sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

A pirataria contra a Venezuela: um teste de soberania para a América Latina

Os ataques do imperialismo estadunidense à Venezuela, que nunca deram tréguas e agora degeneraram em pirataria sobre os cargueiros de petróleo, trazem à tona o nosso velho dilema continental: queremos ser livres ou não?

Concordemos ou discordemos do “regime bolivariano” liderado por Maduro, não é possível minimizar ou tolerar sob nenhum ponto de vista os ataques ianques contra o país caribenho, nosso irmão de sangue e suor.


A pirataria norte-americana é a expressão do desespero resultante da decadência mundial frente à China e aos BRICS

Frente à sua visível decadência global, o imperialismo estadunidense quer demonstrar força no “seu quintal”, ao mesmo tempo em que trabalha para sabotar o abastecimento de petróleo da China, principal parceiro comercial de quase toda a América Latina. O imperialismo estadunidense não pode mais fazer frente a esta crescente influência chinesa no mundo pelos meios econômicos e políticos “democráticos” e convencionais, por isso apela à pirataria. Os vassalos regionais aplaudem este ataque e torcem, aberta ou secretamente, pela queda do regime venezuelano e a total recolonização de nosso subcontinente; isto é, para a colonização de si mesmos!

Tais vassalos são os corresponsáveis pelo sucesso da doutrinação neoliberal nos países latino americanos e recebem um bom pagamento pelos seus serviços. O principal cavalo de Tróia anti-soberania é a grande mídia nas suas mais distintas esferas. Depois, os partidos e movimentos de direita, sendo seguidos pelos seus apoiadores.

Por anos envenenaram o povo contra o regime da Venezuela, não pelos problemas corretos, mas pelos errados, como, por exemplo, a coragem venezuelana de enfrentar o amo imperialista do norte! Algo inaceitável para os vassalos neocoloniais. A doutrinação neoliberal feita por eles nos obriga a engolir a miséria da corrupta e submissa “democracia liberal” — que na América Latina conhecemos muito bem por condenar milhares de pessoas “democraticamente” ao subemprego, desemprego e à fome — como se fosse uma solução, quando ela não passa de um grilhão de aço.

Como oportunistas empresariais que são, a grande mídia preferia a condução do ataque à Venezuela feita pelo partido democrata, pois ele trabalha usando as armas da “democracia estadunidense” e dos “direitos humanos”, porém, a cobertura jornalística atual tem que lidar com a truculência de Trump, a qual ela vende uma falsa preocupação, embora em seu íntimo esteja feliz com as ações autoritárias e firmes do republicano neofascista. Uma futura gestão democrata irá complementar as ações do “rival” por meios mais “democráticos”, e assim vão dobrando a soberania do nosso subcontinente.

Para além das ações de pirataria — condenada pontualmente por países europeus, como Inglaterra e França —, o governo Trump gasta bilhões de dólares comprando a elite dos países latino-americanos, financiando eleições e dando golpes em governos do nosso subcontinente, incluindo as inúmeras tentativas de golpe e influência eleitoral na Venezuela.

¡YA BASTA!

Quando o poder imperialista hegemônico é ameaçado, o imperialismo viola quaisquer leis do sacrossanto “livre mercado” e dos “direitos humanos”. Como parte de sua estratégia de dominação, isso só foi possível porque houve uma minuciosa preparação por anos de mentiras e distorções midiáticas, uma verdadeira lavagem cerebral neoliberal, que jogou todos os países e a maioria dos povos da América Latina contra a Venezuela por conta do seu “regime político” — que nada mais é do que uma reação, uma tentativa por vezes desesperada e equivocada de soberania popular, fazendo o que pode em condições adversas, frente à dominação absolutista exercida pelos EUA na América Latina — tal como fizeram no século XX e ainda fazem contra Cuba.


Para termos soberania na América Latina é essencial descolonizar o jornalismo, o debate político e a mente do povo!

Uma outra força de quinta coluna está na mente colonizada dos latino americanos, que toleram o discurso midiático contra o “regime ditatorial” de Maduro, mas aceita a violência imperialista estadunidense em forma de embargo, bombardeios, sabotagens e pirataria, não apenas contra a Venezuela, mas a maioria dos países latino-americanos e do mundo que fogem às suas diretrizes “democráticas”.

