domingo, 27 de novembro de 2016

"Snowden - herói ou traidor?": uma resenha


O filme do diretor Oliver Stone que aborda a vida de Edward Snowden - ex-membro da CIA e da NSA; e hoje perseguido político dos EUA, tendo que viver refugiado em Moscou - é um atestado eloquente do papel nefasto cumprido pelo imperialismo norte-americano pelo mundo. Desfaz o mito da "maior democracia do mundo", do país que "defende intransigentemente o individualismo" e usa a sua tecnologia de espionagem exclusivamente contra o terrorismo. Como Snowden bem denunciou, este é apenas o álibi que serve para a dominação política e econômica.
Refém de muitas crises morais em razão do que estava ajudando a desenvolver e a manter, Snowden demonstrou para o mundo o esquema de controle, chantagem e espionagem feito pelos EUA de países, governos, empresas, bancos e pessoas comuns (como não poderia deixar de ser, Dilma e a Petrobrás aparecem como alvos de espionagem no filme). Nada escapa: celulares, laptops, tablets, e-mails, redes sociais. A guerra tecnológica é o meio que o imperialismo norte-americano utiliza para dominar o mundo: internet, hardwares, softwares, drones, suposta perseguição à hackers, dentre outros. Os servidores - em sua maioria instalados em território norte-americano - são utilizados sem nenhum escrúpulo para a obtenção de vantagens, segundo o próprio relato do filme, para uma "posição militar silenciosa".
Este aparato de espionagem foi legalizado pelo ex-presidente republicano norte-americano, George W. Bush. Em nada foi modificado pelo democrata, Barack Obama, inclusive sendo exaltado por Hillary Clinton; e certamente será inescrupulosa e raivosamente utilizado por Donald Trump.
A espionagem global tem a total conivência e apoio das grandes corporações de comunicação, de internet e de tecnologia. A crítica feita à URSS por intermédio do tendencioso livro de George Orwell, 1984, e o esquema de controle desenvolvido por Stalin, são brincadeiras de criança comparados ao aparato de espionagem do imperialismo ianque. O Big Brother está em plena vigência. A diferença é que esta espionagem é silenciosa e imperceptível em um primeiro momento. Se trata de uma forma de espionagem para se antecipar a qualquer debate ou posição política dos movimentos sociais, organizações de esquerda, sindicatos e qualquer organização da sociedade civil; além, é claro, dos ataques militares nas guerras que o imperialismo patrocina mundo afora. As peças do tabuleiro são modificadas nos bastidores. As ações são tomadas de antemão, sem dar chance para qualquer reação (vide a ação dos drones norte-americanos nas guerras do Iraque, da Líbia e da Síria).
Não é possível manter a atual forma de desenvolvimento de tecnologia. O "Tratado Snowden" defendido pela ONU e pela "esquerda" reformista é um primeiro passo, mas ainda muito tímido. Os trabalhadores conscientes precisam escrever no seu programa a urgente necessidade da expropriação e decodificação desta tecnologia usada na internet e nos computadores. É preciso destruir o monopólio dos servidores residirem apenas nos EUA. Devemos lutar pela socialização da construção de servidores em cada país que assim o desejar, sem ter que mandar obrigatoriamente as informações para os servidores ianques. É fundamental a ampliação dos fóruns do software livre, lutar pela abertura e decodificação de todos os sistemas operacionais, pois trata-se de conhecimento humano e, enquanto tal, precisa ser socializado.
Snowden deu o primeiro passo para tomarmos conhecimento do monstro. Agora precisamos discutir novas táticas para combatê-lo.


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