Embora os fatores econômicos não expliquem tudo, são
fundamentais para entendermos a totalidade do fenômeno. O fascismo é parte
indissolúvel do capitalismo. Mesmo nos seus períodos “democráticos” ele existe
em estado de latência. Nos momentos de crise econômica – e isso acontece
periodicamente, numa média de 10 em 10 anos – o aumento da miséria, do
desemprego, da criminalidade e do desespero social conclamam por uma “saída”.
Mentes com baixa formação política e científica, maltratadas pela exploração do
trabalho e pela superstição religiosa, especialmente a de tipo evangélica,
tendem a acreditar em falsas “saídas”, que propõem apagar fogo com gasolina. O
fascismo necessita de mentes frágeis, dispostas a acreditar em qualquer mentira
sustentada, sobretudo, pelo medo, pelo sadismo e pelo ódio. Em um ambiente de crise
e falta de perspectiva, não é difícil manipular mentes. Ao contrário, torna-se
parte importante da dominação do sistema.
Dentro deste contexto e apoiado por técnicas modernas de
manipulação das redes sociais, o atual fascismo brasileiro alimenta o ódio, o
sadismo e o preconceito, que são sempre armas eficientes para controlar mentes.
Ou seja, baseiam-se no lado mal do ser-humano, na sua necessidade de
destruição, de vingança e utilizam isto sem escrúpulo algum. Além disso, o
fascismo cultua a tortura, a guerra e o ódio insaciável. Conclui sua obra de
dominação com a repressão sexual das grandes massas, presas à um moralismo
hipócrita que se transforma em sadomasoquismo. Tudo isso contribui para a
formação do discurso irracional apoiado e sustentado por milhões hoje em dia. A
própria essência do fascismo consiste num pacto indissolúvel com a morte e com
a crise social e econômica, da qual é uma cria. Sem uma profunda crise
econômica e social o fascismo não poderia controlar e manipular mentes tão
eficazmente.
Parte da classe média tem consciência disso tudo, pois
está numa condição social privilegiada, que desfruta de boa educação, renda,
moradia e perspectivas de vida; embora também sofra com a repressão sexual e o
moralismo. Alimentam a mentalidade fascista por medo de perder seus pequenos
privilégios e, também, porque sabem que a repressão militar não recairá contra
si, mas contra o povo pobre e os trabalhadores. A grande burguesia, por sua
vez, é beneficiária do fascismo, pois seu sistema econômico, o capitalismo, necessita,
em tempos de crise, da imposição de uma ordem que garanta seus privilégios e o
aumento dos seus lucros. Apesar disso, está dividida, pois sabe das contradições
fascistas. A arma deles também pode se voltar contra si em determinados
momentos.
Ao longo dos últimos anos, a grande mídia, a justiça
brasileira, as universidades e tantos outros atores sociais de destaque
toleraram o crescimento do discurso do ódio e a disseminação de fake news. Agora parte deles se
desespera porque perceberam o crescimento do monstro que pode devorá-los. As
universidades, em particular, incentivaram o discurso pós-moderno de “auto
verdade” que não necessita de fatos para se sustentar. A política do fascismo
atual se baseia nesse tipo de pensamento, que não necessita de fatos e confunde
propositalmente a propagação do ódio e do preconceito – teoricamente proibidos
por lei – com “liberdade de expressão”.
Como
combater o fascismo?
Tornou-se senso comum entre a esquerda o discurso de que
“com o fascismo não se discute, se combate”. É claro que com a cúpula do
fascismo e os seus grupos armados não há discussão alguma. Temos que
combatê-los na mesma moeda e nos preparar conscientemente pra isso em todos os
sindicatos e movimentos sociais. Porém, para a grande massa hipnotizada pelo
fascismo, é necessário uma política diferenciada, que leve em consideração a
manipulação dos seus sentimentos infantis. E isso, evidentemente, não pode ser resolvido
com socos, pontapés ou insultos. À política de massas do fascismo precisamos
contrapor uma política de massas do socialismo, do trabalho, do amor e da
sabedoria. Esta política ainda é muito vaga, mas temos alguns norteadores pra
começarmos a delineá-la.
Um dos pontos centrais do fascismo é que ele se sustenta
na mentalidade desenvolvida pelo capitalismo e, portanto, todo o reformista que
ajuda a preservá-la e a conter a revolta social, prepara a sua ascensão, se não
hoje, depois de amanhã. A energia revolucionária das massas é, assim,
canalizada para a “saída” fascista, do ódio, da repressão militar, da submissão
a um “messias”. Nesse sentido, nada há para acrescentar na necessidade de se
lutar contra o capitalismo e o reformismo, expresso nos sindicatos pela
burocracia sindical.
