Não é de hoje que as forças políticas de direita
tentam envenenar a consciência dos trabalhadores contra o socialismo. Além de
se utilizar da grande mídia, das igrejas, das escolas e universidades, hoje elas procuram fazer isso através das correntes de e-mails e das redes sociais. Para
isso, contam com o apoio de inúmeros atores informais, entre
intelectuais, estudantes, pessoas comuns e cínicos
profissionais, que ajudam a disseminar preconceitos e distorções sobre o
socialismo. Muitos destes “atores” temem e lutam contra o socialismo por medo
de perder suas benesses materiais e, consequentemente, sua posição social.
Um
exemplo desta campanha de internet se dá com o texto que segue abaixo, disseminado
em três versões diferentes nas redes sociais, no whatsapp e nos e-mails:
“Um professor de economia na universidade Texas
Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez,
reprovado uma classe inteira.
Esta classe em particular tinha insistido que o
socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo
seria igualitário e 'justo'.
O professor então disse, ‘Ok, vamos fazer um
experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas
nas provas’. Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e
portanto seriam ‘justas’. Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas,
o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro,
que ninguém receberia um ‘A’...
Depois que a média das primeiras provas foram
tiradas, todos receberam ‘B’. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas
os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos
estudaram ainda menos – eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma.
Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se
aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas
tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a
segunda média das provas foi ‘D’.
Ninguém gostou.
Depois da terceira prova, a média geral foi um ‘F’.
As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os
alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das
aulas daquela classe. A busca por ‘justiça’ dos alunos tinha sido a principal
causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer
parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para
beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram o ano... Para
sua total surpresa.
O professor explicou que o experimento socialista
tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus
participantes.
Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria
fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado. ‘Quando a
recompensa é grande’, ele disse, ‘o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos
para alguns de nós’.
Mas quando o governo elimina todas as recompensas
ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não
batalharam por elas, então o fracasso é inevitável’.
É impossível levar o pobre à prosperidade através
de legislações que punem os ricos pela prosperidade. Cada pessoa que recebe sem
trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber. O governo não pode dar para
alguém aquilo que não tira de outro alguém. Quando metade da população entende
a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá
sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena
trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de
uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a.”
O que precisamos
destacar, em primeiro lugar, é a facilidade com que um texto deste tipo, cheio
de distorções e erros teóricos e políticos, totalmente baseado em preconceitos,
possa ser tão amplamente disseminado na internet. Ele foi feito sob medida para
dialogar com os preconceitos das massas, sobretudo os de classe média. Além
disso, muitas pessoas quando compartilham correntes na internet nem sequer
confirmam a veracidade da fonte. Praticam o pior “telefone sem fio” e dão um
verdadeiro cheque em branco que é preenchido pela burguesia em benefício
próprio.
As informações e
a fonte deste texto são conflituosas. O suposto autor desta experiência seria Adrian Rogers, que em
algumas versões é apresentado como economista e professor da Universidade do
Texas; em outras é apresentado como pastor tele-evangelista norte-americano. Para
além deste “pequeno detalhe” da procedência e credibilidade sobre o autor, cabe
uma análise detalhada do conteúdo da mensagem.
I –
O conservadorismo e o preconceito de classe média
Como é possível
que um texto como esse, duvidoso e cheio de problemas teóricos, possa ser tão
compartilhado como se fosse algo importante?
Inicialmente
podemos encontrar duas respostas para tal questão:
1) A
ignorância em relação ao socialismo: muitos destes “compartilhadores”, críticos
do socialismo (geralmente membros da
classe média), nunca abriram um único livro sobre socialismo ou o estudaram
sociologicamente, tal como uma ciência social exige. Suas leituras sobre o tema
centram-se na grande mídia e em periódicos direitistas, como a Revista Veja, Isto é, O Globo, F. de São Paulo, Zero
Hora, dentre outros. Não possui conhecimento e interesse acerca do que
representa o socialismo, mas tem apenas preconceito, alimentado,
principalmente, pelo medo.
2) O
grande conservadorismo da classe média e de parte dos trabalhadores, baseados
em caráteres encouraçados, reprimidos, que em razão de suas neuroses e medos
não tratados, alimentam ódios para despejar o seu sadismo; resultado desta
opressão e brutalização sexual. Para mentalidades deste tipo, nenhum argumento
é válido, pois em sua ânsia de despejar seu ódio mal resolvido, suas dores,
seus medos e seus desejos reprimidos, querem ver na desordem da qual depende a
sua condição social, na cizânia e num inimigo público em comum, o alvo de tudo o
que não presta em si próprio.
