“Diga-me qual é a sua tribo e eu direi qual é sua clausura!
Só há liberdade se sua vida for produzida por você mesmo”.
Baruch Spinoza (1632-1677)
“Se tenho um livro que substitui meu entendimento, um diretor espiritual que tem consciência por mim, um médico que decide sobre a minha dieta e assim por diante, não preciso me esforçar. Que a passagem à maioridade seja tida como muito difícil e perigosa pela maior parte da humanidade deve-se a que os guardiães de bom grado se encarregam da sua tutela. Inicialmente os guardiões domesticam o seu gado, e certificam-se de que essas criaturas plácidas não ousarão dar um único passo sem seus cabrestos: em seguida os guardiões lhes mostram o perigo que as ameaça caso elas tentem marchar sozinhas. É muito difícil para um indivíduo isolado libertar-se da sua menoridade quando ela tornou-se quase a sua natureza”.
Immanuel Kant (1724-1804).
“Se um homem deseja obedecer e seguir a um outro, ninguém pode impedi-lo;
porém é o superlativo da falta de inteligência e leva a grande infelicidade e frustração”.
Jiddu Krishnamurti (1895-1986).
Estranha espécie esta, a humana, que se
julga o topo da pirâmide da natureza e a imagem e semelhança do “criador”. Os
filósofos antigos classificaram o ser-humano como “animal racional”, mesmo
ignorando que frequentemente ele insista em erros notoriamente irracionais.
Como parte do reino animal, os
seres-humanos possuem semelhanças biológicas, mesmo que o rótulo de “racional”
esteja pregado em nossa testa por nós mesmos – e em causa própria! Os impulsos
animais geralmente revelam-se inconscientemente, mas sempre estão ali, a
tensionar de distintas formas.
Biologicamente
falando, o espírito de rebanho é parte integrante daquilo que se pode chamar de
instinto de sobrevivência, presente em todos os seres vivos, mas destacando-se
com algumas destas características especialmente nos mamíferos. Tal fenômeno, portanto,
faz parte do nosso código genético animal, embora em nós se manifeste de forma
muito diferente do que em um coletivo de bois ou de ovelhas.
Neste
estudo, vale recorrer às contribuições de Erich Fromm, para quem “não há necessidade de buscar as raízes
dessa submissão no fenômeno de dominância-submissão entre os animais. Na
verdade, em muitos animais ela não é tão extrema ou generalizada como no
ser-humano e as próprias condições de existência humana exigiriam submissão
ainda que ignorássemos completamente o nosso passado animal. Contudo, existe
uma diferença decisiva. O ser-humano não está fadado a ser carneiro”[1].
A
grande questão para o movimento socialista é descobrir por que mesmo “não
estando fadado a ser carneiro”, o ser-humano esforça-se por permanecer como
parte de um rebanho? E mais do que isso: que entraves o espírito de rebanho
representa para o socialismo?
O espírito de rebanho e suas
consequências para a construção do socialismo
Um dos primeiros pensadores a trazer
para a discussão o espírito de rebanho com grande ênfase foi Nietzsche, que,
apesar de estar no campo da aristocracia e das classes dominantes, obriga o
movimento socialista a refletir.
Ele escreveu: “desde que há homens tem havido também rebanhos humanos (clãs,
comunidades, tribos, povos, Estados, Igrejas) sempre muito obedientes
relativamente ao reduzido número dos mandatários – entendo, portanto, que a
obediência foi até agora mais bem e longamente praticada e cultivada entre os
homens; é natural admitir-se que, de modo geral, cada um possui presentemente inata
a necessidade de obedecer, como uma consciência formal que ordena: ‘tu deves
absolutamente fazer tal coisa, deves absolutamente deixar de fazer tal outra
coisa’, enfim, ‘tu deves’. (...) Nesse
sentido, de acordo com sua intensidade, impaciência e tensão, aceitará tudo o
que lhe gritam aos ouvidos qualquer dos que comandam, sejam eles pais,
professores, leis, preconceitos de classe, opiniões públicas. A curiosa
limitação da evolução humana, o que há nela de hesitante, lento, por vezes
retrógrado e tortuoso, baseia-se em que o instinto gregário da obediência é o
que se transmite mais facilmente por hereditariedade, e isso à custa da arte de
mandar”[2].
Como representante do pensamento
aristocrático, Nietzsche compreende o espírito de rebanho como um problema sem
solução, cujo enfrentamento cabe apenas aos “super-homens” que praticam a sua
filosofia. É por isso que olha com desdém para socialistas, comunistas,
anarquistas ou qualquer tipo de movimento social que pretenda dar voz aos
“fracos” e “submissos” de baixo.
Rosa Luxemburgo também se preocupou com
a dialética dos “líderes e da massa” – tratada como uma questão vital para o socialismo –, expresso no seu brilhante artigo
“Novamente a massa e o líder”; porém, por um viés totalmente distinto do de Nietzsche.
