O voto na Luciana Genro e no PSOL não cria nenhum atalho, mas só prolonga o caminho da agonia. Entendo aqueles que irão votar nela em razão do repúdio aos partidos da direita senil, que querem gerenciar a escravização do povo se vendendo com um discurso cínico e um sorrisinho amigo; e, da mesma forma, o repúdio ao PT e seus asseclas (PCdoB, PSB, etc.), que traíram os trabalhadores e hoje cumprem o mesmo papel que os partidos da direita, tentando, através dos seus militantes, enganar o povo afirmando o oposto.
Porém, o PSOL não tem nada de novo. É uma reedição do PT porque segue sua estratégia eleitoreira. Ganhou repercussão na vanguarda a doação de dinheiro da burguesia para as suas campanhas eleitorais. Grandes empresas como Gerdau, Zaffari, Taurus e Marcopolo, deram o seu apoio financeiro à candidatura de Luciana Genro à prefeitura de Porto Alegre em 2012 (e agora, novamente, à presidência da República). Este financiamento por parte da burguesia demonstra o seu apoio político e material ao PSOL. O seu arco de alianças não segue nenhum critério de princípio marxista, mas, ao contrário, denota única e exclusivamente a sua preocupação eleitoreira. O PSOL já se coligou com PTB, PPS, PSB, PV, PCdoB, além de PSTU e PCB. Aprovou a possibilidade de coligações com PTdoB, PMN, PTN, PSL e PSDC. Ganhou o apoio político de PT, Democratas e PSDB. No Amapá, o primeiro prefeito de capital eleito pelo PSOL, Clécio Luis, buscou o apoio de José Sarney (PMDB). Edmilson Rodrigues (candidato a prefeito pelo PSOL em Belém) recebeu o apoio de Lula e Dilma (PT).
Através de seu discurso pequeno-burguês de moralizar as instituições da democracia burguesa (como se isso fosse realmente possível), o PSOL ajuda a burguesia a embelezá-la. Os seus parlamentares supostamente “éticos”, tais como Jean Wyllys (PSOL-RJ), Fernanda Melchiona e Pedro Ruas (ambos do PSOL-RS), não casualmente ganham enorme destaque da mídia burguesa nacional e local, ao contrário das demais organizações de esquerda e dos movimentos sociais, além de serem constantemente premiados pelo parlamento burguês.
Como "único" representante da "esquerda" nos debates eleitorais sequer é capaz de criticar a censura ditatorial aos outros partidos de "esquerda" (estes partidos reformistas também não denunciam a "omissão" do PSOL) e, muito menos, o próprio regime democrático-burguês. A sua crítica a Globo durante o debate é o mínimo que poderia ser dito, uma vez que tudo o que ela falou já é de domínio público dos movimentos sociais. No campo sindical o PSOL pratica uma política profundamente conciliadora e economicista. Mesmo tendo formalmente rompido com a CUT, na prática, funciona como seu apêndice político, patrocinando alianças sindicais bizarras em importantes sindicatos do país. No seu documento de programa fala “contra as burocracias sindicais”, mas no concreto vive em torno do aparato sindical, tornando-se parte ativa desta mesma burocracia sindical que supostamente combate. É o resultado inevitável de toda a política reformista, como nos demonstra o PT. O seu programa reformista é apenas “caça votos”: uma vez no poder, jogaria o seu reformismo na lata do lixo em nome dos interesses dos seus patrocinadores burgueses. Luciana Genro falou no debate e nos seus comícios que o PSOL seguirá na luta após o dia 5 de outubro. Sim, isto soa com muita nobreza aos nossos ouvidos! Mas para quê? Para continuar defendendo no seio do movimento sindical e estudantil um programa economicista e espontaneísta, compactuando com as burocracias sindicais e trabalhando no sentido de levar as lutas dos trabalhadores para a via morta das eleições burguesas.
O PT disseminou inúmeras ilusões durante a sua "ascensão", na década de 1990. Quando crescia eleitoralmente, a burguesia criava mil entraves e mecanismos para evitar que chegasse ao poder, tencionando sempre para maiores e mais profundas concessões programáticas. Quando a situação tornou-se insustentável em razão do desgaste político do PSDB e do acirramento das crises econômicas e sociais, a burguesia, sabendo que o PT estava "no bolso", condescendeu com a sua subida ao poder. O resultado, como já era de se esperar para todos aqueles que conhecem a História do movimento operário, foi catastrófico. Até hoje estamos pagando o preço; e pagaremos por muitas décadas ainda. Eis que o PSOL agora passa pelo mesmo processo: dissemina ilusões, com a condescendência da burguesia e da sua mídia, para cumprir o mesmo papel que o PT. Todo o crescimento eleitoral do PSOL, fruto do desgaste do processo eleitoral burguês e das ilusões que dissemina, será justificado teoricamente pelos seus dirigentes como o "acerto de sua política" e da sua "tática eleitoral". Mas tudo isso é uma grande distorção teórica para enganar os incautos. O PSOL está cumprindo o velho papel reformista de válvula de escape oportunista, tal como cumpriram os mencheviques, a social democracia alemã e o próprio PT.
O nível de coerência da política brasileira é praticamente nulo. É por isso que o discurso do PSOL parece ser melhor. Porém, não é apenas Marina Silva que muda de discurso conforme as pressões. O PSOL sofre do mesmo mal: normaliza a busca de apoio do PMDB (Sarney), não rechaça o apoio eleitoral do PSDB e do PT, o financiamento da burguesia, etc. Não pronuncia uma única palavra sobre socialismo, sobre revolução, sobre o fim da propriedade privada. É por isso que a burguesia aposta neste partido como válvula de escape do descontentamento popular. Não nos enganemos: a única alternativa é um movimento independente dos trabalhadores que lute pela revolução socialista. Isso pode causar medo, mas é a única saída. O PSOL está na contra mão desse projeto.
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