II
- Quem quer fugir do trabalho?
O texto faz uma
comparação bizarra, que em nada contribui para se entender o que é socialismo.
Nele, há apenas uma visão burguesa sobre o assunto. A burguesia sempre tentou
associar “socialismo” a “fuga do trabalho”, “preguiça”, dentre outras
preciosidades do gênero. Karl Marx e Friedrich Engels já responderam estes
ataques há mais de 150 anos, no Manifesto Comunista. Eles afirmaram:
“Tem-se objetado que com a supressão da propriedade
privada cessaria toda a atividade e alastraria uma preguiça geral. De acordo
com isso, a sociedade burguesa teria há muito de ter perecido de inércia; pois os que nela trabalham não ganham, e os
que nela ganham não trabalham”.
O que a burguesia
pretende manter com esse preconceito sobre socialismo é o seu monopólio sobre a
preguiça. Somente quem possui capital pode comprar trabalho alheio e garantir o
privilégio de não trabalhar (ou trabalhar apenas intelectualmente e mandar nos
outros). Atualmente, inúmeros setores da classe dominante vivem de forma
parasitária, sem produzir absolutamente nada e sustentando-se às custas do suor
alheio: os banqueiros, especuladores, agiotas, magnatas industriais, rentistas,
latifundiários, ideólogos da grande mídia. Apenas um setor muito pequeno da
burguesia ainda se mantém fazendo algum tipo de empreendedorismo social. Foi-se
o tempo em que a classe burguesa era essencialmente empreendedora. Hoje, toda
esta chorumela em torno de que os “socialistas não querem trabalhar”, apenas esconde
o fato de que a burguesia e grande parte da classe média precisam manter o
capitalismo funcionando para não precisar trabalhar, podendo dispor, por lei,
da mão-de-obra de milhares de pessoas que são obrigadas a trabalharem para
elas.
Vejam o escandaloso
caso de concentração de renda sob o capitalismo: 8 bilionários possuem o
equivalente a mais da metade do que possui toda a população mundial. Trocando
em miúdos, isso significa que no capitalismo quanto mais a população trabalha e
passa privações, mais a burguesia enriquece às custas deste mesmo trabalho e
destas mesmas privações. Se fizermos uma análise psicanalítica desta intenção
da burguesia expressa no texto, perceberemos que ela tenta, historicamente,
imputar aos trabalhadores que lutam por uma sociedade justa a sua real
intenção, que é viver na pujança sem precisar trabalhar. O pensamento expresso
no texto define exatamente o que é o capitalismo: para cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar
sem receber. E é exatamente assim que este sistema caótico e injusto
funciona; não em uma classe universitária fictícia, mas na realidade palpável e
visível à luz do dia. O salário recebido pelo proletário não é capaz de
acumular capital; apenas quem é proprietário de um meio de produção – isto é,
um burguês – é capaz de fazê-lo. Assim, o trabalhador é obrigado a “se vender”
em busca de um salário para poder subsistir e fornecer a futura prole que
suprirá o mercado com mais mão-de-obra. Para um triunfar, centenas precisam
fracassar. É esta lógica perversa que os defensores do capitalismo querem
relativizar ou mesmo negar.
O texto fala de
“legislação que pune os ricos pela sua prosperidade”, como se ao mudar a sua
condição social eles fossem injustiçados. Temos, porém, que nos perguntar antes
de tudo: em que alicerces estão sustentados a prosperidade dos ricos no
capitalismo? Não há dúvida de que na exploração da força de trabalho do
proletariado, que desprovido de meios de produção e capital, é obrigado a se
vender como mão-de-obra barata. Da mesma forma, poderíamos fazer um paralelo
entre a riqueza dos países “desenvolvidos” versus
a pobreza dos países “subdesenvolvidos”. Na verdade, o “desenvolvimento” dos
países centrais (imperialistas) está alicerçado no subdesenvolvimento do
terceiro mundo.
Isso não
significa desconhecer a grande importância do empreendedorismo econômico da
burguesia ao longo da história (sobretudo durante a Revolução Industrial). Mas
este empreendedorismo chegou num outro patamar social desde o início do século
20. É preciso socializar o conhecimento técnico, os meios de produção e
políticos para incentivar por vários meios a transformação de toda a sociedade
em uma grande escola de empreendedores, respeitando as capacidades de cada um.
