Muitos intelectuais financiados pelo grande capital afirmam que o marxismo caducou e que não existe mais proletariado, classes sociais e mais-valia. Esta última é um conceito aparentemente complexo, mas que na verdade é bem simples quando analisado à luz da realidade, conforme podemos constatar observando a exploração do operariado brasileiro.
Os dados abaixo foram extraídos do livro A Embraer é nossa*, que analisa uma série de documentos da empresa de 2007 até 2009. Em 2007, o trabalhador da Embraer rendeu para a empresa, em média, US$237 mil. Sabemos que o salário de um operário da produção é de US$1.409. Multipliquemos por 13 (para contemplar o 13º salário, que o PMDB, Democratas, PSDB e os demais partidos da direita querem acabar) e teremos um gasto anual com mão de obra no valor de US$18.317. Vamos agregar 63% sobre este valor, que são os encargos trabalhistas, que fazem parte da folha de pagamento (como INSS, FGTS, PIS, férias, etc., outros direitos que o governo Temer quer retirar) e teremos um gasto anual com cada operário de US$29.856.
Como o trabalhador rende para a empresa US$ 237 mil, segundo dados da produtividade da empresa, diminuímos os US$29.856 que a Embraer "gasta" com o trabalhador e restará um saldo líquido de US$207.144. Isto quer dizer que o trabalhador rende para a empresa, por mês, US$19.750, enquanto recebe como salário apenas US$1.409; e, por hora, rende para a empresa US$113,60, enquanto ganha apenas US$8,10 (valor pago pela Embraer, muito abaixo da Boeing — US$26,2 —, da Airbus — US$25,1 — e Bombardier — US$20,5).
Eis aí a mais-valia.
Valor gasto na contratação do operário: US$29.856
Valor gerado pelo seu trabalho: US$237 mil
Mais-valia: US$207.144
Como o trabalhador rende para a empresa US$ 237 mil, segundo dados da produtividade da empresa, diminuímos os US$29.856 que a Embraer "gasta" com o trabalhador e restará um saldo líquido de US$207.144. Isto quer dizer que o trabalhador rende para a empresa, por mês, US$19.750, enquanto recebe como salário apenas US$1.409; e, por hora, rende para a empresa US$113,60, enquanto ganha apenas US$8,10 (valor pago pela Embraer, muito abaixo da Boeing — US$26,2 —, da Airbus — US$25,1 — e Bombardier — US$20,5).
Eis aí a mais-valia.
Valor gasto na contratação do operário: US$29.856
Valor gerado pelo seu trabalho: US$237 mil
Mais-valia: US$207.144
Além desta exploração absurda, os rentistas e especuladores controlam a Embraer, demitem como bem entendem, contratam os serviços que melhor lhe aprouverem e usam matérias-primas estrangeiras, se assim o desejarem. Uma indústria estratégica para o Brasil — que ocupa o 3º lugar no mercado mundial — está nas mãos de um bando de parasitas estrangeiros e nacionais. Um dos passos fundamentais para superarmos a crise financeira que estamos vivendo no Brasil e no mundo seria a industrialização de setores da nossa economia; medida que está definitivamente fora dos planos da nossa burguesia e da sua imprensa.
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*A Embraer é nossa! Desnacionalização e reestatização da Empresa Brasileira de Aeronáutica, Nazareno Godeiro (org.), Cristiano Monteiro da Silva e Edmir Marcolino da Silva. Editora José Luís e Rosa Sundermann, São Paulo, 2009.
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