quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A posse dos carrascos

Os noticiários de todos os telejornais dão destaque para a posse de Dilma Roussef (PT) e dos governadores estaduais (com destaque para Sartori do PMDB no RS). A principal palavra de ordem dos “eleitos”, destacada com grande ênfase pela grande mídia, foi uma só: cortes!

Mas “cortes” de quê? De árvores, de laços, de relações? É evidente que não! Trata-se unicamente do cortes de gastos. Muito bem! Mas de quais gastos? Do fim das isenção de impostos dado às grandes empresas multinacionais e nacionais, do pagamento das dívidas externa e interna? Outra vez a resposta é evidente: é claro que não! Somente cortes nos gastos públicos: saúde, educação, transporte, etc.; feitos através do arrocho salarial, das demissões, da intensificação da exploração, da retirada de direitos e da lenta destruição dos serviços públicos.
           
No RS, a grande mídia destacou que uma das medidas do governo Sartori será cortar CCs. Por toda a política do PMDB (que governa o país junto com o PT) é difícil acreditar que isso de fato venha a acontecer. Muito provavelmente essa justificativa dos cortes de CCs seja uma cortina de fumaça para eclipsar os verdadeiros cortes de gastos públicos. Sendo assim, os verdadeiros “cortes” serão apenas para o povo, enquanto que para a grande burguesia continuará servido o farto banquete de sempre: isenção de impostos, garantia dos lucros, exploração do povo. Aliás, os cortes nos gastos públicos são uma pré-condição para que este “farto banquete” continue.
           
A demagogia de Sartori e da grande mídia gaúcha se deu em torno do “corte de CCs”; a de Dilma, por sua vez, se deu em torno do “investimento pesado em educação”. Mas existe uma contradição gritante: como “investir pesado em educação” se o objetivo é cortar gastos? São objetivos auto excludentes. Qual é o verdadeiro? Ou ainda: em que tipo de educação o governo federal quer “investir pesado”? Alguns elementos para a resposta destas perguntas podemos encontrar na nomeação dos seus ministros, grandes capitalistas de diversas áreas, tais como: Joaquim Levy (banqueiro do Bradesco), Kátia Abreu (ruralista e latifundiária extremamente reacionária), Armando Monteiro (CNI), dentre outros (nomeações amplamente apoiadas pelo PSDB).


Depois da farsa eleitoral de 2014 sobrevém a dura realidade, expressa na única bandeira eleitoral que o governo Dilma colocará em prática sem demagogia: os cortes orçamentários para o povo; tudo visando passar os custos da crise capitalista internacional para os ombros dos trabalhadores. Portanto, quem está tomando posse neste 1º de janeiro são os carrascos do povo. Se olharmos a realidade de frente, sem doutrinas de consolação, ficará muito difícil dizer que os trabalhadores terão um “feliz 2015”. É preciso organizar a luta contra tudo isso; mas para dar o primeiro passo nesse sentido é fundamental combater as ilusões do povo e, antes de tudo, da vanguarda dita de “esquerda”, que ontem ainda via esperanças eleitorais nos carrascos que, empossados hoje, nos esmagarão amanhã.

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