Conforme
o esperado, JB reforçou todas suas velhas acusações
inquisitórias, acrescentando novas. A isso, cabem apenas algumas
considerações finais.
1) “Qualquer
crítica ou caracterização que a ele tenha feito ficaram ali sepultadas, jamais
as repeti fora dos seus quadros, como manda os princípios de uma organização”.
Isto é uma cínica tergiversação. Esta “caracterização” pautou sua atuação em
relação a mim por quase uma década e continua pautando. Assim, a atual polêmica
tem tudo a ver com isso. Me afastei
da LM para preservá-la, mas não adiantou. Você a destruiu, não eu. Isso é igual
ou pior do que uma infiltração. Talvez por isso “não queira escarafunchar o passado”, pois elas podem explicar parte
da sua atuação na reunião da Antifa e
nas suas respostas do texto anterior.
2) “Com
atraso de um ano e apenas no privado” eu teria respondido suas críticas. Eu
não o fiz apenas no privado. Chegou a quem tinha de chegar e, sobretudo, a quem
está interessado; ao contrário da sua desculpa de se esconder atrás dos “princípios de uma organização” para não
assumir publicamente a responsabilidade pelos seus erros.
Você acha que é uma espécie de Papa? Ou algum
tipo de chefe inconteste da internacional comunista, a quem todo mundo deve satisfações?
Respondi, como disse no texto anterior, não porque ache que lhe devo alguma
satisfação, mas porque algumas questões
levantadas por você são pertinentes a toda a esquerda no que diz respeito ao
debate entre marxismo e psicologia de massas. No texto anterior elas já foram
devidamente esclarecidas.
3) “Naquela
plenária você falou uma hora exclusivamente de psicologia”: sim, o tema era
“psicologia de massas do fascismo”, você queria que eu falasse de quê? Além do
mais, pontuei outras causas do fascismo e, inclusive, as limitações do pensamento
de Reich, como sempre fiz. Mas você, então, certamente dirá que foi por causa
da sua magnífica presença ou das suas críticas que procedi dessa forma; então,
voltaremos ao início, e todo o velho ramerrão inquisitório recomeçará.
4) “Você
se tornou um militante do psicologismo” e “um discípulo acrítico da teoria psicologista de Reich sobre o
fascismo, responsabilizando exclusivamente as massas por ele”. A isso posso
responder, sem prejuízo ao debate, que JB se tornou um discípulo do método “LBI
de debate”, a qual, como podemos ver, é muito profícuo para aglomerar
militantes e construir organizações.
Sempre tratei a psicologia como subordinada à
sociologia (pode consultar qualquer camarada atuante da CPB para tirar dúvidas). Isto não é apenas uma declaração escrita e teórica: é a
minha prática militante cotidiana. Nos textos que escrevi, nas minhas
declarações públicas e atuações sindicais onde disse ou demonstrei que as
massas não são capazes de liberdade? Se realmente pensasse isso estaria em
casa, desiludido ou, de fato, professando filosofias niilistas ou congêneres.
Sempre critiquei esta visão reichiana.
Sempre estive empenhado em procurar as melhores formas de incorporar a psicologia
de massas e as conquistas da psicanálise ao marxismo, como ferramentas da luta
de classe e, sobretudo, para a emancipação dos trabalhadores. Nunca propus ou
executei o que você me acusa sobre “não
denunciar suas causas de fundo” (a questão econômica). Você pateticamente
tergiversa na questão da minha prática militante porque não pode responder
sobre isso, fazendo tal qual a LBI, distribuindo rótulos e caracterizações para
reafirmar as “suas verdades”.
Se por “militante
do psicologismo” e “discípulo
acrítico de Reich” você entende toda pessoa que quer “conhecer, estudar e desenvolver uma teoria”, para somá-la ao
marxismo, enriquecê-lo, tal como Marx e Engels o fizeram criticando Feuerbach,
Hegel e outros; então, sou tudo isso que você me rotula.
5) “A
dialética não é apenas a influência recíproca de certas causas. Existe uma
hierarquia entre essas causas”. A dialética também demonstra que as
hierarquias não são fixas e imutáveis (caso contrário não seriam dialéticas).
Você mesmo reconhece no parágrafo seguinte: “Parte
das massas brasileiras delegaram sorte ao chefe Bolsonaro, que lhes vendeu
ilusão de salvador da pátria...”. Assim, a psicologia de massas ganhou
momentaneamente relevância sobre a economia, sem deixar de vermos a psicologia
como subordinada à sociologia e à economia. E nem era a minha preocupação maior,
mas sim à necessidade de pensarmos uma forma de intervir sobre essa psicologia
de massas no sentido que interessa à emancipação dos trabalhadores.
6) Segundo JB, EC como “discípulo de Reich, culpa prioritariamente as massas pela sua
submissão”, tal como culpa “pobres
pela pobreza, as mulheres pelo estupro”, etc. Este argumento patético não
pode ser levado a sério. Demonstra o nível baixo a que JB chegou.
De um trecho que escrevi, como este: “Mesmo que a responsabilidade maior seja dos
governos, dos partidos reformistas, da burocracia sindical e da repressão
policial – e isso está completamente fora de dúvida –, as massas possuem sim, secundariamente, responsabilidade por determinadas ações e escolhas”; JB conclui
todos aqueles disparates, além de dizer se tratar de uma “afronta ao marxismo”.
Se por “afronta ao marxismo” entendemos qualquer tentativa honesta de responder as suas lacunas, então só teremos, daqui por
diante, novas afrontas.
7) “Fora
disso não há salvação psicologista milagrosa”. Poderíamos traduzir este
trecho como a demonstração de que fora do caminho milagroso de JB não há
salvação. Não acho que a psicologia de massas seria uma salvação psicologista
milagrosa, mas apenas um caminho a ser explorado e que pode ajudar em muito na
luta pelo socialismo. É justamente a psicologia de massas que pode nos
esclarecer porque as massas e a esquerda tendem à saídas messiânicas e
milagrosas. A minha defesa da psicologia de massas reichiana é voltada exclusivamente para desenvolver as suas boas contribuições, por entender que
elas podem, de alguma forma, como já foi dito, “ajudar na luta contra a
burocratização inevitável de qualquer processo na sociedade de classes”.
***
Isto é suficiente para esclarecer suas “interpretações”
e distorções, que terminam sempre por me atribuir “oportunismo” e outros
rótulos edificantes. De resto, voltaremos sempre ao início. Enquanto não
reconhecer aos envolvidos o seu erro crasso em relação a mim na LM, nem o seu
próprio papel determinante na sua destruição, não temos mais nada a conversar.
EC, em 19 de junho de
2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário