Em março de 2019 ocorreu num pequeno estabelecimento nas cercanias da estação Carandiru da linha azul de São Paulo, a Iª Conferência de uma organização de trabalhadores chamada União Proletária (UP). Nela participaram pequenas delegações de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Esta última contava com 4 militantes de Porto Alegre, dentre os quais estava o autor destas linhas, Eduardo Cambará, que foi designado como responsável para redigir um balanço.
Durante a conferência foram debatidos diversos temas, onde pipocaram divergências profundas que são analisadas neste texto, feito a pedido do companheiro Alberto Rodrigues, o principal dirigente da UP. Certo de que os temas abordados são relevantes para toda a esquerda brasileira, principalmente porque expressam claramente os desvios e os problemas relacionados ao culto do espontaneísmo, o blog Consciência Proletária resolveu publicá-lo na íntegra, preservando alguns nomes e pequenos detalhes.
Eis o balanço na íntegra:
Balanço
da conferência e apresentação das nossas divergências
Na condição de observadores da Iª Conferência da UP, tivemos a oportunidade de ver determinadas questões que podem ter passado despercebidamente pelos camaradas e, sobre as quais, gostaríamos de chamar a atenção. No melhor estilo da tradição revolucionária de dizer o que se pensa, apresentamos a seguir nossas impressões e divergências com o método e o funcionamento em que a UP está sendo construída. Não somos oportunistas para buscar a unidade pela unidade e de esconder nossas opiniões.
Assim, esperamos poder contribuir com
os camaradas e desenvolver um debate
sadio na perspectiva de superar a crise de direção revolucionária.
I) Os
pontos de acordo:
Compreendemos que a crise da humanidade
continua sendo a crise de direção revolucionária. Buscamos, assim como os
camaradas, a superação deste problema com a construção de um partido
revolucionário capaz de organizar os trabalhadores para tomar o poder e
construir o socialismo. Sem dúvida a disciplina revolucionária é importante e
jamais pode redundar num grupo de amigos (o que não significa que os militantes
não possam ser amigos). Fizemos um grande esforço financeiro, político e pessoal
para estar presente nesta Iª conferência, visando, justamente, superar esta
crise de direção e o isolamento local.
A reivindicação dos documentos
clássicos do marxismo também são elementos importantíssimos no caminho da
construção do partido revolucionário: o Manifesto Comunista, as teses dos 3
primeiros Congressos da III Internacional, o Programa de Transição e o
trotskismo. Tudo isso são elementos importantes com os quais concordamos. Temos
que levar em consideração a cara experiência do passado sintetizada no marxismo,
mas, também, as boas contribuições do presente. Concordamos em vários pontos,
mas o objetivo deste texto, como já foi dito, é justamente desenvolver as
divergências, por isso, nos centraremos nelas.
A experiência prática e o modus operandi de uma organização podem
nos dizer muito mais sobre ela do que o seu programa escrito. À algumas
divergências dos documentos que nos foram apresentados (que eram poucas antes
da conferência), se somaram grandes divergências de ordem
prático-organizativas, que revelaram para nós como os camaradas compreendem o
programa e as perspectivas de militância.
II)
As divergências teóricas:
a) Colapso do capitalismo,
espontaneísmo e movimentismo
O documento dos camaradas fala em um “novo colapso mundial” do capitalismo.
Esta caracterização, que na nossa avaliação é apenas uma hipótese, foi
reforçada por diversas e repetitivas falas durante a conferência e em outros
artigos da sua principal publicação, o jornal Correio Revolucionário. Portanto, é central. Conhecemos e concordamos
com a tese marxista da lei da queda tendencial da taxa de lucros, mas ela nada
tem a ver com colapso. Esta palavra é
infeliz porque leva à conclusão de que o capitalismo caminha para a sua própria
destruição sem um agente consciente.
Ora, o capitalismo tem demonstrado uma
capacidade elástica de se manter aumentando a exploração e institucionalizando a barbárie, que está aí a olhos vistos.
Inúmeros são os seus mecanismos de dominação: desde as ideologias, as mídias,
até a burocracia sindical, as forças armadas da polícia e do exército. O
colapso do capitalismo sem um partido
revolucionário de massas não pode criar outra coisa que não a barbárie,
jamais o socialismo. Trotsky escreveu que “não
há nenhuma crise que, por si mesma, possa ser ‘mortal’ para o capitalismo. As
oscilações da conjuntura criam somente uma situação na qual será mais fácil ou
mais difícil para o proletariado derrotar o capitalismo. A passagem da
sociedade burguesa para a sociedade socialista pressupõe a atividade de pessoas
vivas, que fazem sua própria história. (...) se o partido operário, apesar das condições favoráveis, se mostra incapaz
de levar o proletariado à conquista do poder, a vida da sociedade continuará,
necessariamente, sobre bases capitalistas; até uma nova crise ou uma nova
guerra; talvez até o desmoronamento completo da civilização europeia”[i].