Porém, é necessário acrescentarmos novos métodos de percepção
e de luta. O fascismo, segundo Wilhelm Reich, constitui a “atitude emocional fundamental do homem em toda a sociedade
autoritária”. Como não conhecemos outra sociedade que não a autoritária
(pois mesmo a “democracia” burguesa é uma sociedade autoritária para os
trabalhadores e o povo pobre), não existe uma única pessoa cuja estrutura
esteja isenta da “sensibilidade” e do pensamento fascistas, incluindo a
“esquerda”.
Segundo Carl Gustav Jung, aquilo que chamamos de
“consciência civilizada” não tem cessado de afastar-se dos nossos instintos
básicos, mas nem por isso os instintos desapareceram, apenas perderam contato
com a consciência. O ser-humano acredita-se senhor de “sua alma”, mas enquanto
não for capaz de controlar os seus humores e emoções, ou de se tornar
consciente das inúmeras maneiras pelas quais os fatores inconscientes se
insinuam sobre seus projetos e decisões, certamente não será “seu próprio
dono”. Certos aspectos da sua vida exterior e interior são conservados em
“gavetas separadas” e nunca confrontados uns contra os outros.
Um dos exemplos dados por Jung é ilustrativo para o
momento atual: um alcoólatra que se deixou influenciar por um certo movimento
religioso e, fascinado pelo entusiasmo e as sensações que o culto lhe
despertou, esqueceu-se da sua necessidade de beber. Declararam-no
milagrosamente curado por Jesus e passaram a exibi-lo como graça divina da dita
organização religiosa. Mas depois de algumas semanas, começou a perder sua
força e pareceu-lhe válido um “certo revigoramento” pelo álcool, voltando a
beber. A “caridosa organização religiosa” chegou à conclusão de que se tratava
de um “caso patológico” e não se prestava mais a uma intervenção de Jesus. Logo
foi totalmente abafado e esquecido, embora as impressões iniciais causadas nos
fiéis tenham permanecido inquestionadas.
Este é um aspecto da mente moderna que merece nossa
atenção. Revela um alarmante grau de dissociação e confusão psicológica. Se,
por um instante, conclui Jung, considerarmos a humanidade como um só indivíduo,
verificaremos que a raça humana lembra uma pessoa arrebatada por forças
inconscientes. Também ela gosta de colocar certos problemas em “gavetas
separadas”.
Se
utilizar das emoções e sensações individuais, “impressionar” e gerar fortes
sensações em uma plateia de fiéis e, uma vez que passe o efeito, se esquecer
completamente do que deu origem a tudo isso, é um método de manipulação
utilizado não apenas pelas igrejas e o fascismo, mas pela publicidade
capitalista, que nos bombardeia 24h por dia e 365 dias por ano. Inclusive as
organizações da “esquerda” reformista estão infectadas por este método escuso.
Para
combater o fascismo, então, é necessário fazermos um esforço sério para
conhecermos as “nossas próprias sombras” e a sua nefasta atividade. Enquanto
estivermos tentando convencer a nós e ao mundo de que apenas eles estão errados, isso não estabelecerá diálogo ou solução
possível. Um singelo exemplo: numa recente aula pública sobre “como conversar
com eleitores de Bolsonaro” na Redenção, organizada por militantes petistas, os
velhos métodos que possibilitam a fala apenas para os dirigentes e deputados
(isto é, os “iluminados”) tirou o protagonismo dos presentes e a possibilidade
de um debate de ideias que surgissem de participantes independentes. Esta
educação das massas apenas para “receber e reproduzir” é um embrião de
fascismo. O mesmo poderia ser dito sobre a ditadura sindical que os petistas
impõem nos sindicatos. Ignorar as críticas chamando adversários de “loucos” não
ajuda a combater a mentalidade fascista, apenas a reforça.
***
Ouvir uma pessoa manipulada pelo pensamento fascista é
muito difícil, pois há uma sucessão de ataques irracionais, que além de não se
sustentarem, estão baseados em descargas emocionais mal resolvidas. Resistir a
isso é muito difícil. Mas o primeiro passo para superar um problema é tomar
consciência dele.