III
- A questão da meritocracia (o socialismo é desprovido de valorização do mérito?)
Igualdade social
não quer dizer ausência de esforço pessoal. O socialismo, muito mais do que o
capitalismo, deverá incentivar o desenvolvimento das potencialidades
individuais. Precisará, é claro, extirpar as neuroses de massas, o
autoritarismo, a educação e o emprego sustentados pelo medo da repressão.
A comparação
entre dinheiro (economia) e notas de aula (uma espécie de reconhecimento sobre
determinada aquisição de aptidões) é muito arriscada. Toda analogia deve ser
levada muito cuidadosamente em consideração (sobretudo em relação à política).
Neste caso, não restam dúvidas de que se trata de uma utilização para a má fé.
O objetivo claro é lançar preconceito em relação à ideia de socialismo.
***
Não existe uma
receita de bolo para o socialismo. Assim como o capitalismo não surgiu pensado
por uma única mente ou por um partido, mas como o resultado de relações sociais
determinadas, o socialismo também deverá ser o resultado de um movimento
social, cujas características gerais não podem ser determinadas de antemão. No
entanto, é certo que estas características podem ser intuídas e deverão ser
melhor planejadas do que as relações sociais do capitalismo.
Este sistema
possui relações sociais que estão submetidas a lógica do mercado, que é
semi-espontânea, alheias ao social e, quando necessário, sujeitas às imposições
autoritárias (ideológicas e militares). O socialismo deverá ser um sistema
econômico mais planejado e racional do que o capitalismo. Este é um pré-requisito
necessário para que possa surgir: a humanidade precisa criar as condições
políticas e econômicas para controlar o caos do mercado e da economia. Mas
estas condições não podem ser decretadas; precisam ser criadas. A clareza
ideológica é muito mais importante numa sociedade socialista do que numa
sociedade capitalista, que precisa de indivíduos alienados, “apolíticos”,
neuróticos. Isso não quer dizer que não existam indivíduos sãos, mas estes
precisam romper com uma lógica moral e política já imposta; o que é muito
difícil. É bastante complicado ser diferente no capitalismo, que busca sempre a
permanente padronização de uma maioria. Sem estas condições, dificilmente
conseguiria impor o consumo do supérfluo.
O socialismo
sofreu alguns revezes na luta contra o capitalismo durante o século 20. O
principal entrave foi o surgimento do stalinismo, que estancou o processo
social que se desenvolvia na Rússia nos primeiros anos da revolução
(1917-1925). Alguns exemplos deste desenvolvimento social se deram no campo
político (surgimento dos sovietes e de novas formas de administração social – o
comissariado do povo e os congressos de sovietes); outros no campo científico
(emergiram grandes pensadores como Vygotsky, Makarenko, Bakhtin; a Rússia
eletrificou-se, industrializou-se e alfabetizou-se); outros no campo social
(igualdade entre os sexos, direito ao voto para as mulheres, ao divórcio, ao
aborto, ao exercício de cargos políticos, dentre outros; a família patriarcal
foi abalada); e, também, no campo artístico (Maiakovski, Gorki, Eisenstein, sem
falar na migração de vários artistas europeus para a Rússia).
A vitória do
stalinismo no final da década de 1920 levou a um terrível retrocesso em todos
estes campos (a extinção total em alguns casos) e esmagou as poucas liberdades
civis. Em “nome do socialismo” o stalinismo extinguiu a possibilidade de triunfo
do socialismo. Desfigurou o partido comunista, os sovietes, a moral socialista.
Enlameou o nome do socialismo perante os olhos dos trabalhadores do mundo. Facilitou
a vida e a propaganda da burguesia. Os crimes do stalinismo aplainaram o
caminho para que um texto medíocre como este pudesse ter tanta audiência. A
noção de que o socialismo é enfiado goela abaixo de cima para baixo por um
indivíduo ou um partido, sem valorizar o esforço individual, a democracia e o
humanismo, foi fruto desta ascensão da camarilha de Stalin ao poder.
A valorização do
esforço individual – inclusive para receber salários maiores ou qualquer outro
tipo de benefício – deverá ter outros critérios numa sociedade socialista,
elaborados de forma muito mais racional e justa. Necessariamente prescindirá da
demissão como terrorismo psicológico de controle. Precisará ter como alicerce
uma nova educação pública e uma utilização racional e democrática da grande
mídia.