Por mais crítica que seja a situação, a
burguesia se sente muito a vontade com a atual esquerda. Não se vê, no geral,
ameaçada por ela. Assim, mesmo a pior crise do capitalismo tende a manter um
moribundo insepulto assombrando a humanidade. O mais inteligente é não
subestimar o poder que o capitalismo e a burguesia imperialista têm de se
manter, como já foi demonstrado ao longo dos séculos. Isso nada tem a ver com “niilismo”
ou “não querer mobilizar os trabalhadores”. Ao contrário: pretende lhe mostrar
a realidade, por mais amarga que seja, para saber que sua mobilização se dará
em condições cada vez mais difíceis. Não se trata de “baixar as armas”, mas de
nos prepararmos melhor e mais conscientemente, sem nenhum tipo de ilusão.
Gostaríamos muito que os camaradas
estivessem corretos, já que seria um caminho mais fácil; no entanto, por mais
crítica que seja a crise futura do capitalismo, ele não cairá de maduro. Sendo
assim, o mais prudente é se preparar para o pior; e preparar os trabalhadores
para o pior também. O nosso pior inimigo são
as nossas ilusões. A análise dos camaradas remete a um “catastrofismo” que
esconde um espontaneísmo não declarado: o capitalismo vai colapsar sem a
intervenção consciente e organizada dos trabalhadores; ou seja, será o
resultado de ações do tipo dos coletes amarelos, aos quais os camaradas não
cansam de atribuir qualidades. Este “catastrofismo”, na verdade, é comum a
várias organizações de esquerda, tal como conhecemos no MRS e no PSTU, servindo
para esconder um movimentismo bárbaro
(isto é, manter os militantes presos às tarefas de organização do movimento
que, no geral, não correspondem à realidade; afinal de contas, a catástrofe
está logo ali e basta que todo mundo se dedique um pouco mais; qualquer outro
tipo de atividade e tarefa é visto como “desvio pequeno-burguês” ou “diletante”
– sobretudo formação teórica independente).
O espontaneísmo “apartidário” tem sido
a regra de todas as últimas manifestações e insurreições populares pelo mundo,
como os protestos de 2013 no Brasil, Ocuppy
Wall Street (EUA e Inglaterra), Indignados (Espanha), a “primavera árabe” e
os coletes amarelos na França. Terminam sempre no leito da burguesia, quando
não do neofascismo. Os movimentos espontâneos só podem ser dirigidos pela
burguesia ou pelo partido revolucionário. Não é casual que a grande mídia
sempre dê destaque ao fato dos manifestantes rechaçarem os partidos. Até o
presente momento não se desenvolveu nenhuma força que tenha superado o capitalismo
que não fosse através de um partido revolucionário. A história não nos mostrou
nenhuma vitória do espontaneísmo dos trabalhadores. Este é, precisamente, o
dilema atual dos coletes amarelos na França.
Ao contrário disso, os camaradas
entendem que Macron fez concessões “para
conter a revolução” e que “se explodir um movimento de coletes amarelos no
Brasil a CUT não dura mais 1 dia”. Ora, os coletes amarelos não protagonizam
nenhuma revolução; quando muito uma insurreição popular que demonstra
descontentamento, mas, tal como as jornadas de 2013, confundem palavras de
ordem revolucionárias, moderadas e reacionárias. Que “revolução” pode resultar
disso? Em 2013 o movimento também se deu por fora da CUT e da UNE, mas aí estão
elas de pé, entravando o nosso caminho.
A ausência de um partido revolucionário
capaz de criar um movimento consciente e organizado de trabalhadores é um
grande calcanhar de Aquiles. Os coletes amarelos estão muito longe desta
perspectiva, embora apontem tendências. Falta na França, bem como no resto do
mundo, um partido revolucionário de
massas. No entanto, compreendemos partido revolucionário de uma forma
bastante diferente dos camaradas da UP.
b) A burocracia sindical
está em fase terminal?
De fato o governo Bolsonaro protagoniza
uma cruzada contra os sindicatos. Contudo, age dessa forma porque faz parte da
sua luta contra a hegemonia petista na sociedade, que se dá, em grande parte,
através do controle dos sindicatos, das centrais e dos movimentos sociais.
Sérgio Moro e os seus asseclas ameaçam a liberdade sindical como parte desta
ofensiva. Os trabalhadores não dão mostras de que vão superar os sindicatos
“pela esquerda”, indo além da política e do controle burocrático. Para isso,
também necessitariam da influência de um partido revolucionário de massas, o
que hoje não existe. Sem direção revolucionária os trabalhadores tendem ao
espontaneísmo “apartidário”, o que nos coloca determinadas tarefas.