Ela
escreveu que “a libertação da classe
trabalhadora apenas pode ser obra da própria classe trabalhadora, diz o
Manifesto Comunista – que por ‘classe trabalhadora’ não entende uma direção
partidária de sete ou doze cabeças, mas a massa esclarecida do proletariado em
pessoa. Cada passo à frente na luta de emancipação da classe trabalhadora
precisa, ao mesmo tempo, significar uma autonomia intelectual crescente de sua
massa, sua crescente autoatividade, autodeterminação e iniciativa. Mas como a
capacidade de ação e a prontidão política da grande massa popular hão de
desenvolver-se se a vanguarda dessa massa, aqueles círculos melhores e mais
esclarecidos reunidos nas organizações partidárias socialistas, por sua vez,
não desenvolvem iniciativa e autonomia como massa, mas sempre aguardam em
posição de sentido até que venha um comando de cima? A disciplina e a coesão da
ação constituem uma questão vital para movimentos de massa como o nosso. Mas a
disciplina no sentido socialista distingue-se fundamentalmente da disciplina de
um exército burguês. Aqui, ela reside na submissão irrefletida e sem vontade da
massa de soldados ao comando de uma autoridade que expressa dada vontade
alheia. A disciplina socialista, portanto, jamais pode significar que os 800 mil
membros partidários organizados devem submeter-se à vontade às determinações de
uma autoridade central, de uma direção partidária, mas, ao contrário, que todos
os órgãos centrais do partido devem executar a vontade dos 800 mil socialistas
organizados. O fator principal de um desenvolvimento normal da vida política no
partido, a questão vital do socialismo,
reside, assim, em que o pensamento político e a vontade da massa do partido
permaneçam sempre despertos e ativos, que o habilitem em medida crescente para
a atividade”[3].
No
entanto, apesar de Rosa trazer esta discussão fundamental, praticamente
ignorada pela militância socialista da atualidade, ela não procura explicar por
que a massa tende a “aguardar em posição
de sentido até que venha um comando de cima”. Isto é: o problema não é
apenas – ou prioritariamente – das mentes maquiavélicas que estão nas direções
dos partidos e dos Estados que tendem a dominar a grande massa, mas da própria
massa que se submete de bom grado a estas direções, tal como uma espécie de “servidão voluntária” – para usar a
célebre expressão de Éttiene de La Boétie.
As
respostas prontas – que geralmente não ultrapassam as compreensões
economicistas – afirmam que o aumento do custo de vida, a fome e a miséria lançam
automaticamente a classe trabalhadora na ação, estimulando iniciativas que
promovam a luta de classes e, a partir dessa, revoluções que criem poderes
populares. Contudo, mesmo em experiências revolucionárias ocorridas ao longo do
século XX, não vimos a superação do espírito de rebanho, que, pela inércia
histórica, tende a se impor novamente[4].
Há uma contradição flagrante no
movimento socialista, que endeusa dirigentes e pratica diversos tipos de culto
à personalidade – e aqui não nos restringimos apenas ao stalinismo. Isso não
significa deixar de reconhecer contribuições fundamentais dadas por cada
dirigente à causa socialista, mas que não deveriam ser vistos como uma espécie
de guru religioso, que é o que vemos seguidamente entre a militância de
“esquerda” (sem falar nos casos bizarros de endeusamento de ícones eleitorais,
que nada ou quase nada contribuíram para o desenvolvimento do pensamento e da
prática socialista).
Compreender a importância de uma
contribuição deve ser diferente de um culto à personalidade, que só pode
reforçar o espírito de rebanho e, com ele, a submissão humana aos chefes.
Assim, toda a perspectiva socialista e comunista fica comprometida no que tem
de fundamental: autogestão, controle operário da produção e abertura das
decisões políticas, extinção do Estado e das classes sociais, etc. Como
realizar todas estas medidas socialistas e comunistas por excelência se a massa
humana fica imersa numa passividade de plateia atônita, tendendo a voltar-se
para os chefes, como que buscando sucedâneos dos pais, esperando por
orientações e soluções?
Conhecer a teoria socialista e seus pensadores, apreciá-los, levá-los em consideração, deve ser completamente diferente do seu culto como rebanho! A extinção deste espírito é uma necessidade para o socialismo. E ela não acontece automaticamente apenas com as mudanças das condições materiais e econômicas propiciadas por uma revolução, conforme demonstrou, por exemplo, a experiência russa e chinesa do século passado. Deverá ser desenvolvido pelos movimentos socialistas e suas respectivas organizações revolucionárias pedagogias e práticas que reconheçam e enfrentem seriamente este problema. O primeiro passo é trabalhar para extinguir a diplomacia secreta, o culto cego aos chefes, aos dirigentes; combater de frente o caudilhismo e apenas tolerar tais condutas na medida em que sejam estritamente inevitáveis, dado o baixo nível cultural e político. Quem não colocar esta tarefa como vital para o desenvolvimento do socialismo estará, quer queira ou não, condenando o próprio comunismo.
A natureza do espírito de rebanho
Alguns pensadores, como Erich Fromm,
avançaram na investigação acerca da natureza do espírito de rebanho. Ele
apontou a necessidade subjetiva humana de um sistema de busca de orientação e
devoção.
Por que os seres humanos procuram tal
tipo de sistema?
