A renúncia de Bernie Sanders à candidatura para a presidência dos EUA expressa claramente os limites do seu "socialismo". Com a justificativa de combate à crise econômica e à pandemia, se submete acriticamente aos projetos dos bilionários do Partido Democrata.
Depois de sofrer um verdadeiro boicote do seu próprio partido, enfrentando uma frente única dos bilionários contra a sua candidatura baseada em "doações pessoais" — sobretudo dos setores mais proletarizados da sociedade norte-americana —, Bernie resignou-se, desapontando uma grande parcela da juventude trabalhadora que lhe deu sustentação até o momento. Qual será o preço a pagar por essa traição? Os latinos, negros e negras, LGBTTs e outros tantos setores que lhe apoiavam, voltarão a se mobilizar e a acreditar numa saída coletiva novamente? No momento que mais necessitaria manter a sua candidatura e o debate — o auge da crise econômica mundial que estamos vivendo — ele a retira numa clara conivência com os bilionários democratas.
Seja como for, toda a grande sabotagem que sua candidatura sofreu, com o seu naufrágio final, demonstra que não é possível mudar a sociedade estadunidense por meio do voto ou através das suas "democráticas" e "sólidas" instituições políticas. Toda a "corrida eleitoral" atesta o seu jogo viciado — sem falar na bizarrice do seu funcionamento (apenas 2 partidos, com "superdelegados" que tem mais poder que o voto popular).
Estas conclusões precisariam ser debatidas amplamente com os trabalhadores do mundo, mas, em particular, entre os apoiadores de Bernie, que, mais do que nunca, necessitavam compreender que o seu slogan "não eu, nós", precisa ser traduzido numa luta aberta por uma revolução nos EUA — país que caminha a olhos vistos para uma catástrofe econômica e política. Quem certamente vai pagar esta conta são os estratos sociais que lhe apoiaram e, é claro, os trabalhadores dos países neocoloniais, como o Brasil.
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