segunda-feira, 28 de junho de 2021
A "queda" de Ricardo Salles e sua relação com o "fora Bolsonaro"
Introdução ao pensamento de Frantz Fanon
Segue uma excelente explanação introdutória ao pensamento de Frantz Fanon, por Deivison Nkosi.
sexta-feira, 25 de junho de 2021
A manipulação é livre!
O Jornal Nacional de 21 de junho noticia as grosserias de Bolsonaro contra uma repórter. A reportagem afirma que ele desrespeita a liberdade de imprensa e a "democracia".
terça-feira, 22 de junho de 2021
Atenção Porto Alegre: o monopólio das empresas de ônibus quer mais um aumento!
segunda-feira, 21 de junho de 2021
Disfarçando os prejuízos das privatizações
A privatização de toda a infraestrutura energética do país pelo bolsonarismo e os tucanos está a serviço da tentativa de conter a tendência à queda da taxa de lucros do grande capital (sobretudo do internacional). O Estado deve ser o pressuposto do lucro privado, passando custos de produção para o país (nesse caso, para o povo). Trata-se de uma manobra (já desmascarada no texto sobre a privatização da CEEE): o setor público e o povo pobre continuarão a ser os fiadores do capital privado numa transferência homérica de dinheiro que faria corar de vergonha as metrópoles europeias do século XVII.
Passando o bastão
Estas falas coadunam bastante com o texto que foi postado neste blog em 7 de maio.
sábado, 19 de junho de 2021
O bolsonarismo refletido em nosso espelho profundo
Tentamos
nos livrar deste ser abjeto e de sua corja militar e empresarial simplesmente gritando
“Fora Bolsonaro”.
Mas
isso não é tão simples quanto parece.
O
bolsonarismo está entranhado nas profundezas do inconsciente coletivo da nação.
Se
desfazer dele não é tarefa simples e exige um olhar doloroso em nosso espelho
profundo, para refletirmos sobre o que foi feito e o que deixamos de cumprir.
Não
basta mostrar a água benta do #ForaBolsonaro
Nem
dizer: “eu avisei”, “ele não é meu presidente” ou “devolvam nossa bandeira”.
Se
no desespero do imediatismo bárbaro,
cultivado como um jasmim pela estrutura oficial, por trabalhos de base
sindicais e sociais mal feitos, sem ética e sem preocupação formativa, esperamos
e pregamos a volta de um novo messias salvador da pátria – muitas vezes com
tanto ódio quanto o ser abjeto que supostamente combatemos e queremos tirar do
poder –, o que estamos alimentando?
Se
gritamos “devolvam nossa bandeira” – e queremos estendê-la nas manifestações de
rua pelo “Fora Bolsonaro” –, mas “nossos filhos” fogem da luta cotidiana, que
não tem e não pode ter, por sua natureza difícil, resultados instantâneos e
mágicos, o que estamos esperando?
O
bolsonarismo vive no lado sombrio da natureza humana, encravado em séculos de
escravidão, servilismo, idolatria e espírito de rebanho, presente até mesmo
naqueles que fingem ser os campeões da democracia e da igualdade, mas que
sorriem docilmente para a hipocrisia do
cotidiano e não reparam no seu
próprio ódio mal resolvido.
O
bolsonarismo se nutre dos seus apoiadores diretos, mas também dos seus
“inimigos”, que lhe alimentam de forma indireta.
Toda
a atual política nacional – seja do governo, seja da grande mídia – é
construída em cima de gatilhos emocionais mal resolvidos, mas muito bem
manipulados.
O
ativismo da esquerda reformista não quer se ver no espelho bolsonarista, pois
julga-se superior. Sua semelhança está, sobretudo, nesta recusa.
Na
sua renúncia em mudar a orientação do trabalho de base de um sindicalismo
burocrático e, ao mesmo tempo, autoritário, que segrega o que pensa diferente e
dissemina ódio à sua maneira. Bajula os seus próprios “mitos” e infla os egos
para melhor controlá-los.
A
recusa deste ativismo da esquerda também está na conciliação de classe que
defende as instituições do regime da classe dominante mais do que é capaz até
mesmo a própria classe dominante.
