Recentemente Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que pretende criar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no campo, com o objetivo de facilitar a reintegração de posse em áreas rurais. Sabemos como as reintegrações de posse são feitas nesse país. Os inúmeros militantes do MST assassinados a sangue frio não deixam dúvidas, além das declarações de Bolsonaro em defesa da tortura e do assassinato. Agora o “presidente” quer legalizar o AI-5 no campo.
Para justificar mais esta barbaridade, afirmou que: “Você não pode comprar um imóvel no campo ou na cidade e de repente alguém vai lá e toma conta. Toma conta não, invade. Aí não é democracia. Onde a propriedade privada não existe é no socialismo, no comunismo. Não chegamos lá ainda”.
Para além do ato falho de “não chegarmos lá ainda”, salta aos olhos a hipocrisia sobre a “democracia”. Como um milico, adorador de Ustra e da tortura dos anos de chumbo, pode falar sobre "democracia", senão em um momento onde se criaram as condições para destruir qualquer resquício de coerência retórica e intelectual. Seria cômico se não fosse mórbido.
Bolsonaro ainda associa socialismo e comunismo à “invasão” daquilo que deveria ser público; isto é, daquilo que gera riqueza social (como a terra). Na verdade, o pré-requisito para que a propriedade exista é privar de propriedade a imensa maioria da sociedade. O que não é dito por Bolsonaro e pelos “nossos liberais”, portanto, é que a propriedade confere o “direito” de um ser humano explorar outro. E o capitalismo é basicamente isso. Bolsonaro está disposto a defendê-lo recorrendo à distorções teóricas, fake news e à medidas de ditadura militar, se necessário for. Eis aí sua “democracia”.
Os “nossos liberais” de governo (MBL, PSL, PSDB, NOVO, etc.) e da mídia comercial, falam em “liberdades individuais” que supostamente seriam garantidas pelo capitalismo, mas escondem a escravidão assalariada a que estamos sendo submetidos cotidianamente como política econômica permanente. Vendem a ideia de “liberdades individuais”, sem direitos trabalhistas, previdenciários e ameaçados pela escravidão por dívidas de crédito bancário.
Assim, seria mais adequado e honesto chamar de “liberdade para morrer de fome iludindo-se”...
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