Nunca gostei de carnaval. Gosto de samba partido alto, mas nunca gostei de escola de samba e samba-enredo. Sendo o carnaval um fenômeno de massas no Brasil nunca o entendi e nunca fiz questão de entendê-lo. Desde criança me parecia se tratar de uma explosão de alegria sem o menor cabimento.
Visitando as duas maiores cidades do país do carnaval e vivenciando parte desse frenesi digno de Baco, pude o entender um pouco mais (já que Porto Alegre de fato não é uma cidade das mais carnavalescas). Não foi apenas o desfile do Rio de Janeiro em que algumas escolas mudaram o foco da alienação para a conscientização política, como o Paraíso do Tuiuti e, agora, a Mangueira, mas os milhões de LGBTs que tomaram as ruas (no bloco da Pablo Vittar em São Paulo, por exemplo) e desafiaram as barbaridades políticas e morais que o novo governo e a elite desse país enfiam goela abaixo do povo!
Quisera nós o carnaval pudesse ser isso sempre e se aprofundar nisso cada vez mais, desmentindo as "histórias pra ninar gente grande" e dando voz para as marias, Mahins, Marielles e Malês. Foi um inesperado momento de luta que causou tremores e preocupações no governo das fake news.
Por Eduardo Cambará, ex-operador de call center e atual professor da rede pública.
Por Eduardo Cambará, ex-operador de call center e atual professor da rede pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário