemos nos rebaixar a manipular emoções, sentimentos ou taras. Nossa tarefa histórica só poderá ser cumprida através da clareza, da cultura, da ciência, do combate ao ódio de explorador. Há que se ter paciência para um trabalho cotidiano, de propaganda, agitação e organização; sobretudo tendo muita firmeza. Os disparates de Olavo não servem apenas para ocultar e facilitar a dominação da burguesia nacional e imperialista, mas são reflexos intelectuais das tendências destrutivas do capitalismo na economia, na sociedade e na natureza, levando à confusão, ao desapreço e à destruição da nossa maior riqueza: a cultura humana.
            Este é precisamente o papel deste senhor, que não passa de um pit-bull raivoso dos interesses capitalistas da elite norte-americana. De fato, os bolsonaristas estão corretos: sem a perversa manipulação ideológica de Olavo de Carvalho não haveria governo Bolsonaro!


NOTAS:


[i] https://cambridgeanalytica.org/ acesso em 23 de janeiro de 2019.
[ii] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/alvo-de-criticas-comitiva-do-psl-na-china-cobra-apoio-do-governo.shtml acesso em 23 de janeiro de 2019.
[iii] REICH, Wilhelm. A análise do caráter (1933).
[iv] BACON, Francis. Novum organum (1620).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Dias e noites de amor e de guerra na Venezuela

Para que o imperialismo estadunidense quer tirar Maduro do governo da Venezuela?
Para colocar em seu lugar um governo fantoche (tipo Bolsonaro) visando controlar o petróleo venezuelano.
E o que os EUA querem fazer com o petróleo venezuelano? Criar uma superprodução artificial para baixar o preço, quebrando Rússia e China, suas principais preocupações. O povo venezuelano não passaria de um fantoche útil em nome da autocracia do dólar. Isto é, precisamente, o "livre mercado" defendido pela direita e pelos canalhas analfabetos do MBL.
***
E o que dizer do papelão do presidente do Chile, Sebastián Piñera? Não reconhece o governo da Venezuela, mas reconhece o governo Bolsonaro, eleito por fake news, defensor da tortura, da ditadura militar, da submissão aos EUA, da ingerência militar em outros países.
¡¡¡Verguenza!!!

***
Como parte da guerra de informação, hoje a Folha de S. Paulo usou imagens das manifestações dos chaviztas na Venezuela como se fossem dos opositores.
O mínimo que poderíamos dizer disso é que se trata de uma brutal manipulação da informação em nome dos seus interesses econômicos e políticos.
São os mesmos que gritam que "na Venezuela não há liberdade de imprensa"!
E o que fazer com um grande jornal como esse que desinforma desse jeito? O mínimo é expropriá-lo sem indenização e cadeia para os seus editores-chefes e acionistas.

Na teoria é muito bonito, mas na prática...

Como os eleitores do Bolsonaro vendiam que as coisas iam se desenrolar: a economia crescendo, se diversificando, se fortalecendo; empreendedorismo a 1000 por hora e as privatizações fazendo milagres; o aumento e fortalecimento do mercado interno dando condições para que os pobres "aprendam a pescar" e "não ganhem peixes"; a corrupção sendo varrida de todos os cantos do país; os bandidos sendo presos e mortos; finalmente o capitalismo demonstrando todo o seu valor!
Como é o governo Bolsonaro na realidade: exportadores do agronegócio e o sistema financeiro comandando a economia e impedindo qualquer tipo de diversificação econômica e empreendedorismo; o Brasil mais periferia do mercado mundial do que nunca; venda parcial do país em Davos (porque nenhum governo pode governar se privatizar todo o seu patrimônio); pobreza e criminalidade piorando; a corrupção aumentando assustadoramente e os decretos do Mourão e do Moro proibindo "divulgações sigilosas"; os bandidos das milícias comandando as decisões políticas e escondendo seus crimes.