Uma vez que os trabalhadores
levantassem a cabeça e, de fato, começassem a lutar contra a burocracia
sindical e ameaçassem os projetos do governo, não devemos ter dúvidas de que
Sérgio Moro, Bolsonaro e a burocracia sindical petista se uniriam contra tal
movimento e selariam uma nova santa aliança (inclusive com o imperialismo, que
certamente tiraria fundos de alguma reserva pra isso). O que queremos dizer com
tudo isso é que a burocracia sindical só será derrotada e expulsa dos
sindicatos como resultado do crescimento consciente do movimento revolucionário
dos trabalhadores (partido). Lamentavelmente não vemos outra maneira.
Mesmo que a burocracia sindical vá a
falência, como apregoam os camaradas, sem partido revolucionário organizado o
capitalismo conseguiria criar uma nova forma de ludibriar e conter o movimento
dos trabalhadores, seja através das ilusões, das divisões, da formação de uma nova burocracia no seio dos movimentos espontâneos e, em última instância, através
da repressão, que só pode ser enfrentada consciente e organizadamente. Apesar da
ofensiva de Sérgio Moro contra os sindicatos, ainda é cedo para falar em
superação da burocracia sindical. O certo seria nos munirmos com palavras de
ordem, uma agitação e propaganda que combatam conscientemente a burocratização
sindical e as ilusões dos trabalhadores de base (sendo uma o elo que engendra a
outra).
Pode ser que o lulismo esteja
irremediavelmente condenado, como pregam os camaradas, mas a burguesia não pode
prescindir de novas e piores frentes populares. Esta é parte fundamental da
manutenção da sua dominação. Se não é mais Lula e o PT, pode ser o PSOL ou
outro movimento oportunista que surja. O que queremos dizer é: só vamos superar
qualquer forma de frente popular e de burocracia sindical com o crescimento
consciente e organizado de um movimento revolucionário. Infelizmente, ainda
estamos longe disso e os métodos de construção partidária apontados pelos
camaradas possuem graves problemas.
c) China e Rússia são os
novos imperialismos?
No debate internacional sobreveio uma
polêmica sobre se China e Rússia seriam “novos imperialismos”. Os camaradas
afirmam que não, pois não preenche os requisitos apontados por Lenin no seu
estudo sobre o imperialismo. Realmente China e Rússia não preenchem. Apesar
disso, ambos países vem cumprindo um papel imperialista, mesmo sem tais
requisitos. Ainda que não tenham nenhum monopólio ou multinacional reconhecida,
a China possui as maiores reservas cambiais do mundo, o maior mercado interno e
o maior proletariado, bem como a exploração de recursos naturais de outros
países a partir de suas empresas “estatais”. Atrai grande parte do capital
mundial e imprime o ritmo da produção em escala global. Tem intervido no mundo
todo de forma mais sutil que os EUA e a Europa, mas o faz visivelmente para
garantir seus interesses econômicos.
Desta forma, ainda que não seja um
“imperialismo clássico”, sua atuação é de um país imperialista e os
trabalhadores conscientes devem tratá-la enquanto tal. Por exemplo: ignorar que quem sustenta Maduro é China e
Rússia compromete uma política de independência de classe dos trabalhadores na
Venezuela.
d) Sobre o partido
revolucionário e o leninismo
Reparamos que os camaradas agem como se
a UP já fosse um partido revolucionário. Nós, ao contrário, compreendemos que
se trata de uma célula, se caracterizando mais como um grupo de propaganda e
intervenção em algumas categorias do que como um partido constituído. Na nossa
concepção, um partido revolucionário deve reunir centenas de milhares de
indivíduos, o que não é o caso. Nos autoproclamarmos um “partido
revolucionário” não nos torna um. Este corte é necessário porque nos coloca com
os pés no chão para conseguirmos delinear nossas atividades futuras; caso
contrário, cairemos numa forma de autoengano. O grau excessivo de centralização
deve ceder mais espaço para uma maior democracia e formação teórica. As
propostas políticas de intervenção, propaganda e agitação devem levar esta
realidade em consideração.
A
maioria da esquerda entende leninismo como sinônimo exclusivo de centralismo
democrático. De fato, este conceito é parte importante do leninismo, mas não
é tudo. E pra piorar, em 99% dos casos a “esquerda” o entende e o pratica como
centralismo burocrático. Através da sua prática nefasta reforça a propaganda
burguesa que associa leninismo a stalinismo.