“A única resposta
dominante que o ser-humano descobriu até agora – escreveu
Fromm – é uma que também pode ser
observada entre os animais – submeter-se a um líder forte que admite reconhecer
o que é melhor para o grupo, que planeja e dá ordens e que promete a todos que,
se o seguirem, ele agirá no melhor interesse de todos. A fim de pôr em vigor a
fidelidade ao líder ou, em outras palavras, de dar ao indivíduo fé suficiente
para crer no líder, admite-se que ele seja onipotente, onisciente e sagrado;
que ele próprio seja um deus, ou vice-rei ou sumo sacerdote de um deus,
conhecedor de todos os segredos do cosmo e que desempenha os rituais
necessários para a sua continuidade. Não há dúvida de que os líderes
normalmente têm usado promessas e ameaças para manobrar a submissão. Mas isso
não é, de maneira alguma, tudo. Enquanto não atingiu uma forma superior da sua
própria evolução, o ser-humano necessitou do líder e estava mais que ansioso
por acreditar nas histórias fantásticas que provavam a legitimidade do rei,
deus, pai, monarca, sacerdote, etc. Essa necessidade de ter um líder ainda
existe na maioria das sociedades esclarecidas de nossa época. Mesmo em países
como os EUA ou a URSS, as decisões que afetam a vida ou a morte de todos são
deixadas a cargo de um pequeno grupo de líderes ou de um ser-humano que age sob
a autoridade de um mandato formal da Constituição, seja ela chamada de
‘democrática’ ou ‘socialista’. Em seu desejo de segurança, os seres-humanos
apreciam sua própria dependência, especialmente se esta lhe é facilitada pelo
conforto relativo da vida material e por ideologias que dão o nome de
‘educação’ à lavagem cerebral e de ‘liberdade’ à submissão”[5].
Este desejo de segurança, consciente ou
inconsciente, explica em parte a natureza
do espírito de rebanho; mas não explica tudo. É preocupante e assustador que a
militância da esquerda revolucionária não se preocupe nada, ou quase nada, com
relação a este tema vital. Pior do
que isso: tende a ignorá-lo e a mistificá-lo, esperando que uma rebelião
espontânea (ou semi-espontânea) venha “redimir a humanidade dos seus pecados”. Teria
ela, portanto, interesse em manter tal espírito? Talvez toda a sua visão
programática e prática de organização e de “partido revolucionário” seja
confundido exatamente com este espírito.
Na
contramão disso tudo o neofascismo e
os seus engenheiros políticos, como Steve Bannon, Olavo de Carvalho, dentre
outros, compreenderam muito bem a dimensão e profundidade do espírito de
rebanho, comprometendo por décadas (ou talvez séculos?) a possibilidade de uma
revolução triunfante, já que conseguem perceber e intervir cirurgicamente nos
movimentos sociais – antes mesmo mobilizando mais pessoas que a própria
“esquerda”.
Durante as rebeliões operárias do
século XIX o capitalismo não negociava e, portanto, não deixava espaço para a
espera passiva. Era fazer greve, se enfrentar com a máquina do sistema buscando
os companheiros de classe, ou padecer pela fome e pelo embrutecimento cotidiano.
Na medida em que foi se desenvolvendo, a burguesia acabou se especializando em
“negociar”, em conceder migalhas para que não tivesse que ceder nada de
essencial do seu poder econômico e político. Em cima disso, desenvolveu novas
técnicas políticas, incorporando conhecimentos e formas de lidar com o
movimento de massas.
Na sua investigação sobre o medo da liberdade, Erich Fromm avança
na compreensão do espírito de rebanho apontando a existência de um forte
vínculo materno em cada ser-humano, que remonta ao período pré-histórico de
quase simbiose com o seu habitat natural,
tal como os demais animais, que vivem em total comunhão com a natureza, sem –
supostamente – ter consciência de si mesmo.
Ele escreve que “uma criança nasce quando não está mais unida à mãe e torna-se uma
entidade biológica separada dela. No entanto, se bem que esta separação
biológica seja o início da existência humana individual, a criança permanece
funcionalmente unida à mãe durante um período considerável. Conforme o grau com
que o indivíduo, falando figuradamente, não cortou completamente o cordão
umbilical que o prende ao mundo exterior, ele não é totalmente livre – esses
vínculos, porém, dão-lhe segurança e a sensação de pertencer a algum lugar e
neste estar radicado. Darei a esses vínculos, que existem antes do processo de
individuação ter dado lugar à emergência total de um indivíduo, o nome de
‘vínculos primários’. Eles são orgânicos no sentido de fazerem parte do
desenvolvimento humano normal; implicam uma ausência de individualidade, mas
também dão segurança e orientação ao indivíduo. São eles os laços que ligam a
criança à mãe, o membro de uma comunidade primitiva ao clã e à Natureza, ou o
homem medieval à Igreja e sua casta social. Uma vez alcançado o estágio de
individuação completa, ficando o indivíduo liberto destes vínculos primários,
ele se defronta com uma tarefa nova: orientar-se e radicar-se no mundo e
encontrar segurança por outros meios que não os característicos de sua
existência pré-individual”[6].