Hipóteses sinistras para o próximo período

O golpe militar de 64 não instaurou imediatamente uma ditadura. Foi jogando verde até, mais ou menos, 1968, quando os militares enfiaram goela abaixo o AI-5 (com os aplausos e o êxtase da classe média).
Está claro que o programa de governo de Bolsonaro é uma mentira, que apenas vai aprofundar a venda do país, a destruição do patrimônio público e, consequentemente, aumentar assombrosamente a riqueza de meia dúzia, a miséria da maioria e manter as esmolas da classe média em nome do abandono de qualquer "projeto de país".
A panela de pressão começou a chiar! Ninguém pode suportar tamanhas contradições. Começará, então, a ser aplicado, pouco-a-pouco, métodos ditatoriais, dos quais os decretos de Mourão dão uma pequena provinha. Parlamentares e pessoas comuns abandonarão o país. Seguirão assassinatos "misteriosos" (tipo Marielle), novos decretos e novas "justificativas".
Tudo isso é possível porque há um muro de contenção sustentado pela ignorância e o sadismo dos bolsonaristas. O patriotismo dessa gente é simples e degenerado: "Brasil: ame-o ou deixe-o"! Muitos se tornarão co-assassinos e inventarão desculpas "humanistas" para tudo isso. Lamentavelmente tenho muitos familiares e "amigos" dentre estes.
Até que este governo esteja no poder, sustentado por este "clima psicológico", todos os militantes socialistas são vítimas em potencial.

Sobre a renúncia do deputado federal do PSOL Jean Wyllys antes de assumir o mandato

I) O comentário do Bolsonaro é de um sociopata, doente; típico de quem entende e encarna a essência do capitalismo: "eu mando, já vai tarde".
II)  Dos bolsonaristas que comemoraram: são adoradores do capitalismo e do parlamentarismo europeu e norte-americano (que, no geral, jamais aceitariam que um parlamentar fosse assassinado ou se "exilasse" por medo de morrer). Tal como seu papai, Bolsonaro, não entendem nada sobre democracia burguesa e capitalismo, ainda que os defendam com unhas e dentes. Por isso são verdadeiros adoradores de um capitalismo periférico, de terceiro mundo, atrasado e eternos colonizados.
III) Ao Jean Wyllys e ao PSOL: "Quem teme lobos não vai à floresta" (Lenin).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Um ganancioso estúpido em Davos

1. 
O que Bolsonaro foi fazer no forum econômico de Davos, além de passar vergonha?
Oferecer o Brasil a preço de banana para os "investidores" internacionais (leia-se: saqueadores), defender privatizações, os absurdos compromissos com o sistema financeiro e preparar o terreno pra intervenção direta contra a Venezuela.
É assim que esses "patriotas" defendem o Brasil.

2.
Tristemente temos que constatar que não são apenas as instituições brasileiras que aceitam sociopatas apologistas da tortura nas cúpulas, mas o "livre" mercado e o Fórum "econômico" de Davos também.
Viva o "livre" comércio mundial!

3.
Fórum "econômico" de Davos 2019:
É pra debater economia, "livre" mercado e angariar apoio europeu pra intervenção militar na Venezuela?
Ou então não existe mais diferenças entre "economia", "livre" mercado e intervenção militar em outro país?

4.
Governo Bolsonaro trabalhando a todo vapor para "make America great again"
USA just say: thanks.

5.
O vice-presidente dos EUA já deu carta branca pra direita fascista da Venezuela criar um governo paralelo.
Mantemos as mais profundas divergências com o chavizmo e o "socialismo do século 21" do governo Maduro, mas defendo a total autonomia da Venezuela e do seu povo.
Fora imperialismo da Venezuela. Tirem suas garras do petróleo venezuelano. Fora imperialismo da América Latina: yankees go home!