Leninismo é, antes de tudo, luta contra o espontaneísmo dos trabalhadores,
contra a submissão consciente ou inconsciente dos trabalhadores à política
burguesa, a arte das palavras de ordem que vão contraponto, progressiva e
irreconciliavelmente, trabalhadores contra a burguesia, sempre levando em
consideração a realidade concreta e a correlação de forças. O leninismo é,
ainda, o combate sem tréguas à duplicidade e inconsistência da teoria,
propaganda e das palavras de ordem vazias levantadas pelo oportunismo e/ou
sectarismo. Ser fiel ao verdadeiro leninismo e ao bolchevismo é colocar em
primeiro plano o combate a esta cultura nefasta da vanguarda espontaneísta. Nas
palavras dele: “... é preciso não
esquecer nunca um traço característico de todo o oportunismo contemporâneo, em
todo o seu domínio: o seu caráter vago, impreciso, inapreensível. Pela sua
própria natureza o oportunismo evita sempre pôr as questões de maneira clara e
definida, procura a resultante, arrasta-se como uma cobra entre dois pontos de
vista que se excluem mutuamente, procurando ‘estar de acordo’ com um e com
outro, reduzindo as suas divergências a ligeiras modificações, a dúvida, a
votos piedosos e inocentes, etc”[ii]. Neste trecho está toda a
alma do leninismo! O resto é compreensão burocrática ou burguesa do pensamento
de Lenin.
O centralismo democrático é quase um
resultado natural de um debate franco entre
camaradas. A disciplina livremente contratada a partir da percepção de uma política correta. Zinoviev e Kamenev
romperam o centralismo no auge da revolução de 1917. O que fez Lenin? Os chamou
de “pequeno-burgueses”, “hippies”, “diletantes” e outras preciosidades do
gênero? Não! Quem procede desta forma é o stalinismo. Lenin foi à base do
partido explicar pacientemente a diferença concreta entre as duas políticas, de
forma duríssima, mas sem nenhum tipo de ataque pessoal ou rótulos. Ameaçou ele
próprio a romper com o partido e começar tudo do zero caso aquela política
fosse levada em seu nome.
Que “leninistas” hoje compreendem-no
assim? Ao contrário, resumem tudo em um sofisma: Lenin fez uma revolução porque
defendia um partido centralizado. Esta conclusão simplória esconde o desejo de
controle total, que para Lenin era um
meio e não um fim em si mesmo, como o é para o monolitismo stalinista. De
toda a riqueza do leninismo os camaradas da UP parecem guardar apenas isso.
Lenin foi enfático ao dizer que o partido bolchevique correspondia às condições
da Rússia do início do século 20. Isso não quer dizer que podemos prescindir do
centralismo democrático, mas que ele precisa ser construído de acordo com as
condições concretas, sobretudo do tamanho, organização e inserção do partido,
sendo mais o resultado e um meio de organização do que uma imposição formal e
burocrática de cima para baixo. É preciso respeitar os diversos níveis de
consciência da militância e da massa em geral, para, aí sim, intervir sobre
ela.
Outro ponto importante do leninismo é a
teoria revolucionária, que deve ser sempre entendida como um guia prático para
as ações cotidianas do que uma repetição formalista dos “mestres”. A formação
deve estar a serviço da explicação da vida cotidiana, da intervenção sindical e
política; e não para reafirmar dogmas, autoridades ou lugares comuns (isto é, deve
libertar mentes e não aprisioná-las). A vida cotidiana também precisa jogar luz
sobre a teoria; as boas experiências precisam ser condensadas em teoria. O
marxismo é justamente isso: a condensação da experiência prática de mais de 150
anos de movimento operário mundial. Repeti-la como um dogma ou um tantra jamais
resolverá qualquer problema real; apenas reforçará concepções burocráticas e
autoritárias.
***
Na UP também reparamos que as mulheres
não falam. Qual a causa disso? Os camaradas já pararam para refletir? O ponto
sobre opressão feminina, que constava na programação da conferência, foi
totalmente ignorado e não esteve mais na pauta; tampouco resoluções foram
apresentadas. Este silêncio de dois dias das mulheres da UP deve gerar
reflexões nos companheiros.
***
Uma vanguarda que pretende organizar o
partido revolucionário não pode jamais idealizar as massas. Precisa trabalhar
sobre ela tal como ela é. Não pode esperar messianicamente levantes que somente
poderão ver a luz do dia através de muitas contradições; muito menos embelezar
o espontaneísmo, como faz a maior parte da esquerda. Este é o caminho mais curto
para a ruína.
III
– Divergências práticas:
e) A burocracia é fruto
apenas do Estado, dos partidos e dos sindicatos?
O camarada Alberto apresentou o argumento de
que a burocracia sindical e política é o resultado direto e simples da base
material dos sindicatos, de um partido, do Estado; e que esta não existe, nem
pode existir nas pequenas organizações por falta de base material. De fato o
aparato material e econômico é uma base fundamental para as burocracias, cujo
principal papel é frear a luta independente dos trabalhadores. Porém, a visão
mecanicista do materialismo nos coloca uma viseira. Por isso, perguntamos: a
burocracia sindical é apenas questão de dinheiro e aparato? Na nossa avaliação,
não! Muito além disso, a burocracia é uma questão de método, de necessidade de
poder, de hábitos arraigados na mente humana. Pode surgir, inclusive, em
organizações anarquistas, como já fomos testemunhas durante as jornadas de
2013, quando a Federação Anarquista Gaúcha (FAG) burocratizou o funcionamento
do Bloco de Lutas pelo Transporte Público no melhor estilo cutista, junto com
PSOL e PSTU. A FAG teria uma base material para manter? Viveria de uma base
material do Estado? Por que, então, ela agiu daquela forma? Porque a burocracia
é uma necessidade premente para qualquer tipo de controle e poder (mesmo nas
pequenas organizações); é um método e um modus
operandi, sendo inevitável até certo
ponto, mas se tornando um monstro quando tida como “natural” ou inexistente.