Na
frente ampla que, de tão ampla, teve Bolsonaro, Temer, a bancada evangélica e
ruralista como base de “sustentação” por mais de 10 anos.
Na
recusa em ver armadilhas e perigos na proposta de “nova” frente ampla.
Na
recusa em tirar lições profundas do golpe de 2016 e na insistência em juntar-se
aos golpistas denunciados tão raivosamente antes, mas tidos como aliados
estáveis hoje.
No
discurso de “é o único caminho”; de “votar no PT para se evitar a volta da
direita”, enquanto se concilia no cotidiano com essa mesma direita e as suas
instituições; e vendendo estes crimes conciliadores como a única política
viável.
Assim,
a mediocridade do “possível” transforma-se em objetivo eterno e imutável.
Quando
um sindicato dirigido pelos supostos “anti-bolsonaristas” abafam divergências
honestas e usam o peso do aparato para patrolar minorias, muitas vezes se
utilizando do mesmo ódio desprezível e distorcendo argumentos escandalosamente,
isso nos diferencia ou nos iguala ao bolsonarismo?
Gritar
hoje “Fora Bolsonaro” é fácil e aparentemente mágico – uma verdadeira catarse
controlada pelo próprio sistema!
O
difícil é tirar o bolsonarismo de dentro de nós (e do poder): o ódio, a
dicotomização, o pensamento imediatista e bárbaro; a procura do mal sempre fora
de nós e nunca convivendo conosco, no nosso dia-a-dia, nas nossas crenças, no
nosso silenciamento de opositores, no nosso medo em enfrentar a hipocrisia do
cotidiano – que está em nós e nas pessoas próximas de nós.
Quem
pensa que está livre desta chaga, que faça um exame crítico de consciência e
foque melhor os olhinhos no seu espelho interior.
Que
tenha a ousadia de rever valores há muito tempo não revistos!
Quando
estamos frente a uma verdade inapelável que foi exposta pela realidade, mas
mesmo assim continuamos preferindo mentir para nós mesmos, procurando a
resultante, o caminho mais fácil, a acomodação de alguns poucos e de nós mesmos,
o bolsonarismo sorri e ganha força.
Não
adianta quebrar o espelho, indignado! Nem dizer que isso é diletância poética!
Os
cacos do espelho se multiplicam, refletindo e ampliando a imagem daquilo que
queremos esconder.
Demonstram
que combater o bolsonarismo repetindo os seus métodos só pode transformá-lo em
uma Hidra ainda mais poderosa. Que a raça humana tema o seu lado sombrio: neste
momento ele tem o poder nas suas mãos e pode usá-lo como desejar!
Quando
nos esforçarmos por entender nossas sombras e combatermos o bolsonarismo com
essa compreensão, então será o início do fim de qualquer aventura neofascista e do sistema que lhe deu
origem e sustentação.
Sem
auto análise e poesia também não há prática
revolucionária!
É
esta sinceridade autêntica que pode criar a forma correta de atacar a peste neofascista! Em caso contrário, a gente
“tira ele” agora, mas tudo isso será apenas um intervalo para um reacúmulo de
forças, voltando mais tarde tão mais nefasto e ameaçador, quanto sutil.
A verdade só liberta e é revolucionária quando temos coragem de nos olhar de frente no mesmo espelho que o nosso inimigo se nega a olhar.
Fora a hipocrisia do cotidiano! Fora a falta de coerência entre o discurso e a prática! Fora os embusteiros que querem nos fazer crer em resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual! Fora os bajuladores e demagogos que mimam o povo ao invés de fazê-lo ter coragem de se olhar no seu próprio espelho profundo!
quarta-feira, 16 de junho de 2021
A impostura do padre youtuber
No início do mês de junho ocorreu um debate interessante nas redes sociais acerca do vídeo do padre youtuber, Paulo Ricardo, em que ele supostamente "destrói argumentos de professores que pregam contra a Santa Igreja Católica". O debate se deu entre o militante católico Alfredo Romualdo, que enviou o referido vídeo por whatsapp ao militante socialista Eduardo Cambará.
