sexta-feira, 5 de maio de 2023

Os Estados nacionais subordinados às big techs

 

O controle e a censura avançam na internet (não a que advoga a direita neofascista, mas outra muito diferente).
Sobre este tema existem duas narrativas: a do grande capital, que controla as principais redes sociais (como o twitter, o Facebook e cia.), e são orientadas pelos princípios do neofascismo (D. Trump, S. Bannon e E. Musk); a outra, por uma "esquerda liberal", social democrata, tipo o petismo.
Para a primeira, divulgar conteúdo neonazista e promover ameaças e injúrias racistas e supremacistas é visto como "liberdade de expressão", por isso não veem nenhuma problema nos perfis das redes sociais que promovem este tipo edificante de mensagens à humanidade, chegando até mesmo a protegê-las. A segunda, julga que se pode resolver este problema intrincado apenas "regulamentando" o setor (com uma regulamentação que precisa ser feito pedindo-se penico para redes sociais que hoje possuem mais poderes que os Estados nacionais). A tentativa de regulamentar, apesar de tudo, é certamente um primeiro passo importante, mas ainda muito tímido, não indo fundo nas questões que precisam ser debatidas e trazidas à luz.
O twitter, sob controle de Elon Musk, tem contas que veiculam discurso de ódio e promovem ameaças (ainda que algumas delas tenham sido tiradas do ar — talvez momentaneamente). O telegram, que é de origem russa, é acusado de se negar a entregar dados de usuários que promovem discurso de ódio e de "organização nazista". Por esta razão, sem dó nem piedade, foi imediatamente tirado do ar.
Por que o mesmo não ocorre com o twitter? Será que é porque tem procedência norte-americana e do homem mais rico do mundo? O twitter forneceu os dados dos seus usuários que propagam mensagens neonazistas de supremacismo branco às justiças federal e estaduais? A grande mídia e o governo o estão exigindo também e divulgando tais tratativas? Porque há um peso e duas medidas nessa história toda?
A grande questão é que temos visto a censura digital aumentar não porque "evitam posições [racistas e neofascistas] de se expressar", mas porque os controladores das redes sociais pelo mundo afora possuem mais poderes que os Estados nacionais e seus medíocres "ministérios da justiça"; porque os algorítimos criam bolhas que mantém os usuários separados uns dos outros, selecionando e omitindo conteúdos; porque há comprovada espionagem para obtenção de dados pessoais que são utilizados pelas cúpulas dos grandes impérios — seja ele o complexo-industrial militar dos EUA ou o nascente imperialismo sino-russo.
O governo Lula propõe agora regulamentar a internet e as redes sociais. Que poder, de fato, terão essas medidas para controlar as insubmissões dos seus donos multibilionários? Divulgarão e aplicarão penas equânimes a todas as redes sociais ou terão complacência com quem grita mais alto e tem mais poder econômico?
No meio disso, estamos nós, simples internautas com algum tipo de consciência de classe, tentando expressar o que sentimos e pensamos, classificados, autorizados ou censurados pelos algoritmos, separados pelas barreiras digitais que os donos das redes sociais criam e usam ao seu bel prazer (muitas vezes falando para nós mesmos).
Liberdade de expressão continua sendo apenas um assunto para quem tem dinheiro, muito dinheiro. A estes, é possível burlar regras, regulamentações e constituições nacionais. Enquanto isso, seguem livres apenas as narrativas parciais, os bloqueios de apenas algumas redes sociais inconvenientes aos interesses econômicos hegemônicos do Ocidente (e alguns perfis) e os odiosos discursos supremacistas do neofascismo...
O símbolo das "facilidades de comunicação" e da "liberdade de expressão" da nossa época histórica não são as "maravilhas da internet e das redes sociais", mas a prisão e a censura de Julian Assange, que utilizou a internet para divulgar documentos secretos da alta cúpula do poder mundial (em especial, dos EUA) através do Wikileaks. Até hoje está preso e luta contra a possibilidade real de ser condenado à morte.

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