quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Verás que os filhos teus votam naqueles que te subordinarão aos estrangeiros e, logo depois, fugirão à luta! - Notas sobre a difícil conjuntura eleitoral do Brasil

Os seres humanos possuem potencial para ser um manancial de erros (o que me faz afirmar que "perseverare in errore humanum est"). Que energia é essa capaz de tornar a humanidade sempre disposta a repetir os mesmos erros, a acreditar em supostos heróis, salvadores da pátria, messias, em suma, em tudo aquilo que dê um "colorido místico" especial para a sua vida e lhe deixe na confortável situação de "bebê egocêntrico" e "cosmocêntrico"?
Nesta eleição não há debate sério. E isso não se dá apenas pela manipulação midiática, das pesquisas eleitorais, pelo poder do dinheiro. Não! Existem pessoas que não querem ver o que está diante dos olhos (e em muitos casos transcende as eleições). Nenhum argumento e nenhum fato é capaz de fazê-las ver. É a concretização do Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.
Somente forças sádicas e masoquistas, somadas a uma ignorância voluntária, podem explicar determinadas posturas.
***
Não há debate eleitoral neste jornalismo comercial (e na maioria dos horários eleitorais). Só falam de pesquisa, de colocação em porcentagem; só manipulação.
Onde estão as análises, onde estão as ideias, onde estão as ideologias, onde estão os programas?
E o pessoal acha tudo isso normal e "democrático".
O dia que as pesquisas forem proibidas, acabou as eleições, acabou essa democracia de fachada...
***
Na campanha dos partidos de direita (PSDB, MDB, PSL, "Novo", PV, etc.) se escuta o tempo todo a defesa de um "Estado mínimo". O que eles querem dar a entender com isso?
Que o Estado "não funciona" quando se trata de economia, que ele não pode investir na sociedade e que é "corrupto" por natureza, possuindo vícios de origem. Em contrapartida, mesmo que alguns não digam, defendem o mercado como eficiente, perfeito, quase um santo.
O que significa realmente um "Estado mínimo"? Menos investimento nas áreas sociais, corte de verbas, entrega de todos os recursos públicos para a iniciativa privada: sistema financeiro (dívida pública), agronegócio, grandes empresas multinacionais e nacionais.
Em todos os casos o "Estado mínimo" significa o subdesenvolvimento social, maiores e piores privações aos trabalhadores em nome da manutenção e do aumento da riqueza dos 1%.
"Estado mínimo" para o povo e máximo para o lucro deles.
***
Um dos principais problemas do país é a dívida pública. É uma fraude legalizada, que consome infinitamente mais recursos do que qualquer corrupção. É uma corrupção monstruosa e legalizada, que não é debatida por nenhum partido de direita, que fala só em "Estado mínimo" ou na sua boa colocação nas pesquisas eleitorais.
Nós não sabemos o quanto é gasto nos juros nominais dos rentistas do tesouro público, usado para pagar a dívida. Não temos o direito de saber o custo efetivo desta dívida, que está totalmente baseado em práticas ilegais, como o anatocismo (prática ilegal de cobrar juros sobre juros), sobre o qual incidirão novos juros sucessivamente, aos quais, levarão à emissão de novos títulos da dívida, num círculo vicioso que traduz o que é a escravidão moderna.
As "atualizações monetárias" são feitas por critérios ilegais, que levam apenas à valorização dos títulos da dívida controlado pelos banqueiros em detrimento do investimento no país. Os supostos "recursos" provenientes deste "crédito" externo e interno não servem para financiar projetos de desenvolvimento econômico e social. Ao contrário, é a forma mais criminosa de extorsão e controle político. Se ela não for resolvida não é possível falar em soberania política e crescimento econômico.
Como nenhum candidato da direita fala sobre dívida pública (incluso o PT), tudo não passa de uma grande farsa. Todos eles não apenas compactuam com a ilegalidade dessa extorsão financeira, como querem aprofundá-la. A "responsabilidade" e "não radicalidade" dos candidatos da direita e, até mesmo, de muitos da "esquerda", não passa de uma irresponsabilidade social contra o seu próprio povo. O candidato fascista, por sua vez, fala só em matar bandido, discurso de ódio pelo ódio, pra alimentar o sadismo que alimenta sua campanha. Nenhuma palavra séria sobre economia ou sobre as reais causas da criminalidade.
Como o debate eleitoral não tem profundidade, as principais questões passam longe dele, tal como passam longe da consciência da maioria dos brasileiros no dia a dia.
***
Errata do hino nacional: verás que um filho teu só foge da luta.
Qual brasileiro hoje (sobretudo os de classe média) não quer sair do país para fugir dos seus problemas ao invés de enfrentá-los?

Nenhum comentário:

Postar um comentário