Tanto o vídeo do padre Paulo Ricardo, quanto a resposta de Eduardo seguem reproduzidos abaixo para que os leitores do blog possam conhecer a polêmica de ambos os lados e tirar suas próprias conclusões.
Alfredo, te mando, conforme tu pediste, um retorno acerca do vídeo do padre youtuber, Paulo Ricardo, em que ele, supostamente, "destrói argumentos de professores que pregam contra a Santa Igreja Católica".
quinta-feira, 10 de junho de 2021
O fardo de minhas lutas
pesam na ladeira da montanha de Sísifo
É desesperador perceber o perigo evidente logo ali na esquina,
pregar no deserto para quem faz ouvidos moucos
e não quer fazer um trabalho de longo prazo,
mas busca a "certeza" de um caminho-mercadoria,
com satisfação imediata e garantida
Vendida, em sua maioria,
pelos embusteiros egocêntricos
de uma loja de esquerda qualquer.
O fardo de minhas lutas
se depara com professores autoritários e ignorantes,
que vomitam tradições em causa própria
e não querem ensinar e se preocupar com educação pública
E, também, com muitos alunos que não querem aprender, acomodados,
já corrompidos em tenra idade
Indo como mariposas em direção à luz elétrica
da propaganda sem integridade e ética
de uma indústria cultural feita sob medida para corromper
Enquanto uma mídia venal de massas
sem escrúpulos algum,
aproveita-se do impasse para vomitar privatizações
e se apoderar dos poucos recursos da educação pública
O fardo das minhas lutas
está presente também nas alianças em que só eu usei
mesmo defendendo o fim da hipocrisia matrimonial
e da moral católica
Enquanto muito "feminismo" foi pregado da boca para fora
tal como um padre em sermão
mas que, no frigir dos ovos,
transformou o adultério, mesmo com aliança no dedo,
numa justificativa e numa salvação
O fardo de minhas lutas
está nas chapas sem votos
mas cheias de "admiração"
das vozes que falam:
boas ideias!
boa sorte!
mas que deixam na mão
Lutando sozinha contra tudo de podre
que existe na teoria e na prática
Ao mesmo tempo em que
vomitam moral e o "caminho correto", basista, de "unidade"
Ninguém destes sente o peso do fardo de minhas lutas
nenhum deles se preocupa com ética
com coerência
com o trabalho enlouquecedor de formiguinha
que deveria ser cotidiano
mas é sempre relegado com desculpas esfarrapadas
que falam em éticas abstratas
cagadas nos discursos oficiais
sem jamais ser encontrada nas ações oficiais
sobretudo depois que passam as eleições
O fardo das minhas lutas
percebe nitidamente o discurso cada vez mais distanciado da prática
Que recebe sempre um inesgotável voto em branco
ininterrupto e assustador
enquanto desdenham do fardo das minhas lutas
O fardo das minhas lutas
fala o óbvio, de diferentes formas e sentidos,
mas não é compreendido.
Quanto mais a hipocrisia da realidade deforma,
pelo egoísmo e pela rotina,
mais apoio fácil é angariado por aqueles que reclamam
como "método" de luta cotidiano
e querem ser tratados como filhos mimados e acolhidos
Mal sabem eles que é tudo um simples reforço da hipocrisia
que redobra o peso
do fardo de minhas lutas
O fardo de minhas lutas
também me faz chorar e reclamar
só que em forma de poesia
O que me resta por agora
é enrolar o papel como um pergaminho
colocá-lo numa garrafa vazia
e lançá-lo ao mar do futuro
na esperança de que outros indivíduos
também cansados do fardo de suas lutas
o encontrem e, assim como eu,
tentem praticá-las
Para que não sejam mais lamentos
e sim um programa de ação cotidiano.
quarta-feira, 2 de junho de 2021
A noite das tormentas — os pedaços de um naufrágio no mar do inconsciente
homem a bordo de sua própria solidão, do artista Susano Correia |
adentra a zona das tormentas noturnas
deste imenso mar do inconsciente