sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

As forças destrutivas do capitalismo

A "nova" crise aberta entre EUA e Rússia na disputa pelo controle da Ucrânia demonstra a necessidade de uma reflexão acerca do poderio militar do imperialismo. Sabemos que a Rússia não fica muito atrás no quesito militar, porém, a economia mundial ainda gira em torno dos EUA — o que demonstra a sua responsabilidade, a despeito da rápida ascensão mundial da China, secundada pela Rússia.

Vejamos dois apontamentos muito importantes acerca dos "investimentos" militares nos EUA: "Em novembro de 1978, quando os EUA e a URSS estavam completando sua segunda rodada de conversações sobre os Tratados de Limitação de Armas Estratégicas, o Pentágono lançou seu mais ambicioso programa de produção de armas nucleares em 2 décadas: um orçamento quinquenal de defesa de 1 trilhão de dólares. Desde então, as fábricas norte-americanas de bombas vêm funcionando a plena capacidade. Na Pantex, a fábrica do Texas onde são montadas todas as armas nucleares dos EUA, foram contratados operários extras para perfazer um segundo e um terceiro turnos diários adicionais a fim de aumentar a produção de armas cujo poder destrutivo é alarmante" (Fritjof Capra, O ponto de mutação; Editora Cultrix, página 19).

Tais reflexões desoladoras são complementadas por Carl Sagan: "As pesquisas de opinião demonstram que muitos norte-americanos pensam que o orçamento da NASA é mais ou menos igual ao orçamento da defesa. Na realidade, todo o orçamento da NASA, inclusive as missões humanas e robóticas e a aeronáutica, equivale a cerca de 5% do orçamento de defesa dos EUA. Em quanto os gastos com a defesa atualmente enfraquecem o país? E mesmo que a NASA fosse totalmente desativada, o dinheiro liberado seria capaz de resolver nossos problemas nacionais?" (Carl Sagan, Pálido ponto azul, Cia. das letras, página 202).

Em síntese, o mundo capitalista trabalha para enriquecer e sustentar a economia estadunidense; e a economia estadunidense trabalha pelo espírito bélico e destrutivo permanente como estratégia de dominação mundial, para fazer a máquina girar. O caso das provocações e agressões recorrentes no leste europeu e no Oriente Médio não deixam margem a dúvidas. Desta forma, não é difícil compreender como a psique humana fica propensa a aceitar e incentivar a autodestruição em diferentes níveis e formas, inclusive de forma inconsciente... Os donos do mundo são como deuses da guerra sedentos de sacrifícios humanos no altar insaciável do lucro privado! 

Mesmo com todo o alarde provocado pelo discurso midiático centrado nas consequências da pandemia de covid-19, pouquíssimas pessoas apontam que os países imperialistas — tendo os EUA como carro chefe — atingem as maiores cifras de gastos militares, equiparando-se aos orçamentos dos anos da 2ª Guerra Mundial, da Guerra das Coréias e da Guerra do Vietnã*. Em 2021, após alguns anos de redução de verbas, o governo "democrata" de Joe Biden destinou ao orçamento militar a espantosa marca de 777 bilhões de dólares**, enquanto o país chafurda na crise econômica, repleto de problemas sociais. No capitalismo, tais "investimentos" não são feitos sem a espera de um retorno. Disto depende o funcionamento da "máquina econômica, política e social" do capitalismo na sua atual fase de desenvolvimento histórico. Isso inclui, evidentemente, tecnologia de espionagem e de "guerra híbrida": guerra de informações, de manipulações midiáticas e psicológicas  características da nossa época , até uma eventual "guerra quente", se necessária e inevitável.

As escaladas de provocação e a busca por guerras, visando o retorno dos gastos militares, além da reconstrução do que foi destruído e a consequente luta desesperada pela manutenção da hegemonia geopolítica, são, como foi dito, as principais formas de fazer a máquina capitalista sobreviver atualmente. Em essência, é a fórmula que o capitalismo estadunidense encontrou para se manter como "primeira potência" desde meados do século XX. O povo sírio, líbio e ucraniano, neste início de século XXI, que o digam! Ainda que a desculpa para o aumento dos gastos militares seja a "ameaça chinesa", esses povos pagaram e pagam o pato da sanha militar imperialista, que ao que tudo indica, não vai sossegar até que a sua hegemonia mundial seja reconstruída ou que a sua máquina bélica seja definitivamente superada e destruída.




Referências_____________

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