sábado, 5 de dezembro de 2020

O Psol frente ao setor privado: não demonizar se calando ou se calar para não ser demonizado?

A campanha de Boulos (Psol e cia.) para a prefeitura de São Paulo nos brindou com a seguinte declaração: "não esperem de mim a demonização do setor privado". Logo a seguir, o presidente nacional do Psol afirmou que o partido não renega suas origens radicais, mas que "amadureceu" por aceitar "alguma participação do setor privado na administração pública". Em política "revolucionária", a falta de clareza sempre beneficia o oportunismo.

O discurso de Boulos pode ser justo a depender do ponto de vista. Se entendemos o funcionamento da "iniciativa privada" como apenas um método econômico disponível e importante a ser utilizado como ferramenta econômica — desde que subordinado aos interesses da classe trabalhadora, e não o inverso —, se trata de uma política não só apoiável, como uma mudança necessária para o programa socialista visando um ponto de partida de transição. Nesse caso, merece realmente ser incorporada porque a economia precisa ser um todo integrado e equilibrado — precisamente daí deve resultar o desenvolvimento da sociedade socialista e comunista.

Contudo, "não demonizar o setor privado" jamais pode esconder uma capitulação ao funcionamento dos monopólios e oligopólios de mercado, que mandam e desmandam no mercado mundial e em muitos países. A falta de clareza do Psol em relação a isso é perigosíssima e preocupante. A equação "amadurecimento político" + falta de clareza em relação ao setor privado na administração pública + as profundas ilusões que Boulos e Manuela geraram nas eleições de 2022, 2024 ad infinitum, não pode resultar em boa coisa. Devíamos conhecer e ter na ponta da língua esta velha história do "amadurecimento" e da "moderação". Basta dizer que o PT começou assim...

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