O que o capitalismo nos reserva para o futuro é a "uberização" completa de todos os campos de trabalho. Mas o que é a "uberização"? Em síntese: é a destruição dos direitos trabalhistas somadas às ideologias meritocráticas do capitalismo (self-mademan, "só não trabalha quem não quer", "é vagabundo porque quer", etc.). Não há vínculo empregatício algum e o trabalhador está completamente desamparado, sem licença saúde, férias, 13º salário e aposentadoria. Este é o "admirável mundo novo" que o capitalismo oferece para a humanidade.
Muitos usam esta verdadeira terra arrasada para dizer que agora somos todos "seres humanos sem patrões". Alguns ingênuos iludidos enxergam o que os mal intencionados vendem como as "maravilhas da tecnologia". De fato a tecnologia facilita muitas coisas, mas não deve jamais excluir direitos elementares e dominar as relações humanas e de trabalho, como vem acontecendo. Ao contrário do que afirma a ideologia "uberista", os patrões continuam existindo, mas são cada vez mais impessoais: os aplicativos de celular (que cortam salários se se "erra a rota" ou se "demora demais"); e os bancos, que escravizam pelas dívidas a partir dos juros dos cartões de crédito. É quase a adaptação do modo de produção asiático do Egito e da Mesopotâmia, e da sua servidão coletiva, a um aplicativo de celular. Ao invés do faraó, trabalha-se para o benevolente deus "uber".
Esta realidade significa a luta mais atroz a que um ser-humano pode ser jogado pela própria sobrevivência: uma auto escravização high tech. É precisamente isso que a reforma trabalhista do "antigo" governo Temer armou e o "inovador" governo Bolsonaro (PSL e comparsas) prepara com a sua "carteira de trabalho verde amarela".
Como o capitalismo não pode oferecer outras medidas para a classe trabalhadora que não seja a exploração mais brutal e miserável, precisa atacar o "socialismo" e o "comunismo", pois representam uma forma de organização social e econômica alternativa ao que temos aí. Ao contrário do que dizem os ideólogos da burguesia, o que existiu na Rússia foi stalinismo, e não socialismo. Este é um livro em aberto que ainda precisa ser escrito pelos trabalhadores. Por isso ataques tão virulentos a um "comunismo" fictício, que serve pra esconder que os verdadeiros privilegiados querem nos tirar tudo!
Evidentemente que o capitalismo não "uberizará" todos os setores sociais e do mercado de trabalho. Deve manter, como sempre, uma classe média e mesmo alguns estratos do proletariado com algum tipo de direito, visando dividir a resistência e jogar uns contra os outros. Esta política econômica tem sustentado o capitalismo por séculos.
A luta sindical, social e política deverá mudar os métodos também ou não servirá mais para nada. O sindicalismo institucionalizado não representa nenhum tipo de resistência, mas uma autêntica conivência com estas transformações pra pior. Uma vez que a impessoalidade dos aplicativos e a divisão geográfica dificultará enormemente a luta sindical, as organizações de esquerda com real consciência de classe devem estar atentas a todas as manifestações destes setores, que podemos chamar seguramente, como já fazem alguns sociólogos, de precariado.
Em suma: não há perspectivas de futuro fora do socialismo...
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