O saque dos cofres públicos começou cedo, em menos de 10 dias de governo. Paulo Guedes, o ministro "Chicago Boy" de Bolsonaro, nomeia os novos carrascos dos bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES), que vão tirar o mínimo do povo para dar tudo aos rentistas.
O discurso, como sempre, é o mais confuso possível. Paulo Guedes diz que a CEF foi "vítima de saques, assaltos e fraudes", exatamente o que o novo governo está se preparando para fazer. É o verdadeiro criminoso gritando "pega ladrão".
Qual a importância dos bancos públicos afinal de contas? Tal como qualquer empresa pública, serve para regulamentar o mercado, podendo evitar que ele degenere em super lucros para meia dúzia de empresas, banqueiros e acionistas.
Por exemplo, a CEF e o BB podem manter baixas as taxas de juros de cartões de créditos ou qualquer outra atividade social que seja importante (como o financiamento da casa própria). Isto obrigaria os grandes bancos, que agem como tubarões dos mega lucros e do rentismo, a baixarem suas taxas também beneficiando largas camadas populares, sobretudo os trabalhadores. Esta "intervenção na economia" poderia servir para o desenvolvimento social, o fomento do mercado interno e o aumento do bem estar do povo. O BNDES, por exemplo, é um banco público federal, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que apoia e financia a longo prazo investimentos em diversos segmentos econômicos como agricultura, indústria, infraestrutura, comércio e serviços, além de investimentos sociais nas áreas de educação, saúde, agricultura familiar e outras. Em síntese, poderia servir como base real para o desenvolvimento e incremento do mercado interno nacional. A mesma medida poderia ser adotada pela Petrobrás na produção e refino de combustíveis, o que teria um impacto positivo no valor das demais mercadorias e, consequentemente, na cesta básica.
Mas indo na contra mão disso tudo, o governo Bolsonaro quer, na verdade, alinhar a CEF, o BB e o BNDES com os interesses do sistema financeiro e dos grandes bancos, nivelando a taxa de juros por cima. Lembremos que o Brasil é o país com as maiores taxas de juros do mundo, inclusive na nefasta dívida "pública" que compromete metade do orçamento público. Segundo as palavras do novo saqueador da CEF, Pedro Guimarães, "a Caixa vai respeitar acima de tudo o mercado: lei da oferta e da demanda".
Ora, esse sofisma esconde que o mercado é controlado pelas grandes corporações internacionais, sobretudo os seus bancos. Não existe mais "livre mercado" desde fins do século XIX. Os preços são determinados pelos grandes monopólios e cartéis empresariais. No Brasil, o Estado é o seu único contraponto.
Tentando tornar popular suas medidas, Guimarães afirma que "a classe média terá juro de mercado" e, supostamente, os mais pobres não. Isso tudo é mentira, pois se de fato estivessem preocupados com os pobres, o governo interviria para baixar os juros no mercado, e não faria essa massaroca demagógica de conceitos econômicos usados para esconder suas reais intenções.
Os trabalhadores conscientes não podem por a mão no fogo pelas indicações do PT; isto é certo. Porém, sabemos que os governos Lula e Dilma mantinham uma política econômica nos bancos públicos voltada para o investimento social. O novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, admite "desinvestimentos", isto é, o oposto do que vinha sendo feito. Logo, o aprofundamento do "saque, assalto e fraudes" está apenas começando, cabendo destacar a nomeação do filho do vice-presidente, general Mourão, como "assessor especial" da presidência do BB.
Esta é uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro que denotam claramente seu objetivo de deixar o mercado nacional totalmente dependente e subordinado ao centro do sistema, EUA e Europa, às custas do nosso futuro.
Vemos, em contraposição, uma "classe média" calada frente a casos inaceitáveis de nepotismo, de novos privilégios e com o aumento dos juros contra si própria. Eis o seu "admirável Brasil novo"!
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