E conclui afirmando que “esta crescente individuação significa
crescente isolamento, insegurança e, portanto, dúvida acerca do papel da
própria pessoa no universo, do significado de sua própria vida, e com tudo isso
um sentimento cada vez maior de sua própria impotência e insignificância como
indivíduo. (...) O resultado desta
desproporção entre a emancipação de qualquer vínculo e a falta de
possibilidades para a realização positiva da liberdade e da individualidade
conduziu, na Europa, a uma fuga apavorada da liberdade para o jugo de novos
grilhões ou, no mínimo, para um indiferentismo total. (...) Surgem tendências poderosas para escapar
deste tipo de liberdade para a submissão ou para alguma espécie de
relacionamento com os seres-humanos e com o mundo que prometa aliviar a
incerteza, ainda que despoje o indivíduo de sua liberdade”[7].
Daí a busca desesperada de grande parte da massa humana de se sentir como parte de “algo maior”, seja uma Igreja, um partido político, uma grande corrente sindical, uma “família ampliada”, etc. Isso vale para os guetos também: melhor ser parte de uma seita religiosa, política, de “esquerda” ou o que for, do que me ver sozinho, inseguro e impotente. Na maioria das vezes o raciocínio é inconsciente, porém certeiro e arrebatador. A partir daí vale tudo: auto enganação, professar acriticamente reputações de chefes, gurus e líderes “geniais” para convencer os outros, mas, sobretudo, a si mesmo. Infelizmente ainda não se desenvolveu um caminho do meio entre essas duas tendências extremas.
O problema da individualidade numa
sociedade socialista: paralelos
com o liberalismo
Para
a superação do capitalismo e, consequentemente, do liberalismo, é necessário
incorporar seus aspectos positivos.
As “liberdades individuais” foram uma conquista da evolução burguesa da
sociedade humana, ainda que elas sejam um privilégio para poucos, conforme este
blog já analisou[8].
Os
setores reacionários da sociedade burguesa sempre enchem a boca para acusar que
o socialismo liquida com a independência do indivíduo e o submete à
uniformidade da massa. A experiência soviética e chinesa demonstrariam esse suposto
aniquilamento individual e a preponderância do “Estado”, representando o “peso
aniquilador” da coletividade. Seria o mesmo que transformar a sociedade humana
num formigueiro, numa colmeia de abelhas ou num rebanho de ovelhas.
Contudo,
é a própria sociedade capitalista que trabalha para uniformizar e padronizar as
classes subalternas – em particular, a classe trabalhadora. A possibilidade de
se desenvolver plenamente enquanto indivíduo ou de poder vivenciar seu processo
de individuação – tal como preconizam certas escolas de psicologia, como a
junguiana – existe para poucos. À grande maioria resta apenas os currais para
os rebanhos humanos, seja de que cultura ou continente for.
O
período de desenvolvimento capitalista da humanidade corresponde à
preponderância da propriedade privada, que facilitou o desenvolvimento da
individualidade. A propriedade privada criou unidades econômicas autônomas que
fortaleceram as organizações da sociedade civil desde o século XVII. Isto tem
implicações no campo econômico, social e sexual. No campo econômico levou ao
surgimento de determinados tipos de empreendedorismo (que nunca chegaram a
existir plenamente no Brasil em razão do seu atraso histórico e da sua
localização periférica no mercado mundial); no campo social “separou” o
indivíduo das massas (embora tenha lhe jogado, com exceções, na tirania da
família patriarcal) e criou as condições para uma vida sexual. Ainda que a
individualidade tenha se tornado uma arma reacionária nas mãos da burguesia,
incentivando o hedonismo, o utilitarismo, a ganância e o egotismo, ela foi
progressiva até certo ponto, pois ninguém pode viver o tempo todo em sociedade
sem perder algo de si. Necessita, então, buscar um tempo para si próprio se
quiser desenvolver pensamento independente. Nesse sentido, a propriedade de uma
casa, de um quarto, de um espaço próprio (elementos que surgiram a partir das
noções burguesas de propriedade) é importante.
Este tipo de espaço (uma casa, um
quarto; em suma, um espaço íntimo) foi resultado do desenvolvimento da
propriedade privada burguesa, mas não é a mesma coisa que ela. Cabe destacar
que o socialismo visa abolir a propriedade privada dos meios de produção
(fábricas, terras, minas, bancos, transportes, grandes empresas); e não a
propriedade privada individual de uma casa, de um quarto, de um carro, etc. Estas
conquistas para o desenvolvimento de uma individualidade sadia e comprometida
com o social só podem ser mantidas e aprofundadas pelo socialismo, uma vez que
no capitalismo não é possível acabar com o desemprego, a miséria, os sem teto,
os sem terra (sem falar nas milhares de casas proletárias de apenas um cômodo)
e as ideologias individualistas.
Para o socialismo ter futuro há que se
desenvolver um método de independência individual dentro da massa trabalhadora,
sem o quê, qualquer defesa de autodeterminação popular é apenas letra morta. Na
dialética “indivíduo-massa” precisamos desenvolver uma forma de levar em
consideração a individualidade saudável (não o individualismo-burguês, egoísta)
dentro da multidão. Nesse sentido, a crítica e a incorporação dialética dos
pontos positivos do liberalismo clássico são imprescindíveis. Isso significa
saber divergir individualmente, sem deixar de levar em consideração os
interesses sociais.
