Os senhores da guerra mundial, entrincheirados no deep state dos
EUA, não param!
Frente ao esgotamento
da guerra da Ucrânia, onde atingiram suas finalidades específicas de sabotar a
influência russa sobre o mercado de energia da Europa, impondo inúmeras sanções
arbitrárias, desorganizando a economia e aumentando a influência norte-americana
no continente, o deep state estadunidense volta-se contra a Síria,
reacendendo a guerra civil contra o governo Bashar Al Assad, um aliado
fundamental da Rússia no Oriente Médio, que estava morna desde 2013-2014.
A Síria é uma região
estratégica para a Rússia, pois faz conexão entre o oeste da Ásia e a África,
onde a sua influência é cada vez maior. Portanto, o país asiático é uma porta
de entrada russa não apenas na África, mas, também, no leste do Mediterrâneo. O
governo Putin mantinha duas bases militares na Síria, que agora seguem em uma
situação de incerteza.
Com o financiamento e
as armas do imperialismo ianque os grupos “rebeldes” atiram no governo sírio,
mas atingem a influência regional do Irã, da Rússia e da China. As mobilizações
populares de 2011, reflexos da chamada Primavera Árabe, foram canalizadas para
o armamento e a formação destes grupos rebeldes que desencadearam uma guerra
civil contra o governo de Assad entre 2013-2014.
Frente à vitória
eleitoral de Trump, o deep state norte-americano muda a sua estratégia
geopolítica, visando, como sempre, manter a hegemonia global estadunidense,
visivelmente em crise. É por isso que a comemoração da “revolução síria” por
parte de organizações de “esquerda”, ativistas e pessoas “progressistas” não
encontra respaldo na realidade. Trata-se, em síntese, da abertura de um
“novo-velho” front para lutar contra a influência crescente do bloco
liderado por Rússia e China.
A esquerda ufanista
finge não ver os grupos de rebeldes armados e treinados pelos militares
ucranianos em troca de apoio na guerra contra a Rússia. É evidente que a queda
do regime de Assad é um alívio para largas parcelas da população síria, mas o
que vem no seu lugar é um esquartejamento da Síria que colocará no poder grupos
islâmicos e pró-Ocidente que não serão melhores do que o governo anterior,
deixando o país numa situação difícil.
Ou seja, foi uma ação
geopolítica movida pelo deep state ianque neste momento cinzento de
transição entre o governo Biden e o “novo” governo Trump, buscando se
relocalizar no tabuleiro mundial visando, em essência, desestabilizar os BRICS
e seus aliados regionais, como o Irã e o governo deposto da Síria, bem como dar
suporte ao seu principal aliado local — cada vez mais desgastado e odiado —, o
Estado de Israel.
Donald Trump já
anunciou publicamente que não vai intervir na Síria, mas isso é um movimento
distracionista. Independentemente do partido que esteja à frente da Casa
Branca, quem efetivamente governa é o deep state, que reúne a elite
financeira e dona do complexo industrial-militar norte-americano. É o deep
state que dá a linha política de forma “anônima” e, muitas vezes,
imperceptível. Ele tem mudado a estratégia militar dos EUA deste início de
século, seja financiando e armando grupos “rebeldes” ou apenas dando apoio
logístico e midiático.
A “novidade” com a
atual guerra da Síria é a postura de Trump de dizer que não intervirá no
conflito. O objetivo é disfarçar a atuação indireta e “discreta” do deep
state na região, que ainda conta com a cobertura de toda a grande mídia
Ocidental e do seu “jornalismo imparcial”.
O apoio de Turquia e Israel
A derrocada do regime
de Assad não seria possível sem o amparo dado pela Turquia ao norte e por
Israel ao sul.
A Turquia foi peça
chave no desencadeamento do atual movimento militar contra a Síria, junto com a
OTAN. Isso ocorre, não casualmente, em um momento em que a Turquia flertava com
os BRICS, participando ativamente da cúpula de Kazan. Os apontamentos não são
claros, mas não se pode descartar uma pressão política, diplomática e econômica
do deep state sobre o governo turco.
Já Israel, que vive
uma situação cada vez mais complicada não só na região, mas com a própria
opinião pública ocidental, interviu em causa própria, ajudando a desestabilizar
o país vizinho, neutralizar fronteiras, dificultar alianças e proteger sua
estratégia militar na região, que é continuar o genocídio contra os palestinos
e anular o Irã.
O Estado de Israel é
o principal cliente e parceiro do complexo industrial-militar ianque,
possuindo, também, a sua própria máquina mortífera.
Num esforço sem igual
entre Israel e OTAN para desmilitarizar completamente a Síria, o governo
genocida de Netanyahu lançou mais de 350 ataques contra a infraestrutura
militar do antigo Exército Árabe Sírio, destruindo fábricas de armamentos,
munição, bases e, em Damasco, posições tanto de defesa síria, quanto das bases
navais russas. Este é o real apoio político e militar dos “rebeldes” sírios,
que não estão em contradição com o Estado de Israel e a OTAN.
É possível a Terceira Guerra Mundial?
Muitos analistas e
mídias professam a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, sobretudo se
baseando na situação atual da Síria.
Nos últimos séculos,
sempre que um imperialismo entra em decadência e outro se alça para tomar o seu
lugar, vemos uma disputa que termina numa grande guerra ou, então, numa guerra
mundial.
Os porta-vozes da
China já tentaram dissuadir esta ideia, afirmando que o gigante asiático irá se
tornar a maior potência global sem causar maiores danos ao mundo. É difícil
saber se isto é possível.
Já os arautos do
imperialismo Ocidental tentam alarmar o mundo com a possibilidade de uma guerra
de proporções mundiais, o que também não pode ser descartado. Porém, os donos
do mundo não são ingênuos. Eles sabem que uma guerra mundial pode significar
crises e revoluções populares.
Pela atual situação
mundial, aparentemente o deep state aponta para as tradicionais “guerra
por procuração”, financiando e armando grupos “rebeldes”, patrocinando guerras
civis e “revoluções coloridas” em países que lhes são relevantes
geopoliticamente, ao invés de um conflito generalizado entre potências. É uma
estratégia momentaneamente mais barata, onde a possibilidade de mantê-la dentro
de certos limites é mais segura.
No entanto, o deep
state possui entre seus membros psicopatas que colocam o seu poder acima de
qualquer humanismo ou estabilidade. Eles esconderão suas intenções por trás de
inúmeras provocações que aparecerão para a grande maioria das pessoas do mundo
como conflitos e “revoluções” nacionais, ao mesmo tempo que financiam e mantêm
o caos em regiões que a sua agenda geopolítica ordenar. Para efetivar tais
planos, contarão com o amparo do “jornalismo” ocidental, que tem sido uma de suas
principais armas de guerra.
Porém, uma vez que
sinta que irá perder tudo, não podemos descartar uma degradação da situação em
que estes psicopatas não se contentem com guerras regionais e provoquem o
desencadear de uma nova catástrofe mundial.
O “novo-velho” front
da Síria é o termômetro do momento…
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