segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O utilitarismo dos direitos humanos

Os "direitos humanos" continuam sendo uma manobra da grande mídia e dos governos capitalistas para iludir o povo. Esta, por exemplo, é a grande bandeira da blogueira cubana Yoani Sanchez, que está no Brasil.

Se Yoani se mobiliza realmente por isso, é preciso que ela saiba que o Brasil é um campeão de violação dos "direitos humanos": assassinatos nas periferias, no campo (Eldorado dos Carajás) e nas áreas indígenas (Guarani-Kaiowá e também nas obras de Belo Monte); despejos violentos (como o recente vivido na Vila Liberdade e Pinheirinho - dentre muitos outros). No Brasil não há direito de livre manifestação, nem de greve! Se uma pessoa diz o que pensa verdadeiramente no seu emprego é coagido e/ou demitido; se faz greve, o sindicato é obrigado a pagar multa via judicial, quando não sofre a repressão direta da polícia (como em Suape, nas obras da Copa).

Esperamos que ela diga tudo isso aos cubanos. Pois não é só em Cuba que ocorrem violações de "direitos humanos". Espero que ela diga também que os índices de analfabetismo brasileiro - ao contrário dos de Cuba - são astronômicos, e que isso nos enche de vergonha (ou pelo menos deveria). O nosso sistema de saúde está colapsado e em grande parte privatizado; nos hospitais públicos as pessoas são entulhadas nos corredores onde, evidentemente, não há nenhum tipo de "direito humano". Muitas delas dão a luz, vegetam, agonizam ou morrem por ali. O sistema prisional é um caos infernal, sem a menor chance de ressocialização.

Além de Cuba, Yoani precisava expressar sua opinião acerca da violação de direitos humanos no mundo "democrático": Colômbia, Iraque, Afeganistão, Egito, Arábia Saudita, Israel, Palestina. O que ela tem a nos dizer sobre o massacre de Palestinos? Ou acerca dos bombardeios "democráticos" da OTAN sobre a Líbia e a Síria?

Ela diz que o seu foco é sobre Cuba. Está certo! Então fale mais aos brasileiros sobre os direitos humanos em Guantánamo, aquela prisão norte-americana no leste de Cuba conhecida pela tortura de prisioneiros de guerra (em especial de afegãos) que Obama prometeu que fecharia, mas que lá está, livre, leve e solta, para continuar torturando e intimidando o mundo.

Os trabalhadores cubanos e mundiais precisam acertar contas com a burocracia stalinista de Castro. Mas não é Yoani que nos mostra o caminho. Pelo contrário! Ela é uma blogueira à soldo do imperialismo, aplaudida pela mídia burguesa mundial - em especial pela Rede Globo e Veja (os órgãos da ditadura militar, dos empresários, latifundiários)! Ela não está satisfeita com a restauração capitalista na Ilha. A sua crítica se centra na ditadura de Castro, reivindicando o direito de exercer a ditadura "democrática", tipo a que vivemos no Brasil, com vários partidos que defendem todos as mesmas coisas em essência e que não hesitam um minuto em aplicar os planos de austeridade dos bancos internacionais e do imperialismo.

Por tudo isso ela é uma colonizada vestindo a camisa do colonizador; uma capitã-do-mato em turnê mundial. Os trabalhadores e os estudantes do Brasil não devem acreditar no seu discurso demagógico, que é amplamente apoiado pela grande mídia. Seu lugar não é entre os explorados da América Latina, mas em Miami ou Washington, entre os seus pares da CIA. A luta dos trabalhadores cubanos e de todo o mundo deve ser não só contra os privilégios da burocracia dos Castro, mas, também, contra gente da sua laia.


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