sábado, 21 de dezembro de 2024

Novo-velho front para destruir a hegemonia crescente de Rússia e China no mundo: a retomada da guerra na Síria!

 

Os senhores da guerra mundial, entrincheirados no deep state dos EUA, não param!

        Frente ao esgotamento da guerra da Ucrânia, onde atingiram suas finalidades específicas de sabotar a influência russa sobre o mercado de energia da Europa, impondo inúmeras sanções arbitrárias, desorganizando a economia e aumentando a influência norte-americana no continente, o deep state estadunidense volta-se contra a Síria, reacendendo a guerra civil contra o governo Bashar Al Assad, um aliado fundamental da Rússia no Oriente Médio, que estava morna desde 2013-2014.

        A Síria é uma região estratégica para a Rússia, pois faz conexão entre o oeste da Ásia e a África, onde a sua influência é cada vez maior. Portanto, o país asiático é uma porta de entrada russa não apenas na África, mas, também, no leste do Mediterrâneo. O governo Putin mantinha duas bases militares na Síria, que agora seguem em uma situação de incerteza.

        Com o financiamento e as armas do imperialismo ianque os grupos “rebeldes” atiram no governo sírio, mas atingem a influência regional do Irã, da Rússia e da China. As mobilizações populares de 2011, reflexos da chamada Primavera Árabe, foram canalizadas para o armamento e a formação destes grupos rebeldes que desencadearam uma guerra civil contra o governo de Assad entre 2013-2014.

        Frente à vitória eleitoral de Trump, o deep state norte-americano muda a sua estratégia geopolítica, visando, como sempre, manter a hegemonia global estadunidense, visivelmente em crise. É por isso que a comemoração da “revolução síria” por parte de organizações de “esquerda”, ativistas e pessoas “progressistas” não encontra respaldo na realidade. Trata-se, em síntese, da abertura de um “novo-velho” front para lutar contra a influência crescente do bloco liderado por Rússia e China.

        A esquerda ufanista finge não ver os grupos de rebeldes armados e treinados pelos militares ucranianos em troca de apoio na guerra contra a Rússia. É evidente que a queda do regime de Assad é um alívio para largas parcelas da população síria, mas o que vem no seu lugar é um esquartejamento da Síria que colocará no poder grupos islâmicos e pró-Ocidente que não serão melhores do que o governo anterior, deixando o país numa situação difícil.

        Ou seja, foi uma ação geopolítica movida pelo deep state ianque neste momento cinzento de transição entre o governo Biden e o “novo” governo Trump, buscando se relocalizar no tabuleiro mundial visando, em essência, desestabilizar os BRICS e seus aliados regionais, como o Irã e o governo deposto da Síria, bem como dar suporte ao seu principal aliado local — cada vez mais desgastado e odiado —, o Estado de Israel. 

        Donald Trump já anunciou publicamente que não vai intervir na Síria, mas isso é um movimento distracionista. Independentemente do partido que esteja à frente da Casa Branca, quem efetivamente governa é o deep state, que reúne a elite financeira e dona do complexo industrial-militar norte-americano. É o deep state que dá a linha política de forma “anônima” e, muitas vezes, imperceptível. Ele tem mudado a estratégia militar dos EUA deste início de século, seja financiando e armando grupos “rebeldes” ou apenas dando apoio logístico e midiático.

        A “novidade” com a atual guerra da Síria é a postura de Trump de dizer que não intervirá no conflito. O objetivo é disfarçar a atuação indireta e “discreta” do deep state na região, que ainda conta com a cobertura de toda a grande mídia Ocidental e do seu “jornalismo imparcial”.

 

O apoio de Turquia e Israel

        A derrocada do regime de Assad não seria possível sem o amparo dado pela Turquia ao norte e por Israel ao sul.

        A Turquia foi peça chave no desencadeamento do atual movimento militar contra a Síria, junto com a OTAN. Isso ocorre, não casualmente, em um momento em que a Turquia flertava com os BRICS, participando ativamente da cúpula de Kazan. Os apontamentos não são claros, mas não se pode descartar uma pressão política, diplomática e econômica do deep state sobre o governo turco.

        Já Israel, que vive uma situação cada vez mais complicada não só na região, mas com a própria opinião pública ocidental, interviu em causa própria, ajudando a desestabilizar o país vizinho, neutralizar fronteiras, dificultar alianças e proteger sua estratégia militar na região, que é continuar o genocídio contra os palestinos e anular o Irã.

        O Estado de Israel é o principal cliente e parceiro do complexo industrial-militar ianque, possuindo, também, a sua própria máquina mortífera.

        Num esforço sem igual entre Israel e OTAN para desmilitarizar completamente a Síria, o governo genocida de Netanyahu lançou mais de 350 ataques contra a infraestrutura militar do antigo Exército Árabe Sírio, destruindo fábricas de armamentos, munição, bases e, em Damasco, posições tanto de defesa síria, quanto das bases navais russas. Este é o real apoio político e militar dos “rebeldes” sírios, que não estão em contradição com o Estado de Israel e a OTAN.

 

É possível a Terceira Guerra Mundial?

        Muitos analistas e mídias professam a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, sobretudo se baseando na situação atual da Síria.

        Nos últimos séculos, sempre que um imperialismo entra em decadência e outro se alça para tomar o seu lugar, vemos uma disputa que termina numa grande guerra ou, então, numa guerra mundial.

        Os porta-vozes da China já tentaram dissuadir esta ideia, afirmando que o gigante asiático irá se tornar a maior potência global sem causar maiores danos ao mundo. É difícil saber se isto é possível.

        Já os arautos do imperialismo Ocidental tentam alarmar o mundo com a possibilidade de uma guerra de proporções mundiais, o que também não pode ser descartado. Porém, os donos do mundo não são ingênuos. Eles sabem que uma guerra mundial pode significar crises e revoluções populares.

        Pela atual situação mundial, aparentemente o deep state aponta para as tradicionais “guerra por procuração”, financiando e armando grupos “rebeldes”, patrocinando guerras civis e “revoluções coloridas” em países que lhes são relevantes geopoliticamente, ao invés de um conflito generalizado entre potências. É uma estratégia momentaneamente mais barata, onde a possibilidade de mantê-la dentro de certos limites é mais segura.

        No entanto, o deep state possui entre seus membros psicopatas que colocam o seu poder acima de qualquer humanismo ou estabilidade. Eles esconderão suas intenções por trás de inúmeras provocações que aparecerão para a grande maioria das pessoas do mundo como conflitos e “revoluções” nacionais, ao mesmo tempo que financiam e mantêm o caos em regiões que a sua agenda geopolítica ordenar. Para efetivar tais planos, contarão com o amparo do “jornalismo” ocidental, que tem sido uma de suas principais armas de guerra.

        Porém, uma vez que sinta que irá perder tudo, não podemos descartar uma degradação da situação em que estes psicopatas não se contentem com guerras regionais e provoquem o desencadear de uma nova catástrofe mundial.

        O “novo-velho” front da Síria é o termômetro do momento…


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