Para de fato fazer valer a soberania nacional é preciso ter clareza sobre o que ela é e sobre quem pode anulá-la. Uma visão equivocada, como as que tem pipocado nas redes sociais do governo e de muitas pessoas, pode embaçar a compreensão e o nosso arremedo de soberania ser solapado com um sopro.
O discurso centrado exclusivamente no fato de que as tarifas de Trump e a submissão dos bolsonaros aos EUA visam o benefício individual dos membros dessa família é equivocado. É evidente que eles se beneficiam da situação enquanto indivíduos, mas o que Trump e os EUA estão visando não é prioritariamente a defesa dessa família, que é só um instrumento (como já existiram tantos outros), mas sim os interesses estratégicos dos EUA na América Latina frente à China e Rússia.
Era isso que precisaria estar sendo ressaltado pra gente começar a entender o que é soberania, ou falta dela.
Outro fator não menos importante é a submissão do Brasil às big techs (google, facebook, whatsapp, etc.), que podem fazer um apagão tecnólógico, de dados, de funcionamento do país se assim o desejarem. Frente a isso não há plano B, nem projeto alternativo de desenvolvimento tecnológico nacional, o que demandaria investimentos que o governo não fará porque o orçamento federal é sequestrado pelos interesses do sistema financeiro e pela cúpula do mercado, que ainda são controlados pelos EUA.
Que soberania é essa, então?
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Outra coisa que não deveria nos descer é esse papo furado de 200 anos de boas relações diplomáticas entre EUA e Brasil que prega a esquerda festiva e a grande mídia burguesa.
Daonde?
Comprovadamente os EUA deram, pelo menos, 3 golpes de estado no Brasil pra mudar o governo. Isso são boas relações diplomáticas?
Que boas relações são essas que um tem déficit comercial crônico e sofre golpes de Estado patrocinado pelo outro lado?
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