Do contrário, apenas criaremos uma
sociedade – supostamente “socialista” – em que o indivíduo apenas diz “amém” para
a “coletividade”, o que significa, na verdade, dizer “amém” aos chefes ou às
direções partidárias de “sete ou doze cabeças” – ou de apenas uma!
É por isso que a preocupação com o espírito de rebanho dentro da dialética “indivíduo-massa” é fundamental desde já – e não apenas “depois da revolução”, quando a “base econômica será modificada”. É necessário uma nova pedagogia política da “esquerda revolucionária” que questione o personalismo, o “seguidismo”, a ausência de iniciativas e aceitação passiva de tudo (ou quase tudo) ou, então, a completa omissão política. A atual pedagogia da “esquerda socialista” tem reforçado o espírito de rebanho – e, consequentemente, o conformismo!
Não haverá socialismo sem a
superação do espírito de rebanho
Com
o espírito de rebanho reinante até hoje, nem mesmo uma organização política e
social, como um sindicato, um soviete ou uma sociedade baseada na autogestão da
classe trabalhadora funcionaria, dado que tende a emperrar, facilitando o
retrocesso e abrindo caminho para a burocratização. A coletividade se
transformaria em “proforma” uma vez que o espírito de rebanho cederia
gradativamente à influência dos “líderes”. A autêntica emancipação da classe
trabalhadora só poderá acontecer em uma massa que prescinda de lideranças. Dito
de outra forma: só teremos socialismo e comunismo quando conseguirmos criar
seres-humanos confiantes em si mesmos, que não temam à liberdade, nem procurem
se submeter a chefes e gurus. Tarefa muito difícil, de longuíssimo prazo, mas
imprescindível, sem o quê, o socialismo e o comunismo se descaracterizariam
completamente.
Isso não significa dizer que todos
serão autônomos de todos, mas que, pelo contrário, um indivíduo cumprirá papel
protagonista em algum momento, mesmo que esteja mais passivo e contemplativo
anteriormente. Deverá ser, portanto, estimulado a dar um passo à frente para
que não fique eternamente na condição de plateia (isso significa, sobretudo,
estimular-lhe a personalidade espontânea). A sociedade capitalista atual leva
os seres-humanos à passividade. Não foi à toa que Lima Barreto afirmou que “o Brasil não tem povo, tem público”[9] (isto é, plateia). Toda a estrutura
econômica, social e cultural gera esta condição: indústria cultural (cinema,
novelas, esportes), educação (básica e superior), política e sindicatos (espera
eleitoral); consumo, publicidade apassivadora, etc.
Certamente que a inércia social, somada
à ameaça permanente de repressão militar e policial às massas, reforça e molda
o espírito de rebanho. Contudo, o que aqui se quer destacar é a conduta
individual de não-enfrentamento à realidade, facilmente visível nas categorias
de base, nos locais de trabalho, estudo e moradia – isto é, a preferência por morder
iscas já conhecidas por medo da liberdade e pela “comodidade” de fazer parte do
rebanho.
Esta é a diferenciação cuidadosa que uma
“nova esquerda” precisa fazer para poder entrar em contato com a mentalidade e
a prática cotidiana do povo – sem o quê, impera apenas demagogia, imediatismo e
utilitarismo. Quando percebemos que a política revolucionária de exigência e
denúncia não faz efeito, visto a tendência a se subordinar à direções
reformistas e conciliadoras que prometem mundos e fundos, percebemos que se
trata de uma influência direta do espírito de rebanho, já que os indivíduos não
querem fugir das ilusões e preferem se adaptar melhor a elas, para se enquadrarem
melhor no rebanho. Por isso, uma nova forma de militância e de trabalho de base
deve levar em consideração, forçosamente, muitas das conclusões psicanalíticas
para separar o joio do trigo e saber intervir em seu interior, sem semear
ilusões ou ficar satisfeito quando uma organização política cresce às custas do
espírito de rebanho.
O socialismo, para existir, necessita
elevar o nível cultural do debate social, tanto individual quanto
coletivamente. Mas isso não acontece automaticamente, apenas como reflexo de
mudanças da “base econômica”; precisa começar, como exemplo prático, desde as
organizações revolucionárias e a militância cotidiana, renovando métodos
decisórios e dividindo o poder com a base que supostamente representa.
Como
desenvolver autogestão e controle operário da produção econômica sem superar o
espírito de rebanho? Eis aí um problema gritante que nenhuma organização
revolucionária colocou para a discussão e reflexão até o momento.
Espírito de rebanho e neofascismo: apenas os bolsonaristas
podem ser chamados de “gado”?
Na atual conjuntura brasileira é
bastante comum vermos os apoiadores do bolsonarismo serem chamados de “gado”
por sua postura acrítica e submissa a tudo o que fala o chefe. De fato, o
espírito de rebanho está presente no bolsonarismo, que é a expressão brasileira
do neofascismo – corrente
internacional liderada por Donald Trump e Steve Bannon. Contudo, é preciso
fazer uma diferenciação e ter certa capacidade autocrítica.