Exemplos de germes de burocratismo na
UP podem ser vistos em muitos raciocínios apresentados. Quem não concorda com a
“linha oficial” é taxado de “pequeno-burguês”, “hippie” ou “diletante”, sem que
isso seja explicado detalhadamente; sem ser apresentado fatos concretos ou
trechos de textos. Trata-se de um método nefasto de controle. Nos causou
profunda preocupação a forma como o camarada Alberto exerce hegemonia sobre a
organização. A sua exigência de disciplina torna-se um fardo desprovido de
conteúdo, bem nos moldes do que conhecemos no PSTU e no MRS. Não trabalha para
o crescimento individual dentro da coletividade, nem para a auto gestão da
própria organização, mas para imprimir o ritmo de um indivíduo sobre o
coletivo, resultando num movimentismo bárbaro.
Reconhecemos a importância de uma
direção. Mas os camaradas vão por um caminho equivocado, que não pode redundar
em outro desfecho que não numa variante de stalinismo. Isto é apenas um alerta.
O curso dos acontecimentos pode ser modificado desde que compreendido a fundo
(isto é, se não tivermos desaprendido a aprender, como dizia Rosa). O contraponto
ao burocratismo não está no caos do grupo de amigos, nem na diletância ou no
descaso com os encaminhamentos; mas no debate democrático, com tarefas
livremente debatidas e assumidas, evitando ataques pessoais ou rótulos entre
camaradas, e visando sempre o crescimento individual dentro da coletividade
(não a dissolução do primeiro na última); está também na formação teórica
permanente. Em síntese: deve ser o debate do que se entende por política
revolucionária versus a política
equivocada. Jamais exigir a disciplina por disciplina, que redunda num mal
estar (tal como um ambiente de fábrica, onde se exerce toda a tirania do
capital) que acaba sendo usado como forma de “disciplinar” companheiros.
Outro exemplo de burocratismo é exigir
que um ponto se atenha a sua proposta de debate (o que é correto), mas nos
encaminhamentos responder polêmicas que foram levantadas antes, falando
livremente sem nenhum tipo de controle (enquanto se cobra o tempo de outros
camaradas). Exige-se uma postura dos companheiros e se executa sutilmente outra. Lembremos que o stalinismo
acusou o trotskismo de ser um “desvio pequeno burguês” sem conseguir sustentar
uma única vírgula do porquê de tal caracterização. Uma postura burocrática
também se reconhece através da caricaturização das posições dos oponentes. Por
exemplo: discordar das opiniões de que não teremos um colapso do capitalismo ou
da palavra de ordem “Fora Bolsonaro” é, segundo foi dito, achar que os
trabalhadores não vão se mobilizar “pelos próximos 5 mil anos”. São conclusões
colocadas na boca do oponente justamente porque discordamos dele, e não decorrências lógicas da sua argumentação.
Proceder desta forma desonesta abre toda a margem para o controle e o poder
autoritário. Aí estão germes perigosos do burocratismo.
f) Como entendemos frente
única?
Os camaradas da UP entendem frente
única como uma forma de centralização e criação de organismos e programas
comuns. Isso demonstra que frente única não é vista como “acordos práticos para ações de massas”, mas tal como o morenismo as
preconizava: unidades programáticas e frentes permanentes. Não existe
centralismo democrático em uma frente, e ela deve se pautar por ações concretas
em categorias ou movimentos sociais, jamais num organismo permanente que, além
de desenvolver um inviável programa comum,
asfixie correntes menores ou ativistas independentes.
Novamente temos argumentações
burocráticas: não concordar com determinadas políticas (por exemplo: “educação
pública, gratuita e de qualidade” como eixo central, já que até a CUT e a CNTE
defendem isso) é “se entrincheirar localmente e ser contra um trabalho
nacional”. Logo, temos uma clara tentativa de centralizar pela força, substituindo o debate honesto e franco de
divergências que devem se resolver pela experiência prática de uma intervenção
conjunta na luta de classes.
***
Outro problema grave dos documentos da
UP no que diz respeito às frentes é a margem aberta à participação nas frentes
populares, o que é um grande problema. Nas teses dos Eixos Programáticos da União Proletária podemos ler: “Neste momento, não há organizações que nos
permitam realizar o entrismo orientado por Trotsky. Mas poderão aparecer no
próximo período à luz do ascenso de massas. Isso impõe a necessidade de
fortalecer a política revolucionária de independência de todos os setores da
burguesia, de não rebaixar a nossa política”.
