Mestre da esperteza e da felicidade, Sísifo entrou para a tradição como um dos maiores ofensores dos deuses, uma vez que denunciou todos os crimes de Zeus e enganou os outros deuses que foram enviados por ele para castigá-lo. Por ter tapeado Tanatos, o deus da morte, prolongando indefinidamente o seu tempo de vida, o deus mensageiro e condutor das almas para o além, Hermes, decidiu puni-lo pessoalmente, infligindo-lhe um duro castigo, pior do que a morte. Assim, Sísifo foi condenado a repetir sempre a mesma tarefa de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha, sendo que, toda vez que estava quase alcançando o cume, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível. Sísifo, então, tinha que recomeçar todo o trabalho do zero.
Existiria algum trabalho pior do que este? Aparentemente não. O trabalho cotidiano, enfadonho, desgastante do dia a dia, não seria um castigo digno de Sísifo? Não apenas o trabalho diário, mas o trabalho político de edificar um sindicato combativo, um grêmio estudantil e um partido revolucionário (e lutar contra a tendência permanente de sua degeneração e adaptação ao capitalismo) não seria algo como um trabalho de Sísifo?
O trabalho rege o mundo, conjuntamente com amor e sabedoria. Não há como escapar dele. Apenas deveríamos procurar as melhores formas de executar o nosso trabalho de Sísifo, além de combater os parasitas que querem viver do trabalho alheio e inventam ideologias e teorias para justificar a exploração do trabalho de outrem e da sociedade que o perpetua.
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