Em reportagem de novembro de 2019, a Folha de São Paulo traz a informação de que "trabalhadoras contratadas em regime temporário que engravidarem não têm direito à estabilidade no emprego"*. O TST surfa na onda conservadora do país, cuja principal finalidade é passar os custos da crise capitalista aos ombros dos trabalhadores e das trabalhadoras, fazendo as condições laborais retrocederem à época da revolução industrial, no século XIX. Quem mais paga o preço da sanha gananciosa do grande capital é o seu elo mais frágil: as trabalhadoras precarizadas, como, no caso do magistério estadual, as educadoras contratadas.
No seu famoso livro sobre A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, datado de 1845, F. Engels escreve que: "As mulheres, em sua maioria, voltam à fábrica três ou quatro dias após o parto e, naturalmente, deixam o bebê em casa; na hora das refeições, correm até lá para amamentá-lo e comer algo — e não é difícil imaginar em que condições ocorre esse aleitamento! Lorde Ashley resume as declarações de algumas operárias: M.H., de 20 anos, tem 2 crianças; a menor é um bebê, que fica aos cuidados do mais velho; ela sai para a fábrica pouco depois das 5h da manhã e retorna às 20h; durante o dia, o leite escorre-lhe dos seios, ensopando-lhe o vestido. O emprego de narcóticos para manter as crianças sossegadas é favorecido por este sistema infame e, na verdade, muito disseminado nos distritos industriais (...) Assim como os operários, as operárias também não têm o direito de adoecer e deixar o trabalho para recuperar-se."**
Restam dúvidas de que estamos retrocedendo aos níveis do capitalismo selvagem do século XIX? Cabe destacar que esta forma de funcionamento é a mesma que o governo Leite (PSDB e comparsas) pretende ressuscitar com o seu pacote de "reformulação" do Plano de Carreira. Assim, fica claro que o único destino apresentado pelo sistema aos trabalhadores é a exploração de morte e impiedosa, cuja única finalidade é manter o paraíso na terra para os ricos e o inferno no local de trabalho e na vida cotidiana para os pobres.
Texto escrito originalmente para a página do facebook, Educadores Contratados do RS, e publicado no dia 16 de janeiro de 2020.
NOTAS____________________
*Ver: https://www1.folha.uol.com.br/…/tst-decide-que-trabalhadora…
** Ver: A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, de F. Engels, Boitempo Editorial (página 182 e 198).
** Ver: A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, de F. Engels, Boitempo Editorial (página 182 e 198).
Nenhum comentário:
Postar um comentário