Primeiramente é importante salientar
que o entrismo preconizado por Trotsky era pontual e rápido; específico de uma
conjuntura onde o destino da URSS e de muitos processos revolucionários na
Europa estava em jogo. Isto não existe mais! Tampouco preconizou entrismo em
“frentes populares genéricas”, mas em partidos muito bem caracterizados. Este
trecho, portanto, não está apenas contra o trotskismo, que condenava
veementemente qualquer participação nas frentes populares, mas contra a própria
caracterização dos camaradas que afirmam que haverá um colapso do capitalismo
no próximo período, a destruição da burocracia sindical e a falência total do
lulismo ou de qualquer outra frente popular que possa manter o capitalismo. Se,
como nos dizem os camaradas, não haverá força capaz de deter o futuro ascenso
de massas, tal como os coletes amarelos “brasileiros”, por que, então, abrir
tal precedente? Tudo isso soa, no mínimo, estranho.
No Programa de Transição, reivindicado
pela UP, lemos: “A IV Internacional não
tem lugar em nenhuma Frente Popular”. No seu livro, Aonde vai a França,
Trotsky escreve: “Nem ‘programas’ comuns,
nem organismos permanentes, nem renúncia a criticar os aliados circunstanciais.
Este tipo de acordos e compromissos episódicos, estritamente limitados a objetivos
precisos – os únicos que Lenin tomava em consideração – nada tinham em comum
com a Frente Popular, que representa um conglomerado de organizações
heterogêneas, uma aliança duradoura de classes diferentes ligadas para todo um
período – e que período! – por uma política e um programa em comum: por uma
política de ostentação, de declamação e de poeira nos olhos. (...) A política de Frente Popular é uma política
de traição. A regra do bolchevismo, no que se referia aos blocos, era a
seguinte: marchar separados, vencer juntos! A regra atual da Internacional
Comunista é: marchar juntos para ser derrotado separadamente”.
Ao que tudo indica, os camaradas estão
dispostos a cometer este erro em relação às frentes em defesa da Venezuela. Não
devemos criar nenhum organismo permanente com organizações oportunistas e burocráticas.
Devemos, na contramão disso, relembrar as questões básicas levantadas pelo
trotskismo sobre frente única: “combinação
apenas nisto: como combater, quem combater e quando combater”[iii].
Trocando em miúdos: atos e manifestos em defesa da Venezuela contra a
intervenção imperialista, seja com quem for, mas mantendo a nossa própria
política e programa, é correto segundo a perspectiva trotskista; fóruns e frentes
permanentes, ao contrário, são equívocos que facilmente podem se transformar em
traições.
g) Sobre a não participação
e disputa eleitoral nos sindicatos reacionários
Não há dúvida de que a esmagadora
maioria dos sindicatos brasileiros são profundamente reacionários. A burocracia
sindical é a sua excrescência inevitável. A conclusão do camarada Alberto, no
entanto, é fabulosa: ele deu a entender nas suas falas, em diversos momentos,
que seria contra disputar o aparato sindical, referindo-se especificamente à
disputa eleitoral algumas vezes, mas em outras, dando a entender que se tratava
de todos os momentos (tal como se fosse perda de tempo). A política do camarada
peca pelo esquerdismo, já bem analisado por Lenin: não devemos ser contra
disputar o aparato sindical e as suas eleições, mas se preocupar com que método
e política fazemos isso. Mais do que isso: não há como derrotar a burocracia
sindical sem participar ativamente dos sindicatos reacionários.
Lenin disse: “Podemos (e devemos) empreender a construção do socialismo não com um
material humano fantástico, nem especialmente criado por nós, mas com o que nos
foi deixado de herança pelo capitalismo. Não é necessário dizer que isso é
muito ‘difícil’; mas, qualquer outro modo de abordar o problema é tão pouco
sério que não deve nem ser mencionado”[iv]. Apesar de dizer que os
sindicatos são importantíssimos e que devem se tornar “escolas de comunismo”,
Lenin também reconhece que eles “começaram
a manifestar inevitavelmente certos aspectos reacionários, certa estreiteza
corporativa, certa tendência ao apoliticismo, certo espírito de rotina, etc”[v].