Uma pessoa sob a hipnose fascista é como um doente
neurótico ou uma pessoa sob ataque histérico. Xingá-la, espancá-la e devolver
na mesma moeda a sua agressividade não poderá solucionar o problema. É preciso
tentar entender, separar o joio do trigo e responder calma e racionalmente
(como nos é possível). Chamá-la à razão ou demonstrar que outras forças estão
operando é importante. A partir de determinadas lógicas desenvolvidas pelo
hipnotizado se pode tentar estabelecer um diálogo (isso tudo, obviamente, vale
apenas para a massa que é dominada pelo fascismo, não para a sua cúpula, que
age com plena consciência). No entanto, se a nossa prática não condiz com as
nossas palavras, certamente isso reforçará o discurso fascista e nós perderemos
terreno, talvez irremediavelmente. É por isso que, para combater o fascismo, é
necessário também uma autorreflexão sobre a nossa própria conduta.
A
ideologia do atual fascismo brasileiro
A ideologia do fascismo é sempre pela manutenção da ordem
capitalista. Nesse sentido, não se diferencia do nazi-fascismo da Segunda
Guerra Mundial. Porém, atualmente assume alguns discursos peculiares, com o que
tenta estabelecer uma conexão com o mundo real. Para combater o seu
irracionalismo e a sua ideologia é necessário não se deixar sugestionar pelo
refluxo geral e não desanimar. Selecionamos alguns tópicos importantes abaixo:
I) A questão
econômica: o socialismo sofre ainda hoje os mais virulentos ataques das
classes dominantes. Por um lado, estes ataques se baseiam na experiência da
União Soviética, que chamamos de regimes stalinistas. Foram regimes cruéis,
autoritários, que não reconhecemos como “socialistas”, mas como um desvio deste
caminho. O regime de Stalin enlameou o nome do socialismo perante os olhos dos
trabalhadores do mundo e ainda hoje pagamos o preço. Somos os primeiros
críticos dessa experiência, mas também não fechamos os olhos ao autoritarismo,
a opressão e a miséria dos trabalhadores sob o capitalismo, que apenas aumenta
e condena toda a sociedade à barbárie, garante “democracia” para os ricos e
ditadura sobre os pobres. Por outro lado, estes ataques ao socialismo também estão
embasados na fantasia, na ignorância e num anti-comunismo neurótico e doentio,
que apenas esconde o medo da elite de perder os seus privilégios garantidos
pelo capitalismo e o próprio medo do novo, da mudança, presente em muitas
pessoas comuns.
A violência urbana, os assaltos, assassinatos e outros
crimes são um subproduto de uma sociedade profundamente desigual política e
economicamente. A crise econômica, o desemprego e a miséria tendem a agravar a
violência urbana e os demais problemas sociais. A concentração da riqueza e da
cultura em um polo gera inevitavelmente desempregados, miseráveis e “marginais”
no outro. O programa econômico do fascismo não combate as desigualdades geradas
pelo capitalismo e, tampouco, resolve os problemas da crise econômica. Ao contrário:
a tendência é aprofundá-los. Sendo assim, não podem resolvê-los. O armamento da
população civil como suposto combate à criminalidade só terão um desfecho
trágico para os mais pobres e, inclusive, para setores da classe média.
II) A corrupção é um problema intrínseco ao
capitalismo. A pressão dos grandes empresários sobre o poder público é uma
realidade não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Os políticos e os seus
partidos são agentes destes grandes empresários e dos bancos. O candidato do
fascismo se vende como ético e um combatente da corrupção, mesmo tendo passado
por vários partidos reconhecidamente corruptos (como o PP), recebido caixa 2,
sonegado patrimônio milionário e mantido funcionários fantasmas. O PSL, atual partido
de Bolsonaro, está tão envolvido na Lava Jato quanto o PT. Somente o
irracionalismo fascista, que envolve outros sentimentos, é capaz de manipular e
apagar tudo isso.
A
direita tradicional e fascista vende a ideia de que todos os problemas da
sociedade estão concentrados no Estado e nos serviços públicos; e que o mercado
e o setor privado são a solução. Por isso, sustentam as privatizações, que
representam lucros bilionários para meia dúzia de acionistas, baseado numa
sucessão de escândalos de corrupção. Sendo assim, os problema de corrupção não
podem acabar sob um governo fascista. Apenas serão abafados pelo cassetete
policial. As privatizações não resolveram nenhum problema social do Brasil e só
aprofundaram as desigualdades, legalizando o saque de riquezas naturais do
país. Os agentes do mercado e o setor privado geralmente são os principais
corruptores do poder público, não sendo melhores, nem piores do que qualquer
político corrupto ou serviço público. Todas as raízes econômicas levam ao
principal problema que é a exploração de classe e a propriedade privada. Nisto
o fascismo jamais tocará! Ao contrário: é o principal agente militar!