IV
– A construção do socialismo não segue nenhuma receita
A construção do
socialismo não segue nenhuma receita, mas uma via social determinada
historicamente. O texto criticado tenta demonstrar que para se “construir” o
socialismo basta igualar todo mundo e distribuir acriticamente a riqueza. Isso
não é socialismo! Pode ser comparado, muito limitadamente, ao que os
socialistas revolucionários chamam de assistencialismo (o governo do PT e do
PSDB, bem como o dos países semi-coloniais, são campeões em diversos tipos de
assistencialismo).
O socialismo
surgiu como pensamento sociológico a partir de experiências reais: a revolução
social européia de 1848, a
Comuna de Paris de 1871, a
organização da social-democracia alemã no final do século 19 e início do 20, a Revolução Russa de 1917, a Revolução Chinesa
de 1949 e a Cubana de 1959. Estes processos foram o reflexo, ao mesmo tempo, de
um descontentamento e de uma nova forma de organização social. Não foram os
seguidores de Blanqui, Proudhon ou de Marx que definiram, de cima para baixo, a
nova organização social que surgiu a partir da tomada do poder pelos operários em Paris. Da mesma forma,
não foi Lenin que inventou e decretou os sovietes na Rússia; isto é, os órgãos
sociais que surgiram e tornaram possível a revolução de outubro de 1917. O
mesmo poderia ser analisado nos outros exemplos.
Muitas medidas
impostas por ditadores, como Stálin e Mao Tse Tung, dão a impressão de que o
socialismo seria fruto de uma vontade imposta de cima para baixo, tal como uma
possível receita de bolo; mas isto é algo totalmente sem fundamento para
qualquer pessoa que folhear um único livro sério sobre socialismo. Estas
distorções grosseiras da ideia de socialismo refletem mais a degeneração
política dos processos sociais em curso (no caso o surgimento do stalinismo
durante o século 20) do que qualquer outra coisa. O texto em questão, portanto,
dialoga mais com esta ideia errônea e preconceituosa do que com a real noção do
que é e representa o socialismo – sobretudo o de cunho marxista e trotskista.
Para ser honesto
nesta comparação, o texto teria que ser sincero na noção do que é socialismo:
os alunos deveriam debater os critérios da avaliação, e não ver passivamente o
professor decretar que todos teriam a mesma nota. No socialismo não deverá
haver salários iguais para trabalhos e especialidades diferentes. A única e
verdadeira igualdade que o socialismo “decreta” é sobre os meios de produção de
riqueza social: fábricas, terras, empresas, bancos, transportes e comunicação
social. Se estes meios de produção
produzem riqueza social, então precisam ser coletivos também, isto é, sociais.
Nada tem a ver, portanto, o fato de que no socialismo todos deveriam receber o
mesmo salário ou, conforme o texto, a mesma “nota”. Um professor precisa
avaliar distintamente os alunos, pois possuem ritmos de aprendizagem
diferentes; assim como os operários possuem necessidades profissionais e
familiares diferentes também. O texto, para ser honesto, deveria frisar a
importância da elaboração coletiva de critérios para avaliação e para receber
as notas, e não simplesmente afirmar que o socialismo iguala tudo e favorece os
“que não querem trabalhar”. Isto é uma distorção grotesca!
V -
Conclusões
Desfeita a
confusão intencional, resta a conclusão: se pode concordar que “é impossível multiplicar a riqueza
dividindo-a”; mas isso não é socialismo! O socialismo trata, como foi dito,
da divisão dos meios de produção; isto é, de tudo aquilo que tem capacidade de produzir riqueza social. Coloca os meios
de produção sob controle coletivo, social, dos trabalhadores. Uma vez que esta
base sociológica seja compreendida, praticada, consolidada e ensinada aos
quatro cantos, não apenas a riqueza será dividida, como será multiplicada; cada
uma sendo a condição da outra. Este será o ponto de mutação do início do fim da
pré-história humana e o requisito necessário para a real evolução da sociedade.
A regulagem
científica e racional da existência humana é o objetivo mais alto de uma
sociedade socialista. É preciso se utilizar da socialização da riqueza e do
conhecimento para extirpar o irracionalismo das massas e ajudá-la na sua
evolução emocional; isto é, na superação da dependência e espera de um
“messias” que tudo fará por ela.
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