Mas Lenin, lá do longínquo ano de 1920,
alerta: “temer esse ‘espírito
reacionário’, tentar prescindir dele, ignorá-lo, é uma grande tolice, pois
equivale a temer o papel de vanguarda do proletariado que consiste em instruir,
ilustrar, educar, atrair para uma vida nova as camadas e as massas mais
atrasadas da classe operária e do campesinato”. E conclui: “é preciso travar essa luta implacavelmente
e mantê-la obrigatoriamente, como nós temos feito, até desmoralizar e expulsar
dos sindicatos todos os chefes incorrigíveis do oportunismo. É impossível
conquistar o poder político (e não se deve nem
pensar em tomar o poder político) enquanto essa luta não tiver atingido certo grau”. Por isso, deduzir “do caráter reacionário e
contrarrevolucionário das cúpulas dos sindicatos que é necessário... sair dos
sindicatos! Renunciar ao trabalho neles! Criar novas formas de organização
operária, inventadas! Uma estupidez tão imperdoável, que equivale ao imenso
serviço que os comunistas prestam à burguesia”[vi]; pois “a tarefa dos comunistas consiste em saber convencer os elementos atrasados, saber atuar entre eles, e não em isolar-se
deles com palavras de ordem inventadas em nossa cabeça e infantilmente
‘esquerdistas’”[vii].
Não é preciso acrescentar mais nada;
exceto o fato dos companheiros terem ignorado solenemente o nosso material de
propaganda sindical, totalmente alicerçado no espírito descrito por Lenin, nada
economicista ou defensor de “entricheiramento local”, como insistentemente
tentam nos taxar. É esta política sindical que apresentamos aos camaradas da UP para combater a burocracia sindical no Brasil e no mundo todo; e não apenas a
“defesa de uma educação pública, gratuita, inclusiva e de qualidade”.
h) Sobre a arte das palavras
de ordem
Maiakovski já se lamentava em 1924,
suplicando: “tempo, solta de novo ao
vento as palavras de ordem de Lenin”. Até hoje a esquerda não aprendeu o
seu método. O reivindica com um formalismo assustador. As palavras de ordem da
esquerda brasileira quando não são abertamente oportunistas e degeneradas, são “infantilmente inventadas”.
O caso atual é o “Fora Bolsonaro”, que é
levantado entusiasticamente pelo PCO, mas tende a se alastrar por toda a “esquerda”,
como já é praxe, pois sabemos que ela adora radicalismos estéreis para esconder
sua crise e o seu seguidismo. Do ponto de vista da propaganda do socialismo estaria correto debatermos com os
trabalhadores a necessidade de tirarmos Bolsonaro pelas nossas mãos através da
luta e de uma revolução. Mas não é assim que o PCO e a esquerda compreendem
esta palavra de ordem, pois a tratam como uma tarefa de agitação para ser concretizada agora.
Devemos perguntar então: quem tem forças hoje
para colocar Bolsonaro pra fora? A UP, uma célula de partido revolucionário? O
PT, que foi deposto vergonhosamente pelos aliados de ontem? A CUT, que sabota
qualquer luta independente? O PCO?
O “Fora Bolsonaro” como forma de agitação
significa, concretamente, trabalhar para que o vice assuma (tal como aconteceu
com Dilma a nível federal) ou desgastar o governo eleitoralmente para que algum
outro partido assuma o governo. Nesse caso, sabemos, nada mudaria. Num
linguajar direto: o “Fora Bolsonaro” significa hoje “Viva Mourão!”. Ou os
camaradas acham que por um evolucionismo vulgar a palavra de ordem “Fora
Bolsonaro”, como que por um passe de mágica, irá crescendo numa maré montante
conforme os nossos desejos e fará o governo cair? Quais condições existem hoje
para um governo alternativo? Não seria isso uma demonstração de impaciência (ou
até mesmo de desespero)?
Tergiversar acrescentando “Fora Bolsonaro e os militares” não resolve em nada a
questão, apenas cria um novo disparate. A lógica leninista nos diria que, como
ainda não temos condições de “botá-los para fora”, devemos nos centrar nas
palavras de ordem de acumulação de forças, de desgaste do governo do ponto de
vista revolucionário e não eleitoral. O método marxista, para avançar a luta, a
consciência e a organização dos trabalhadores, consiste, como apontou Lênin, em
preconizar ativamente, sublinhar e colocar em primeiro plano consignas que criem progressivamente uma cunha
entre a política dos trabalhadores e a política da burguesia; sempre observando
a correlação de forças e não tirando coelhos da cartola.
No livro Duas
táticas da social-democracia na revolução democrática, Lenin fala sobre o
formalismo da palavra de ordem da Assembleia Constituinte. Mesmo que não seja o
mesmo caso, o método apresentado neste livro serve perfeitamente pra elucidar o
que afirmamos sobre o “Fora Bolsonaro”: “Para
a instauração da república é absolutamente necessária uma assembleia de
representantes do povo, que deve ser necessariamente de todo o povo (na base do
sufrágio universal, igual, direto e secreto) e constituinte. É isso que, mais
adiante, reconhece a resolução do congresso. Mas não se limita a isso. Para
estabelecer uma nova ordem de coisas que 'traduza efetivamente a vontade do
povo' não basta que se dê à assembleia representativa a denominação de constituinte.
É preciso que esta assembleia tenha
poder e força para 'constituir'. Consciente disso, a resolução do congresso
não se limita à palavra de ordem formal de 'assembleia constituinte', mas acrescenta as condições materiais sem
as quais não será possível à referida assembleia o cumprimento da sua missão.
