Chegou um negro,
a memória do mundo estremece.
Os outros poderão se esconder
num nome falso, em um silêncio.
Mas um negro, não,
até o silêncio denuncia um negro.
Sim, é ele.
O ser que passou
por matemáticas provações.
Mais, menos, multiplicação,
divisão, desumanidades
em infinitesimais potências,
porcentagem, financiamentos.
De onde vem o dinheiro
dos navios negreiros, quem
enriqueceu com o trabalho do negro?
Houve tentativas de tornar o negro um zero.
Quando um negro sabe
o que é um negro,
nada pode assustá-lo.
Dor alguma o impede
de rir, de cantar, de dançar
e de pensar. É no movimento
que sua força se impõe.
Um negro
que sabe de si e dos seus
compreende que ele é feito
de água, de vento, de folhas,
de fogo, de terra, pedra,
mas principalmente
de outros negros.
Jorge Fróes
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