As recentes escutas dos chefes da operação Lava Jato divulgadas pelo site The Intercept, trazem a público o que já era bastante evidente: o juiz Sérgio Moro esteve o tempo todo tramando contra o alto escalão do governo anterior, não respondendo a nenhum anseio popular de combate à corrupção. As sentenças eram seletivas e visavam claros fins políticos de assalto ao poder.
Tudo isso acabou ficando parcialmente obscurecido porque a operação Lava Jato teve uma patrocinadora privilegiada: a Rede Globo, que divulgou aos quatro cantos que se tratava "do maior esquema de corrupção da nossa história". Este slogan, repetidos à exaustão em vários meios de comunicação, serviu para preparar a opinião pública para a derrubada dos governos do PT e pavimentar a ascensão de um governo que tivesse as condições ideais para aplicar um plano de retirada de direitos dos trabalhadores sem precedentes.
Sabemos de todos os problemas de corrupção e de alianças dos governos petistas, mas sabemos também que não foram eles que inventaram a corrupção no Brasil. Além disso, este falso slogan serve perfeitamente para esconder os maiores esquemas de corrupção legalizados: a especulação financeira e o sistema da dívida pública, que destinam trilhões para os banqueiros e grandes empresários, comprometendo os serviços públicos, a metade do orçamento federal e as condições de vida básica de toda a população do país. Além disso, a operação Lava-Jato serviu para desmantelar setores estratégicos da economia brasileira, que passaram a ser controlados direta ou indiretamente pelo imperialismo estadunidense (construção civil, refinarias de petróleo, estaleiros, frigoríficos, indústria aeronáutica, etc.) O que restou de um projeto "nacional desenvolvimentista" novamente foi arrasado pela raiz, com atuação central da operação Lava Jato e da grande mídia burguesa.
As centrais sindicais, os partidos de "esquerda" (sobretudo o PT, o principal acusado na Lava Jato) e os movimentos sociais deveriam desencadear uma campanha de denúncias de toda esta estrutura, bem como sobre o papel da Lava-Jato no suposto combate à corrupção. Mas fazem exatamente o oposto: elogiam esta operação e a justiça burguesa, que remonta aos privilégios do período imperial. Temem à morte desagradar a institucionalidade burguesa e romper com a opinião pública reacionária. Por isso se tornam cúmplices deste teatro nefasto.
A operação Lava Jato não combate nenhuma corrupção. Ao contrário: serviu perfeitamente para esconder as corrupções legalizadas e defender a destruição do que restava da economia nacional, entregando tudo de bandeja para o mercado financeiro, a especulação monetária e o imperialismo. O "arauto do combate a corrupção", Sérgio Moro, está nu para quem tiver coragem e honestidade para ver. A despeito daqueles bolsonaristas que tampam os olhos para não olhar o que lhe é inconveniente, o fato é que a operação Lava-Jato pavimentou o caminho para o neofascismo no Brasil, que tem a finalidade de manter o capitalismo periférico e em crise no nosso país. Foi pra isso que ela foi montada e mantida até hoje.
Escrito para a página Ação Anti-Fascista Porto Alegre e Região
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