Vallhala

Quando desafiamos a morte, lutamos com mais paixão; a cultura religiosa viking que o diga.
"O que não me mata, me fortalece".
(Nietzsche)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Corrupção do bem X corrupção do mal: o estranho caso da família Brasil

A família Brasil é composta por seu José, dona Maria, Ritinha e Joãozinho. Todos vivem do salário do pai, de cerca de R$1.100. Em razão dos empréstimos bancários, R$600 são consumidos pelos juros, sobrando apenas R$500. Há, ainda, um fato curioso: quanto mais seu José Brasil paga a "sua" dívida, mais ela aumenta, sem nenhuma contrapartida para a vida dos seus filhos e sem prazo pra conseguir quitar.
Seu José Brasil se condena por ter chegado a esse ponto, reclamando da "gastança da família", mas jamais questionou a idoneidade da cobrança bancária, tão justa, segundo ele, quanto os julgamentos do Rei Salomão. Seu José Brasil defende a privatização de tudo, pois só as leis do mercado podem resolver as bandalheiras do Estado e o seu "cabide de emprego". Seu José e dona Maria comemoraram a prisão de Lula, o "chefe da quadrilha", como o início da limpeza que Bolsonaro e Sérgio Moro iriam fazer.
O resto da "limpeza" não veio. Ao contrário. Novas mamatas surgem e, de quebra, os juros da sua dívida não param de aumentar: no próximo mês chegarão a R$650; e no outro, a R$700; enquanto o seu salário permanecerá exatamente o mesmo. Seu José despeja seu ódio contra os "políticos" (à exceção de Bolsonaro, que "não seria um político"), mas não vê nenhum problema no sistema financeiro, o centro de toda a corrupção. Reclama da roubalheira dos políticos (com destaque especial aos petistas), mas não reclama dos assaltos por mecanismos de mercado, tido por ele como natural e necessário.
Pelo quê Lula deveria ser condenado? Sem dúvida por sua relação escusa com o sistema financeira, que "fez os bancos lucrarem como nunca na história desse país"; e não por um Triplex e um sítio questionáveis que qualquer juiz, empresário ou banqueiro tem, no mínimo, 10. Mas se ele fosse condenado por sua relação com o sistema financeiro - o que, sem dúvida, seria justo -, com mais razão ainda Bolsonaro, o seu PSL, o PSDB, o Democratas e tantas outras quadrilhas políticas deveriam ser condenadas e presas.
Mas seu José Brasil é um tolo. Sua inteligência foi roubada voluntariamente. Sua capacidade de aprendizado é zero. Seu José ensina a família Brasil a ver a corrupção tal como ele: apenas nos políticos e no Estado, tornando invisível a elite do mercado. Inverte causa e efeito, tornando insuspeito o assalto real feito pelo sistema financeiro e o Banco Central, distorcendo sistematicamente a realidade. Pensa que os seus reais inimigos são o feminismo, os negros, os pobres, os LGBTTs, o "kit gay".
Assim, ele ajuda a estabelecer o seu próprio saque: a corrupção legalizada que condena mais da metade do orçamento público federal através da "dívida pública", que é, na verdade, uma extorsão. Qual seria o problema de seu José? Se hoje em dia metade das empresas brasileiras (sobretudo as de pequeno porte) e a maior parte da população (como o próprio seu José) está endividada até o pescoço, isso não provoca reação nem rebelião organizada de grande parte delas. Ao contrário, acreditam que a "revolução" ao contrário de Bolsonaro vai "colocar as coisas em ordem".
E de fato vai: salvará os bancos e o sistema financeiro na sua sanha insaciável e incontrolável por lucros e juros altos (os maiores do mundo). Seu José e dona Maria continuarão pagando suas "dívidas" justas, respeitando a humilhação diária que nos é imposta pelo sistema financeiro, acreditando em qualquer bode expiatório da conjuntura e, assim, comprometerão o futuro de Ritinha e Joãozinho. Seu José, mesmo que não diga, compreende que tem uma "corrupção boa" e outra "ruim". O sistema financeiro acredita que só existe um idiota bom: o que acredita nestes contos de fada!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O "admirável Brasil novo": uma reflexão econômica sobre a nomeação dos novos presidentes dos bancos públicos

O saque dos cofres públicos começou cedo, em menos de 10 dias de governo. Paulo Guedes, o ministro "Chicago Boy" de Bolsonaro, nomeia os novos carrascos dos bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES), que vão tirar o mínimo do povo para dar tudo aos rentistas.
O discurso, como sempre, é o mais confuso possível. Paulo Guedes diz que a CEF foi "vítima de saques, assaltos e fraudes", exatamente o que o novo governo está se preparando para fazer. É o verdadeiro criminoso gritando "pega ladrão".
Qual a importância dos bancos públicos afinal de contas? Tal como qualquer empresa pública, serve para regulamentar o mercado, podendo evitar que ele degenere em super lucros para meia dúzia de empresas, banqueiros e acionistas.
Por exemplo, a CEF e o BB podem manter baixas as taxas de juros de cartões de créditos ou qualquer outra atividade social que seja importante (como o financiamento da casa própria). Isto obrigaria os grandes bancos, que agem como tubarões dos mega lucros e do rentismo, a baixarem suas taxas também beneficiando largas camadas populares, sobretudo os trabalhadores. Esta "intervenção na economia" poderia servir para o desenvolvimento social, o fomento do mercado interno e o aumento do bem estar do povo. O BNDES, por exemplo, é um banco público federal, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que apoia e financia a longo prazo investimentos em diversos segmentos econômicos como agricultura, indústria, infraestrutura, comércio e serviços, além de investimentos sociais nas áreas de educação, saúde, agricultura familiar e outras. Em síntese, poderia servir como base real para o desenvolvimento e incremento do mercado interno nacional. A mesma medida poderia ser adotada pela Petrobrás na produção e refino de combustíveis, o que teria um impacto positivo no valor das demais mercadorias e, consequentemente, na cesta básica.
Mas indo na contra mão disso tudo, o governo Bolsonaro quer, na verdade, alinhar a CEF, o BB e o BNDES com os interesses do sistema financeiro e dos grandes bancos, nivelando a taxa de juros por cima. Lembremos que o Brasil é o país com as maiores taxas de juros do mundo, inclusive na nefasta dívida "pública" que compromete metade do orçamento público. Segundo as palavras do novo saqueador da CEF, Pedro Guimarães, "a Caixa vai respeitar acima de tudo o mercado: lei da oferta e da demanda".
Ora, esse sofisma esconde que o mercado é controlado pelas grandes corporações internacionais, sobretudo os seus bancos. Não existe mais "livre mercado" desde fins do século XIX. Os preços são determinados pelos grandes monopólios e cartéis empresariais. No Brasil, o Estado é o seu único contraponto.
Tentando tornar popular suas medidas, Guimarães afirma que "a classe média terá juro de mercado" e, supostamente, os mais pobres não. Isso tudo é mentira, pois se de fato estivessem preocupados com os pobres, o governo interviria para baixar os juros no mercado, e não faria essa massaroca demagógica de conceitos econômicos usados para esconder suas reais intenções.
Os trabalhadores conscientes não podem por a mão no fogo pelas indicações do PT; isto é certo. Porém, sabemos que os governos Lula e Dilma mantinham uma política econômica nos bancos públicos voltada para o investimento social. O novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, admite "desinvestimentos", isto é, o oposto do que vinha sendo feito. Logo, o aprofundamento do "saque, assalto e fraudes" está apenas começando, cabendo destacar a nomeação do filho do vice-presidente, general Mourão, como "assessor especial" da presidência do BB. 
Esta é uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro que denotam claramente seu objetivo de deixar o mercado nacional totalmente dependente e subordinado ao centro do sistema, EUA e Europa, às custas do nosso futuro.
Vemos, em contraposição, uma "classe média" calada frente a casos inaceitáveis de nepotismo, de novos privilégios e com o aumento dos juros contra si própria. Eis o seu "admirável Brasil novo"!