A ditadura neoliberal imposta pelos EUA e as suas mídias é infinitamente mais nefasta e violenta do que a suposta “ditadura de Maduro”, que, apesar de contradições populares — que não negamos! —, tenta por caminhos tortuosos lutar por sua soberania e pelo direito de definir como utilizar os seus recursos naturais. Sempre foi e sempre será pelo controle do petróleo! O discurso de “narcoterrorismo” é uma piada macabra, pois a elite norte-americana, apoiadora de Trump, dos republicanos e dos democratas, regou e sempre regará os seus banquetes e orgias sexuais com a cocaína produzida na América Latina, tendo a conivência dos governos de plantão, o lucro milionário dos traficantes e o trabalho semi-escravo dos produtores.

O “narcoterrorismo” é o discurso de ocasião para dar uma falsa consciência moral de se estar “fazendo o que é certo”, tal como foi o discurso contra o terrorismo no Afeganistão, as armas químicas no Iraque, os “direitos humanos” na Líbia, “as ditaduras comunistas” na Guatemala, em 1952, e no Brasil, em 1964, para abrir caminho e impor a ditadura capitalista neoliberal disfarçada de “democracia”. 

Aceitar e reproduzir o discurso de narcoterrorismo contra um governo que luta por sua soberania é não entender nada; é se tornar o colonizado feliz, que clama pela colonização do mais forte contra si mesmo, tendo o país saqueado, pirateado, empobrecido voluntariamente, pra depois jogar a culpa pela pobreza sobre o próprio povo, a má sorte ou o alinhamento dos astros! Ou seja, facilita a sucção do monstro imperialista para que fortaleça sua máquina e redobre a sua capacidade de exploração sobre nós mesmos, garantindo o seu desenvolvimento econômico às custas da nossa miséria e subdesenvolvimento!

Existem quintas colunas menores e com menos influência de massas do que a grande mídia, que é a esquerda dita “revolucionária”. Ela comete um “erro” semelhante aos dos agentes midiáticos transformando o regime venezuelano em um problema maior do que as sucessivas agressões imperialistas a um país irmão. Assim, abre caminho para as agressões ininterruptas do imperialismo contra a Venezuela. 

De fato não podemos nunca esquecer o problema do caudilhismo em nosso subcontinente, no entanto, agora devemos nos colocar incondicionalmente contra uma agressão de uma potência estrangeira justamente porque este regime caudilhista tem impedido o imperialismo de colocar suas garras de rapina sobre o petróleo.

Vergonha eterna sobre a diplomacia brasileira, chilena e argentina, que vacilam em apoiar e cerrar fileiras contra essa agressão monstruosa a um país irmão, que, apesar dos pesares, luta!

Países dignos, com vida digna para os seus povos, dependem do enfrentamento e do fim do imperialismo estadunidense, que já demonstrou diversas vezes — e continua demonstrando agora — que necessita desse colonialismo para sobreviver, distorcendo e impondo narrativas pelas suas armas midiáticas que nunca desligam. 

Lembremos do grande Eduardo Galeano!

Emancipemo-nos da escravidão midiática!

De pé, latino-americanos!

Chega de exploração e escravidão!

Apoiemos a Venezuela incondicionalmente contra os EUA: abaixo a colonização do corpo e da mente! 

Que apoiemos o ingresso da Venezuela no Mercosul e nos BRICS visando a conformação de um real mercado comum latino-americano: que se respeitem critérios de multiculturalismo e multipolaridade e não as imposições demagógicas de matriz estadunidense como as instituições da democracia liberal e a manipulação sobre os “direitos humanos”! O ingresso da Venezuela nestes blocos é um sinal de soberania que debilita a ordem mundial imperialista estadunidense; a recusa ao seu ingresso aprofunda o neocolonialismo latino-americano.

Passar no teste de soberania exige temer mais a escravidão e a miséria da ditadura neoliberal impostas aos nossos povos pelos EUA do que o regime de Maduro!


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