segunda-feira, 17 de junho de 2019

Outubros

À beira do dilúvio Ipiranga,
quase lá dentro,
algumas pessoas moram.

Ali não incomodam
os moradores, os comerciantes
e os olhos de muita gente.

Não enfeiam os seus prédios
suas calçadas, suas marquises.

Registro este poema-diário,
é outubro de 2017.

Do ônibus, mostro ao meu filho,
me pergunta por que elas
não têm casas?
Dou-lhe as explicações
que cabem nos seus sete anos.

Escuto em um desses noticiários,
que São Paulo tem 25 mil
pessoas na rua.

Uma revolução faz 100 anos
neste mês.

Um dia as pessoas
não estarão mais ali .

O tempo, a morte,
a providência, as águas do dilúvio,
uma outra revolução.

Um dia as pessoas
não estarão mais ali.

Jorge Fróes
em 29/10/2017

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