Os tempos atuais trazem uma imensa gama de "novidades emancipatórias".
O questionamento do casamento no seu atual formato monogâmico talvez seja uma das mais destacadas.
Na internet e nos livros existem tantas receitas, orientações, "lacrações", ordens, palavra de ordens, ideologias, mantras e tantras do que deve ser feito para se evoluir, crescer, "entender a vida", "parar de sofrer", "dissolver o eu", que seria até engraçado (com um olhar de bom-humor) se não fosse um pouco trágico.
A enxurrada dessas "receitas" e orientações gera também o caos e pode bem servir para confundir, piorando a sensação de desespero e desamparo.
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Na questão do casamento não monogâmico, isto é, do "relacionamento aberto" (dentre outros assuntos), podemos citar a famosa máxima de Gramsci: "a crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Neste interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem".
Cita-se especificamente o caso do "relacionamento aberto" porque é um dos elementos importantes da composição de uma nova sociedade, evitando julgamentos destrutivos e trabalhando para a superação da moral atual. O fato de muitas pessoas (e, principalmente, muitos militantes) propagarem e supostamente já praticarem o "relacionamento aberto" não significa que estejam necessariamente construindo uma nova forma de relacionamento "socialista", revolucionária ou, simplesmente, novas formas mais saudáveis de se relacionar.
Tudo tem que ser examinado com muito cuidado e critério, principalmente no trato entre si e no grau de autonomia emocional e real que desenvolve nas pessoas envolvidas.
Em muitos casos ocorre a infiltração de pensamentos, sentimentos e utilitarismos burgueses, dado que vivemos no capitalismo em decomposição selvagem e bárbara. Se não temos o "novo nascido" — ou sequer em vias de nascimento visível —, muito provavelmente esta modalidade de relacionamento pode ser infiltrada por motivações narcisistas, hedonistas e utilitaristas; muitas vezes se escondendo atrás de justificativas "modernas", "progressistas", "socialistas", "marxistas".
Não há relacionamento aberto possível sem se preocupar com o outro; sem ser sensível com suas demandas e tempos; sem paciência e, sobretudo, sem que o entorno, a sociedade, a moral, o julgamento alheio, estejam se modificando para melhor (por menor que seja o passo adiante).
É necessário, sobretudo, a autorreflexão, auto reconhecimento e maturidade — artigos raros, em especial, a última, uma vez que a sociedade capitalista, suas instituições, mídias e religiões organizadas, infantilizam as massas de seres humanos, injetando-lhe incontáveis doses diárias de hedonismo e narcisismo egocêntrico, como forma de dominação e submissão.
Salve Consciência Proletária! https://pcrtbrasil.blogspot.com/ . Nosso blog está à disposicção.
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