Indicar as condições em que a assembleia
constituinte nominal pode transformar-se em assembleia constituinte efetiva é
de uma necessidade imperiosa, já que a burguesia liberal, personificada no
partido monárquico-constitucionalista, deturpa deliberadamente, como já indicamos
por mais de uma vez, a palavra de ordem de assembleia constituinte de todo o
povo, reduzindo-a a uma frase oca”[viii].
Talvez os camaradas dirão que “somos
pequeno-burgueses e que defendemos que os trabalhadores não se mobilizarão
pelos próximos 5 mil anos, que somos derrotistas” e outras tantas palavras
elogiosas. Nesse caso, farão muito melhor em dialogar com Lenin diretamente na
fonte. Movimentismo e impaciência estão na contramão do leninismo. Nunca
fizeram milagres e jamais farão.
Tão ilusória e descolada da realidade quanto
o “Fora este ou aquele” é a agitação permanente da “esquerda” sobre “greve
geral”. Este delírio de uma noite de verão vai da burocracia sindical cutista
até a LBI, passando por correntes do PT, PCB, PSTU, PSOL, PCO et caterva. Transformam a “greve geral” numa
panaceia (sem falar nas farsas de “greves gerais” de 2 ou 3 dias). Não querem
ver que quanto mais se clama por “greve geral” mais longe dela ficamos. O
primeiro dever de um leninista, antes do discurso
burocrático padrão sobre centralismo democrático e a subsequente
verborragia pró-disciplina bolchevique, é combater qualquer política deslocada
da realidade, seja de “greve geral”, de “Fora este ou aquele” sem correlação de
forças ou qualquer outra.
Rosa Luxemburgo, assim como Lenin, sabia
concretizar uma política revolucionária. Diz ela: “A revolução russa nos ensina que a greve de massas não é nem
‘fabricada’ artificialmente nem decidida ou ‘propagada’ num espaço imaterial e
abstrato, senão que representa um fenômeno histórico (...). É tão impossível ‘propagar’ a greve de
massas como meio abstrato de luta como ‘propagar’ a revolução. (...) Empreender uma propaganda em regra em favor
da greve de massas como forma de ação proletária, querer estender essa ‘idéia’
para ganhar pouco a pouco a classe operária seria uma ocupação tão ociosa, tão
vã e insípida como empreender uma campanha de propaganda pela ideia da revolução
ou do combate de barricadas”[ix].
Nós não levantamos abstrações como palavras
de ordem: nem “greve geral” sem condições, nem “Fora este ou aquele” sem
correlação de forças e poder proletário alternativo. Todas estas abstrações são
contraproducentes e servem perfeitamente pra esconder um oportunismo vergonhoso
desta “esquerda” na vida cotidiana.
Sabemos que os camaradas defendem o “Fora
Bolsonaro”, o que, para nós, é um erro. E em relação à palavra de ordem
permanente de “rumo à greve geral”, qual é a posição da UP?
IV –
Conclusões:
A Iª conferência da UP foi instrutiva e
formativa para nós. Agradecemos o convite, apesar de fazermos um balanço
negativo dela. Como ficou visível ao longo deste texto, temos muitas
divergências políticas, que são grandes e
profundas. Não se pode tapar o sol com a peneira e nem este é o nosso
método!
Mesmo assim, manter uma tribuna de debates
aberta e intervenções práticas onde for
possível, respeitando-se rigorosamente a independência de cada organização,
é um desafio que propomos aos camaradas. A troca de informação, de opinião e de
críticas numa conjunta como a atual é de fundamental importância, sem
tentativas de centralização forçada, mas de trocas fraternas de solidariedade,
informações, produções teóricas, etc. A luta de classes é um divisor de águas e
o critério da verdade: mesmo havendo divergências profundas hoje, se houver
sinceridade de ambos os lados, a realidade resolve sem imposições e controles
burocráticos.
A dureza das nossas palavras é diretamente
proporcional a nossa sinceridade. Esperamos que pontuar todas estas
divergências tenha sido produtivo para gerar reflexões e mudanças de posturas
com vistas à superar a crise de direção revolucionária.
Com nossas melhores
saudações revolucionárias
Eduardo Cambará
Em 13 de março de
2019
CITAÇÕES
[i]
TROTSKY, Leon. Aonde vai a França?
[ii]
LENIN, Vladmir. Um passo em frente e dois passos atrás: a crise no nosso
partido.
[iii]
TROTSKY, Leon. Revolução e contra-revolução na Alemanha.
[iv]
LENIN, Vladmir. Esquerdismo, doença infantil do comunismo.
[vii]
Idem (itálico no original e negritos nossos).
[viii]
LENIN, Vladmir. Duas táticas da social-democracia na revolução democrática
(negritos nossos).
[ix]
LUXEMBURGO, Rosa. Greve de massas, partido e sindicatos.