Vermos pessoas como parte de um rebanho
no campo bolsonarista pode ser válido quando se trata de estratos sociais mais
baixos que apoiam Bolsonaro como se, de fato, ele representasse alguma melhora
para o país. Porém, há um recorte de classe importantíssimo: a alta burguesia
que dá sustentação política ao bolsonarismo – como, por exemplo, o dono da
Havan, empresários dos mais distintos níveis que vão desde bancos até o
agronegócio – o faz por consciência de
classe e por isso mesmo não vê nenhum problema nas barbaridades
pronunciadas pelo seu líder neofascista,
bem como confia interesseiramente nas suas medidas de governo. Sente-se,
portanto, bem representada, uma vez que ele soluciona uma série de problemas
que o regime democrático-burguês convencional não seria capaz de resolver. O
mesmo pode ser dito sobre a classe média, que se estende dos profissionais
liberais até redes de pequenos comerciantes, embora seus ganhos sejam
consideravelmente inferiores e os problemas sociais criados a longo prazo pelo
bolsonarismo lhes gerem grandes prejuízos imperceptíveis agora.
Afora estes setores, a grande massa da
“classe trabalhadora” que apoia o bolsonarismo é manipulada através de métodos
refinados da psicologia de massas,
onde o espírito de rebanho tem papel decisivo. O discurso sobre deus, pátria e
família entra como pivô nesta farsa e obtém notório êxito desde as décadas de
1920-1930. O ódio sádico é a base desta manipulação e combatê-lo requer, em
primeiro lugar, conhecer o fenômeno e, em segundo, mudar a postura política, o
trabalho de base, renovando e humanizando os métodos[10].
A militância petista e de “esquerda”, por
outro lado, se julga livre da condição de “gado”. Se ela não reproduz o ódio
fascista, com suas bandeiras características, não deixa de reproduzir o
espírito de rebanho, a submissão aos chefes e líderes, xingando e despejando
ódios mal resolvidos contra quem pensa diferente, seja nos sindicatos ou
movimentos sociais, seja na campanha eleitoral. A sua condição de “filho”, isto
é, de dependente do rebanho, não pode ser questionada. Assim, acaba por
reproduzir métodos que critica.
O espírito de rebanho tende a fanatizar
quando é questionado – seja em que vertente ideológica e política for. Quem enfrenta
as reações da manada é atacado mortalmente e passa a ser objeto de desprezo e
ódio. Basta ver, no passado, o singelo caso de Giordano Bruno: a massa teve um
prazer sádico em assassinar um pensador independente, ainda que não ganhasse
absolutamente nada com isso, a não ser um tranquilizante para a sua consciência
frente a uma voz incômoda. Wilhelm Reich analisou este fenômeno detalhadamente
na sua obra “O assassinato de Cristo” e muitas das suas conclusões seguem
atualíssimas.
O capitalismo se utiliza do espírito de
rebanho – consciente ou inconscientemente –, uma vez que o adapta às estruturas
sociais, fazendo com que o ser-humano reduza e identifique a sua humanidade e a
sua “ética” em termos da sociedade com a qual se vê como parte. Então, uma vez
que criticamos a sociedade ou mesmo a estrutura social com a qual o rebanho
está identificado, o seu membro tende a receber a crítica como um ataque
pessoal e ver o crítico como um inimigo.
A partir daí não há mais diálogo,
porque os ouvidos estarão fechados e com filtros. Para que exista possibilidade
de diálogo entre grupos humanos é essencial que cada membro do grupo não só
tente ser menos defensivo e mais acessível, mas também que compreenda o que a
outra pessoa quer dizer em vez da formulação que ele dá ao seu próprio
pensamento (e que, sobretudo, veja a sua prática
cotidiana). Em todo diálogo sincero, cada participante deve ajudar o outro
a esclarecer seu pensamento em vez de obrigá-lo a defender formulações sobre as
quais ele pode ter dúvidas próprias.
Os chefes dos rebanhos transformam ideologias em uma espécie de religião que servem, contraditoriamente, para “racionalizar” o status quo político e social; isto é, usam a religião, por exemplo, para fazer o seu rebanho aceitar a sociedade de classes ou a realidade tal como ela é. Os argumentos mais bem embasados e refletidos que tentam desenredar os nós acabam se chocando com esta prática da psicologia de massas do rebanho e, por isso, tornam-se alvo dos ataques mais raivosos e odiosos. Isso, como sabemos, pode se dar tanto no campo bolsonarista, quanto no campo petista[11] – e também com correntes e partidos menores, bem como igrejas, grupos acadêmicos, culturais, etc.
Algumas ideias para tentar superar o espírito de rebanho
Para
superar qualquer problema político é necessário estudá-lo, conhecê-lo, para
compreender todas as suas principais manifestações na vida cotidiana. Não é uma
tarefa simples para ser executada por apenas um militante ou uma única
organização revolucionária. Deve ser o resultado, como sempre, de um grande
esforço coletivo, no qual a polêmica construtiva
tem sempre papel relevante.
O
espírito de rebanho é um fenômeno milenar, presente desde os primórdios da
humanidade. Assim como o Estado ou a sociedade de classes, ele não pode ser
superado por um passe de mágicas. Um longo trabalho político e cultural será
imprescindível. Mas ele precisa ser real e sincero. Ou seja: uma organização
revolucionária, para ser digna desse nome honroso, deve abordar o problema com
um novo espírito, novas ideias e uma nova disposição; só pode, portanto,
responder a altura tendo profunda capacidade autocrítica que eduque seus
membros para o novo tipo de sociedade já no processo de luta por ela. No
entanto, vemos exatamente o contrário: a maioria esmagadora das organizações e
partidos de “esquerda” não apresenta a menor preocupação em relação a isso,
reproduzindo e aprofundando o espírito de rebanho.
Muitos
dirão, simplesmente, que é uma tarefa inglória e impossível porque sempre
haverá a necessidade de algum tipo de liderança, já que os seres-humanos se
contam na casa dos bilhões. Concluem, com isso, que não é possível liquidar com
mecanismos de liderança. Isso equivale a uma resignação: se, de fato, não
podemos superar o espírito de rebanho, então temos que viver e conciliar com
ele.
Não!
Sabemos
que é uma tarefa longa e dificílima, mas absolutamente necessária, que não
poderá ser concretizada sem uma luta cada vez mais consciente. Se não
enfrentarmos o espírito de rebanho, os mecanismos de combate ao aparelhamento e
à burocratização, como a rotatividade de dirigentes nos sindicatos, nos parlamentos,
nos demais mandatos públicos e na limitação das reeleições, seja em que esfera
for, tornam-se inúteis, uma vez que a espera passiva de rebanho tende a
legitimar a reeleição dos mesmos de sempre, transformando a condição de líderes em uma profissão. O espírito de rebanho tem
pavor ao vácuo de lideranças. Por isso mesmo entre correntes e partidos alguns
rebanhos se submetem a outros, que tem suas lideranças, de certa forma,
reciprocamente reforçadas, sobressaindo-se a mais forte.
A
tendência atual é vermos a reeleição permanente das mesmas figuras públicas ao
parlamento ou nos sindicatos e centrais sindicais, somada à incapacidade de
criar e empolgar uma militância nova. Pela experiência histórica com os
movimentos sociais e sindicais, a “esquerda” tem a disposição de querer
“massas” apenas para melhor lhe dar sustentação política. Isto é, por toda a
sua prática não quer superar e sequer reconhecer o espírito de rebanho.
Muito
se fala em “soberania democrática” do povo e em “liberdade de expressão”,
achando que todos nós somos “livres” e subordinados “apenas a nós mesmos”, mas
o direito de manifestar nossos pensamentos só tem significado se somos capazes
de ter pensamentos próprios; a emancipação da autoridade externa só é uma aquisição
duradoura se as condições psicológicas são tais que sejamos capazes de
estabelecer nossa própria individualidade[12].
***
Krishnamurti,
pautado por uma visão oriental, contribui com ideias importantes para a
superação do espírito de rebanho: “Seguir
alguém, ainda que grandioso, impede a descoberta dos caminhos do eu; correr
atrás da promessa de uma utopia pronta a usar, torna a mente totalmente
inconsciente da ação confinante de seu próprio desejo de conforto, de
autoridade, de ajuda de alguém. O sacerdote, o político, o advogado, o soldado,
estão todos aí para ‘nos ajudar’; mas tal ajuda destrói a inteligência e a
liberdade. A ajuda que precisamos não reside fora de nós. Não precisamos pedir
ajuda; ela chega sem que a procuremos quando somos humildes em nosso trabalho
dedicado, quando estamos abertos à compreensão das nossas provações e
acontecimentos inesperados cotidianos”.
“Temos que evitar a
ânsia consciente ou inconsciente de apoio e encorajamento, porque essa ânsia
cria sua própria resposta, que é sempre gratificante. É confortante ter alguém
para nos encorajar, para nos dar uma pista, para nos pacificar; mas esse hábito
de recorrer a outro como guia, como autoridade logo se torna um veneno no nosso
sistema. No momento em que dependemos de outro para nossa orientação,
esquecemos a intenção original que era despertar a liberdade e a inteligência
individuais”[13].
***
Um
passo decisivo para tentarmos superar o espírito de rebanho é resgatar e
melhorar as boas experiências históricas, como o sistema de delegação de poder
desenvolvido pela Comuna de Paris, de 1871. Ou seja, assim como o Estado e a
sociedade de classes não podem ser superados numa canetada, o espírito de
rebanho também necessita desenvolver uma base material, educacional e, também, “espiritual”,
que crie as condições para a sua extinção, já que deve ser parte do mesmo
processo que lute pelo fim do Estado e das classes. Além de vontade política,
as organizações revolucionárias têm que aprender honestamente com as
experiências do passado, mas sem dogmatismos.