III)
Outra “proposta” eleitoral do fascismo é aumentar
o imposto sobre os mais pobres, preservando os milionários; acabar com os direitos trabalhistas,
como o 13º salário, férias, licença maternidade e outros. Muitos trabalhadores
votarão nesse candidato, mesmo sabendo disso tudo. Apesar do choque inicial que
temos ao saber disso, é necessário falar e repetir isso aos quatro cantos, sem esmorecer,
tal como se chama várias vezes à razão um sonâmbulo.
IV) A questão da
Venezuela: a campanha eleitoral do fascismo tenta associar o regime da
Venezuela ao “comunismo” e à fome. A história recente da Venezuela é marcada
por esta guerra não declarada entre a elite e o movimento chavizta,
entrecortado por inúmeras tentativas de golpes de Estado. O assim batizado por
Chávez “socialismo do século 21” ou o seu “regime bolivariano” nada tem de
socialista. Não mexeu na propriedade privada dos meios de produção. Pretende
patrocinar o desenvolvimento social a partir do Estado capitalista,
fortalecendo as instituições democrático-burguesas. Nesse intento, choca-se
inevitavelmente com a elite nacional e estrangeira, ávida por colocar as mãos
na totalidade dos recursos do petróleo. O que há na Venezuela, então, é uma
disputa entre a elite e o governo chavizta pelos despojos da exploração
petroleira. Para a elite latino-americana, obsessivamente anti-comunista, isso
é “socialismo”, mesmo que a propriedade privada e o capital sigam intactos.
O Estado “investir” na sociedade a partir de recursos do
petróleo ou criar programas sociais, por exemplo, não torna um governo
socialista ou comunista, como a intelectualidade doentia da classe média e do
fascismo afirmam. Ao contrário, os programas sociais são orientados pelo FMI e
o Banco Mundial. Este irracionalismo ignora toda e qualquer premissa teórica do
debate econômico mais elementar.
V) Com a mesma intenção que tenta criar um fantasma
ligado à Venezuela, o fascismo inventa uma “ameaça
comunista” para manipular o medo irracional das massas e fortalecer o seu
próprio poder político. Foi assim com o nazi-fascismo na Europa, McCarthy nos
EUA, Getúlio Vargas e a ditadura militar no Brasil. Agora não é diferente.
Desgraçadamente não aprenderam nada com a história (e talvez nem queiram
aprender pelo medo da verdade). A “ameaça comunista” é associada ao PT, aos
seus governos (que, assim como a Venezuela, nada tem de comunista; o próprio PT
reconhece essa acusação como “fake news”). O antipetismo é utilizado então como
uma forma de destilar preconceito contra toda a esquerda, contra os pobres,
contra as manifestações populares, os negros, as mulheres, os LGBTTs. Tudo isso
é uma maneira de destilar preconceito contra ideologias e a organização política
dos trabalhadores, sem fazer uma real reflexão sobre as experiências dos
governos petistas; apenas preconceitos e mentiras para melhor manter os
privilégios sociais das classes médias e da burguesia.
VI) O fascismo atual não está ligado diretamente à Igreja
Católica, mas às centenas de igrejas
evangélicas atuais no Brasil, que funcionam como espécies de milícias
(ainda não armadas). A maior parte da massa evangélica, hipnotizada pela
manipulação emocional do fascismo, não vê contradição entre o discurso do ódio,
do armamento, da raiva descontrolada, que redundou em agressões e assassinatos
de eleitores de oposição ao fascismo com a mensagem de Cristo. Pra mentalidade irracional
tudo é tratado como coerente e conexo. Parte da explicação para este “fenômeno”
está no livro O assassinato de Cristo,
de Wilhelm Reich, onde ele aponta que os cristãos “se purificam rezando pelos
pecados do passado para continuarem cometendo assassinatos no presente”.
Portanto, o frenesi e a manipulação religiosa das massas evangélicas contém o
germe da mentalidade e da ação fascista.
VII) Talvez a principal característica do fascismo atual
é a manipulação através da divulgação de
“fake news” nas redes sociais, cujos assessores são técnicos utilizados até
mesmo pelo imperialismo. Elas são parte indissolúvel dessa dominação fascista,
pois ajuda a espalhar e consolidar o irracionalismo, uma vez que a hipnose da
massa necessita deste controle a partir do ódio, do sadomasoquismo e do medo. O
atestado de que o fascismo necessita deste método escuso foi a recusa de
Bolsonaro em assinar um acordo de combate às “fake news” com Haddad (PT).
