*Por Jonas Rodrigues
O setor imobiliário de Porto Alegre segue firme e atuante, construindo prédios pela cidade inteira e financiando candidaturas. Esse é o caso da candidatura do atual prefeito Sebastião Melo, eleito em 2020 e que concorre esse ano à reeleição.
Em 2020, quando concorria à prefeitura da cidade pela primeira vez, Sebastião Melo (MDB) gastou mais de 3,3 milhões de reais durante sua campanha. Desse valor, mais de 1 milhão foi apenas financiamento do Diretório Nacional do MDB. O que chama atenção, entretanto, é que mais de 40% de todo o valor recebido foram de doações de pessoas físicas. Quando verificamos quem foram as pessoas que fizeram as doações, fica fácil entender de onde vem todo esse dinheiro. A lista de doadores é enorme, mas entre os maiores doadores, vários nomes são conhecidos pelos gaúchos. São os nomes das famílias da burguesia do setor imobiliário da cidade. Apenas para citar dois exemplos, são os casos das famílias Melnick e Goldsztein, duas grandes construtoras da cidade que há anos constroem prédios de luxo nos bairros mais nobres de Porto Alegre. Essa denúncia a Unidade Popular tem feito há bastante tempo.
Ocorre que, iniciada a campanha de 2024, onde Sebastião Melo busca reeleição, o Tribunal Superior Eleitoral tem começado a divulgar os dados financeiros das campanhas e, para a surpresa de ninguém, o atual prefeito segue sendo patrocinado pela burguesia porto-alegrense do setor imobiliário. Com os dados coletados até a primeira semana de Setembro, um mês antes do 1º turno, é possível conferir que a candidatura de Sebastião Melo já recebeu 7,3 milhões de reais, mais que o dobro do recebido em 2020. Desse valor, mais de 200 mil foram doações. Entre as pessoas que doaram mais de R$5.000, mais da metade delas é dono ou sócio de alguma empresa do setor imobiliário. A maior doação, por exemplo, é do diretor da Goldsztein, que também é ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil - SindusCon.
Nas próximas semanas o TSE deve seguir atualizando os dados, mas uma coisa é certa: o prefeito de Porto Alegre segue - e, se eleito, seguirá - atendendo aos interesses da burguesia da cidade. É por isso que Melo não fala sobre moradia, não se preocupa com habitação, ainda que Porto Alegre tenha um déficit habitacional enorme e que só cresceu depois das enchentes de maio de 2024. A cidade tem visto o número de pessoas em situação de rua crescer ano após ano, especialmente depois da enchente de maio e que, quando encontram um lugar para morar, o espaço é perigoso e insalubre, a exemplo do que aconteceu com a Pousada Garoa, onde 10 pessoas morreram em decorrência de um incêndio em abril deste ano.
Enquanto nosso povo não tem casa para morar, o setor imobiliário está cada vez mais rico. Os alugueis em Porto Alegre, por exemplo, subiram mais de 20% só no último ano, segundo dados do Índice de Aluguel QuintoAndar, diminuindo ainda mais o acesso de quem precisa morar de aluguel. Vários donos de imóveis, aproveitando-se do sofrimento do nosso povo que precisou abandonar suas casas debaixo d'água, têm cobrado alugueis ainda mais caros nas regiões que não foram diretamente atingidas pelas enchentes. É um descaso total com o nosso povo e esse descaso não é consequência de descuido ou incapacidade. Melo governa para os ricos, vai seguir privatizando os terrenos da cidade para construção de prédios cada vez mais altos e mais luxuosos, onde nenhum de nós será capaz de morar
FONTES
Receitas de Campanha 2024 - Tribunal Superior Eleitoral, consultado em 10/09/2024
Receitas de Campanha 2020 - Tribunal Superior Eleitoral
Aumento dos Preços dos Alugueis em Porto Alegre - Índice QuintoAndar
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