1) Está em curso no Brasil um golpe orquestrado pelas forças conservadoras (PSDB, Democratas, Solidariedade, Força Sindical, diversas legendas de aluguel e setores da grande mídia) para desgastar, derrubar e inviabilizar o governo Dilma (do PT e dos demais partidos aliados). Como Lula seria, talvez, a única figura petista que poderia vencer as eleições de 2018 pelo PT, este desgaste político prévio visa dificultar sua candidatura. Cabe ressaltar que o ataque a Lula se dá logo após a maioria do STF aceitar denúncia contra Eduardo Cunha na Operação "Lava Jato". A luta contra a corrupção centrada apenas no PT é uma farsa que visa esconder a corrupção reinante em todas as demais siglas burguesas (PSDB, Democratas, Solidariedade, PMDB, PSB, PDT, PTB, PP, PPB, PSD, PSC, etc) e desmoralizar toda a esquerda, sem distinção.
2) A Petrobrás era a espinha dorsal das políticas econômicas dos governos petistas; tanto é assim que ela era a responsável por 60% das obras do PAC. Portanto, os ataques fulminantes e sem tréguas da oposição de direita e da grande mídia contra a Petrobrás são premeditados e certeiros, não para resolver os seus problemas de corrupção, mas para desestabilizar o governo e acelerar a sua entrega às multinacionais do Big Oil. Compactuando em parte com esta entrega, os governos petistas visavam um pseudo "nacional desenvolvimentismo" de setores secundários da economia, com um altíssimo custo de corrupção por parte das empreiteiras, amigas do governo federal. Este é o preço da "modernização conservadora" proposta pelo reformismo petista.
3) O governo Lula contraiu um empréstimo de U$10 bilhões com o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) para financiar a sua política de desenvolvimento a partir da Petrobrás, que tem como contrapartida gastar U$3 bilhões em compra de equipamentos e tecnologias da China, e o comprometimento da Petrobrás em lhe fornecer 200 mil barris de petróleo por dia, durante 10 anos. O acordo seguia com o governo Dilma. Atualmente o mundo todo está submetido à disjuntiva: EUA/Europa X China/Rússia (hoje disputando o mundo no campo do capitalismo). É só olhar mais criticamente a situação de Ucrânia, Síria (Oriente Médio em geral), Argentina e Venezuela. Entre os primeiros países, os ânimos estão acirrados ao ponto do enfrentamento militar aberto; e nos segundos, ao enfrentamento disfarçado. Por aqui, a “mobilização” pacífica das bandeiras neoliberais nos atos chamados pela direita (como o que se avizinha em 13/03) vai cumprindo a sua missão de pressionar a opinião pública e o governo "pela direita". O patriotismo deste “movimento” e dos partidos da oposição de direita é profundamente cínico, pois significa apenas a incondicional submissão aos interesses do imperialismo ianque e dos demais partidos burgueses (PSDB, Democratas, Solidariedade, etc).
4) Os militantes do PT e da CUT afirmam que é preciso defender o governo, dentre outros motivos, porque Lula "é a maior liderança que a classe operária gerou no mundo", o que é uma mentira absurda! Lula é um traidor dos trabalhadores (como o foram Getúlio Vargas, Juan Perón, Stálin e tantos outros). De operário tornou-se um burguês; tal como o PT transformou-se de um partido operário em um partido burguês. Ser contra o golpe e denunciá-lo não pode significar, em nenhum momento, apoio político ao governo Dilma, que aplica um atroz programa de retirada de direitos (reforma da previdência, cortes orçamentários, MPs que destroem a CLT, etc) que é apoiado pela direita que quer derrubá-lo. Ser contra o golpe é unicamente defender as liberdades democráticas mínimas que possuímos, denunciar as cínicas intenções do golpe, expresso nas suas bandeiras conservadoras e de retirada de direitos, que em absolutamente nada resolverão os problemas de corrupção e da economia.
5) Um suposto governo (Temer? Cunha? Aécio?) que assumisse o lugar de Dilma seria impiedoso com estas "liberdades" mínimas. O governo do PT está retirando direitos pouco a pouco; um governo do PSDB terminaria com eles o quanto antes, se aproveitando do "apoio" do senso comum, criado a partir das manifestações de rua (tipo 13/03) e de parte da grande mídia. Na ótica da "oposição de direita" o governo está demorando para "ajustar" (sem falar nos programas sociais que, na lógica mesquinha, egoísta e arrogante deles, "desperdiça" dinheiro público, que deve ser todo destinado ao "bolsa banqueiro" e ao "bolsa multinacional").
6) Apesar de uma grande parte da elite brasileira estar por trás do golpe contra o governo Dilma (PT), outra parte da elite o sustenta (os governos Lula e Dilma enriqueceram bancos, emissoras de TV, agronegócio, empreiteiras, empresários e setores das multinacionais - os governos petistas mesmo nos dizem isso). Gratidão não é uma característica da burguesia, que usou e abusou do PT, da sua liderança sobre o movimento de massas, e desde o ano passado está o cuspindo fora, como um bagaço que já não serve mais. Que a militância honesta e de base do PT não esqueça disso, que não é nada mais, nada menos, do que o resultado do programa e da estratégia de "reformar" o capitalismo.
7) A história se repete: ontem golpe orquestrado entre EUA e elite local contra Getúlio Vargas e Perón na Argentina; hoje contra os governos do PT. Cabe ressaltar, contudo, que estes últimos fizeram muito menos do que os primeiros, o que demonstra o esgotamento de qualquer tipo de "reforma" do capitalismo e o caráter predatório do imperialismo.
8) Quando muitos ativistas de esquerda lutavam contra os ataques dos primeiros governos Lula (2003-2010), tais como a Reforma da Previdência, sindical, trabalhista; aumento extraordinário dos lucros dos bancos e multinacionais; arrocho salarial; ocupação do Haiti em nome do imperialismo; criminalização dos movimentos sociais; privatizações e concessões; dentre outros; a mídia nada falava sobre triplex do Guarujá e da chácara em Atibaia. Era propagado aos quatro cantos a "alta popularidade" de Lula, que também era "o cara" para Obama. Delphin Neto (ex-ministro da ditadura e comentarista econômico dos grandes meios de comunicação) dizia com razão: "Lula salvou o capitalismo no Brasil". Porém, a época das "vacas gordas" (programas sociais, investimento estrangeiro, etc.) defendida pela militância petista não deixou nada para o povo. As pequenas concessões vão escorrer como areia pelos dedos, com o olhar sentido de inúmeros militantes que acreditaram que a via petista era a "única possível".
9) Os trabalhadores conscientes não devem sustentar acriticamente Lula e o PT; muito menos apoiar as forças conservadoras do golpismo para supostamente "punir o PT". Devem sim ser contra o golpismo, muito embora, a questão fundamental seja construir uma linha política, desde o movimento sindical, de independência de classe (ou seja, construir um caminho independente da direita e do governismo). Devem procurar se organizar politicamente nos sindicatos, denunciar as tentativas de manipulação política de um bloco ou do outro, e discutir a fundação de um partido revolucionário que organize politicamente a classe trabalhadora brasileira, cuja "vanguarda" de hoje está deformada e deseducada pelo oportunismo eleitoreiro de PSOL, PSTU, PCO, dentre outros.
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