Vivemos no Brasil e no mundo o ascenso da direita como o reflexo do aprofundamento da crise econômica. Isso significa o aumento de debates que trazem pautas conservadoras, excludentes, confusionistas, meritocráticas e, até mesmo, nazi-fascistas. Frequentemente as discussões descambam para agressões verbais, fruto, talvez, da impossibilidade de respostas.
Apesar da diversidade destes debates, é possível perceber que certos tópicos políticos, não casualmente, se repetem, tais como:
- Relativização: os partidários da direita seguidamente procuram relativizar (ou mesmo negar) a existência das elites e das classes sociais. Para eles, qualquer tentativa de responsabilizar as elites ou a classe dominante pela crise capitalista é "coisa de esquerdista". Tentam confundir atacando. Só não conseguem explicar o aumento exponencial dos bolsões de miséria nas periferias das grandes cidades; muito menos as disparidades de renda cada vez mais abismais. 1% de ricos detém 46% da riqueza mundial. Para eles, isso não existe!
- Provocações: é comum nas discussões os ataques gratuitos (sobretudo pessoais) na tentativa de desviar o foco da discussão para elementos secundários ou terciários (em suma: para picuinhas). O tom da voz se eleva seguidamente, interrompendo a argumentação. É rotineiro ouvir "vai pra Cuba!", como se uma mudança social revolucionária no Brasil fosse repetir exatamente os passos da Revolução Cubana. Mandar alguém pra Cuba não seria a forma mais patética de dizer "eu não tenho como responder"?
- A administração privada e meritocrática como "saída": este programa político, levantado por alguns com consciência (enquanto que a outra grande parte por "inércia intelectual"), é o que mais se aproxima de uma tentativa de debate. Segundo eles, a aplicação de medidas de privatização e meritocráticas resolveria todos os problemas sociais (e jamais serviria para o aumento da miséria; ou, segundo os mais honestos, acarretaria numa "miséria necessária"). O que não explicam é por que o Brasil não resolveu seus problemas sociais (ou sequer se modernizou) com a onda de privatizações durante a década de 1990? Mas, ao contrário, aumentou a disparidade entre ricos e pobres. Mesmo o FMI reconheceu (cinicamente, é claro) o "aumento da miséria" a partir das políticas neoliberais. E eis que os paladinos tupiniquins da privatização (sempre reféns do complexo de vira lata semi colonial) seguem repetindo os tantras reacionários que os seus amos já abandonaram.
As forças sociais progressistas - sobretudo as revolucionárias - não devem desanimar. Resistir é preciso! O futuro nos pertence! Esta esquizofrenia política, somada a um cinismo que não pode dar o braço a torcer porque isso significaria reconhecer seus privilégios, é um sintoma de que não representam nada mais, nada menos, do que o passado em estado de putrefação.
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