Criar organismos de base, ligados a
cada local de trabalho, estudo e moradia continua sendo importante, ainda que
apenas isso, sem o enfrentamento a questão do espírito de rebanho, seja
insuficiente. Não se deve naturalizar a idolatria de dirigentes, nem a
repetição dos seus mandatos. Cada dirigente tem que trabalhar para ser superado
e a coletividade ser preparada e preparar-se para alternância real, mesmo que
inicialmente haja timidez e resistências de todos os tipos, para que cada uma de
suas partes seja depositária de uma parcela da responsabilidade social e, nessa condição, ser estimulado a
contribuir conscientemente para a solução dos problemas que cabem à
coletividade (e, portanto, a si próprio, sem esperar pela resolução pronta e supostamente
fácil). Além disso, deve-se obrigar dirigentes a prestarem legalmente, permanentemente
e, sempre que solicitados, prestação de contas à base que o elegeu, sem que
esta base e este dirigente estejam necessariamente vinculados a um partido ou a
uma organização – mas sim prestar contas ao organismo de base que o elegeu;
isto é, um local de trabalho, estudo ou moradia.
O primeiro passo é desenvolver,
aperfeiçoar e fazer com que este método crie raízes nas próprias organizações
revolucionárias, que se autoproclamam como representação da classe trabalhadora
e do povo pobre. Em síntese, os egos individuais precisam ser questionados e
controlados – sempre através de métodos que levem
em consideração a sensibilidade humanista, e não a simples inquisição burocrática.
Quando forem incontroláveis, devem ser expostos, constrangidos e, se não
manifestarem nenhuma mudança propositiva, destituídos. Vemos hoje exatamente o
oposto: o egocentrismo dos dirigentes é diretamente proporcional ao tamanho do
espírito de rebanho – e é isso que tem sido valorizado!
Há ainda a necessidade de estimular o
“Eros” da massa, no sentido de ouvir seus desejos e demandas. É um primeiro
passo para se pensar em como superar o “uniformismo”, que tende a nivelar tudo
por baixo.
Pensando com otimismo, daqui a muitos
séculos, quando visitarmos os museus que terão em seu acervo – tal como
propunha Engels – a roda, o machadinho de sílex, “o Estado” e os símbolos e
lendas da “sociedade de classe”, esperamos, também, poder olhar para uma sessão
reservada ao espírito de rebanho, tal como olhamos hoje para um fóssil
pré-histórico.
Epílogo e advertência importante:
De tudo o que foi escrito acima não se deve concluir que é correto tratar uma pessoa ou mesmo um grupo de pessoas com desdém e menosprezo por fazerem parte de um rebanho. Isto é, devemos evitar a arrogância de nos sentirmos melhor do que alguém que, por diversos motivos, não vê perspectiva imediata de romper com o rebanho ou sequer com a moral de rebanho. É imprescindível tratar todo mundo da maneira mais humana e equitativa possível, sabendo compreender e dialogar com suas limitações e compreensões. Este é um ponto importante de partida não só para dialogar, como também para superar o próprio espírito de rebanho.
Advertência importante:
este texto foi escrito por uma pessoa que sofre profundamente com o vazio
existencial e que, por este e outros motivos, desenvolve dependência pessoal e
emocional. Estes fatores podem e certamente influenciam seu raciocínio. Portanto,
o texto também pode sofrer a influência do espírito de rebanho em muitos níveis,
motivado por essas limitações pessoais. Vale a reflexão e a advertência.
Referências
[1]
FROMM, Erich. A revolução da esperança. Círculo do livro, São Paulo (página
81).
[2] NIETZSCHE,
Friedrich. Para além do bem e do mal. Martin Claret, São Paulo, 2008 (página
112).
[3] LUXEMBURGO,
Rosa. Novamente a massa e o líder in Rosa Luxemburgo – textos escolhidos
(1899-1914). Editora Unesp, São Paulo, 2011 (página 419 – grifos nossos).
[4]
Seria a “inércia histórica” uma força da natureza? Quase uma lei da física?
[5]
FROMM, Erich. A revolução da esperança. Círculo do livro, São Paulo (páginas 80
e 81).
[6]
FROMM, Erich. Medo à liberdade. Zahar editores, Rio de Janeiro, 1965 (página
31).
[7]
Idem (páginas 39 e 40).
[8]
Ver: http://conscienciaproletaria.blogspot.com/2019/07/john-locke-e-os-liberais-da-atualidade.html
[9]
Ver: http://conscienciaproletaria.blogspot.com/2021/05/a-elite-do-atraso-e-o-povo-publico.html
[10]
Para aprofundar o assunto, ver: http://conscienciaproletaria.blogspot.com/2020/02/a-repressao-moral-da-sexualidade-e-uma.html
[11]
Ver os seguintes ensaios: https://conscienciaproletaria.blogspot.com/2021/05/bolsonaro-x-lula.html
; https://conscienciaproletaria.blogspot.com/2021/12/sobre-como-o-petismo-tende-repetir-os.html
[12]
FROMM, Erich. Medo à liberdade. Zahar editores, Rio de Janeiro, 1965 (página
201).
[13] KRISHNAMURTI, Jiddu. Education and
the Significance of Life, p 109