VIII) Outra característica do fascismo é a imposição e a
exaltação da família patriarcal, que é a unidade básica geradora e disseminadora
da mentalidade fascista. Não apenas porque o modelo reforça a “ordem social
fascista”, de um guia, sendo o símbolo paterno; a nação, o materno; e os “filhos”,
a massa dominada pelo líder. A família patriarcal reprime a sexualidade e pune.
Quem clama pela repressão de uma ditadura militar e a tortura busca, ao mesmo
tempo, o “prazer” sadomasoquista e a punição por um desejo ou uma culpa
inconsciente. O conceito de família é quem acolhe com amor, dedicação e
compreensão, independente do formato ou de qualquer orientação sexual.
Inclusive deve-se respeitar o direito de quem não quer ter família.
IX) A campanha fascista tenta dissociar a imagem de
Bolsonaro do nazismo, como se a
única característica deste regime fosse a execução em massa de judeus. O seu
“principal argumento” é que Bolsonaro apoia o Estado de Israel, o que
comprovaria que ele, de fato, não é um nazista e não simpatiza com tal regime.
O Estado de Israel existe há mais de 60 anos e há decadas comete atrocidades
contra os palestinos, tomando seus territórios, construindo muros e campos de
concentração típicos do nazismo. Já acompanhamos inúmeros casos de genocídios,
torturas e assassinatos. Setores do próprio sionismo combatem o Estado de
Israel e o reconhecem como autoritário e tirânico.
Além disso, é importante frisar o que disse José
Saramago: “Os fascistas do futuro não vão
ter aquele estereótipo de Hitler ou Mussolini. Não vão ter aquele jeito de
militar durão. Vão ser homens falando tudo aquilo que a maioria quer ouvir. Sobre
bondade, família, bons costumes, religião e ética. Nessa hora vai surgir o novo
demônio, e tão poucos vão perceber a história se repetindo”.
X) A massa de trabalhadores que apoia o fascismo está
cega e é dominada por forças inconscientes. Será esmagada e humilhada, tal como
foram os trabalhadores italianos e alemães pelo nazi-fascismo, sendo cúmplices
de torturas, agressões e assassinatos. Trabalharão contra si próprios. Querendo
mas ao mesmo tempo temendo a liberdade, terminaram reféns de um líder demagogo
e populista, que “dialogou” com os seus sentimentos mais macabros e sujos. Por
certo a miséria teórica e prática da “esquerda” – que em parte alimentou
métodos similares – contribuiu muito para isso.
Porém,
os objetivos do regime fascista são claros: discursando contra a "ditadura
comunista", enfiarão goela abaixo do país o ajuste fiscal capitalista,
mantendo o Brasil como plataforma de exportação de matérias-primas, usando a
repressão do povo e daqueles que resistem como as últimas ferramentas que a classe
dominante e o imperialismo têm para manter seus privilégios e aumentarem seus
lucros a qualquer custo. A burguesia prepara um salto de acumulação do capital,
garantindo as verbas públicas e o Estado como patrocinadores exclusivos da sua
taxa de lucro, preparando o terreno com o porrete policial para o regime de
exploração típico do sudeste asiático, em particular do capitalismo chinês, que
paga 1 dólar por dia aos seus trabalhadores e tem lucro recorde para todas as
multinacionais que lá operam. Assim, finalmente, o sonho burguês de retornar à
exploração da revolução industrial do século XIX estará realizado.
***
Educados na perspectiva cristã do “assassinato de
Cristo”, de cometer os seus crimes (assassinar um homem) e depois ser
eternamente perdoado para voltar a cometer os mesmos crimes, num círculo
vicioso infindável e assustador, com a consolidação do governo fascista, a
massa que o sustenta se verá novamente com as mãos cheias de sangue e, então,
suplicará por perdão para “os seus pecados”. Nós, então, devemos dizer: sim,
vocês sabem o que fazem! Existem milhares de exemplos na história!
A luta contra o fascismo necessita
de firmeza e coragem para manter a coerência. A direita, o fascismo e mesmo as
burocracias sindicais fogem delas “como o diabo da cruz”. A coerência é a nossa
principal arma contra o irracionalismo fascista, que quer nos levar para a
lama, para a sua areia movediça de incoerências, ódios e medos. Não vacilemos!
Manter a lucidez e a coerência no meio de um surto de cegueira faz parte da
nossa responsabilidade histórica. Não hesitemos de gravar, não esquecer e punir
todos os responsáveis de acordo com o nível do seu envolvimento com a futura
ditadura militar.
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