Os povos do mundo terão ainda de pagar com
novas guerras e revoluções os crimes históricos do
reformismo.
(Leon Trotsky)
Não é de hoje que o marxismo critica a estratégia reformista dos partidos operários. Quando o PT se formou, pesava sobre sua consciência mais de 100 anos de movimento operário, devidamente criticado por Marx, Engels, Lenin, Trotsky e Rosa Luxemburgo. Ainda que o surgimento do PT tenha se dado em um momento extremamente reacionário, de restauração capitalista e, portanto, de derrota dos trabalhadores a nível internacional, isso não eximia seus dirigentes e teóricos de evitar os erros e traições do passado. Agora, após 12 anos de governos petistas, vemos o resultado do que era inevitável.
A
estratégia reformista e eleitoreira (frente populista), com a desculpa de que é possível
governar para os trabalhadores por dentro do Estado burguês, levou o PT a se
transformar no que ele é hoje[1]:
mais um partido burguês, a despeito de toda a sua retórica de “esquerda”.
Portanto, o PT não mudou após chegar ao poder – demonstrando supostamente que
os “homens são maus por natureza”, ou que o problema são os partidos e a
organização política dos trabalhadores (que os levaria inexoravelmente à
degeneração, como sustenta a tese burguesa e anarquista). Não! O PT degenerou
porque optou conscientemente pela estratégia reformista.
Ao
renunciar à estratégia revolucionária em um momento que tinha hegemonia sobre a
maioria dos trabalhadores brasileiros, o PT teve que se dedicar a conseguir uma
governabilidade burguesa, buscando alianças com o PMDB, PP, PTB, PDT, dentre
outros. A direção foi isolando a base das decisões, patrolando-a, ludibriando-a
com novas e mais perniciosas teorias oportunistas. O seu projeto
pseudo-nacionalista, baseado, sobretudo, na Petrobrás, sustentou-se durante um
curto espaço de tempo em uma conjuntura econômica mais ou menos favorável às
commodities exportadas pelo país. Como tinha uma falsa sustentação a longo
prazo, naufragou como um barquinho de papel frente aos golpes da velha direita
(PSDB, Dem, SDD, fascismo e grande mídia) e da crise capitalista internacional,
que se acirrou.
A
dívida externa e interna não diminuiu ou acabou, mas aumentou. O PT foi o
responsável pelo maior corte orçamentário do Brasil (R$70 bilhões), mantendo,
portanto, o elo com a espoliação colonial que o país sofre desde 1500. O Brasil
segue tão dependente do imperialismo como sempre foi. Em razão das suas
alianças de classe, a “reforma política” voltou-se contra o próprio PT, sendo
usada pelos partidos burgueses tradicionais para reforçar a sua dominação
oligárquica. Caso a “assembleia constituinte” venha a ser realmente instaurada,
ela caminhará no mesmo sentido. O controle da mídia não passou de um discurso
limitado e enganoso, pois não questionou a propriedade dos grandes monopólios
de comunicação e nem sequer conseguiu criar condições para “regulá-los”. A
defesa dos direitos dos trabalhadores transformou-se na reforma da previdência,
sindical e trabalhista; nas MPs 664, 665; no PL 4330.
Após
12 anos de governo do PT, o povo segue miserável, explorado, oprimido e
humilhado, apesar do paliativo dos programas sociais. O bolsa família é usado
como álibi para propagandear uma caricatura grotesca de “socialismo” e
justificar os votos no PT. A mentalidade clientelista, colonizada e descrente
no país não só se manteve, como se aprofundou. Os negros, apesar das cotas,
continuam sendo chacinados nas periferias das grandes cidades. Para que a
vanguarda de esquerda especialize a sua propaganda e os trabalhadores avancem
sua consciência de classe, é preciso assimilar corretamente a experiência com o
PT.
A
estratégia reformista e eleitoreira do PT – seguida fidedignamente pelo PSOL –
apenas sustentou a direita num momento de descrédito e, agora, a fortaleceu,
bem como o seu discurso anti-petista, que é, na verdade, uma forma de
disseminar ódio e preconceito contra a esquerda em geral, e a revolucionária em particular. O PT
não desmascara o PSDB, mas é “desmascarado” por ele. Todos aqueles que afirmam
que os governos do PT caminham para o socialismo são ignorantes completos sobre
o tema, iludidos ou enganadores conscientes, muito satisfeitos com estes governos.
Este partido ajudou a sustentar o capitalismo brasileiro, que agora se recupera
através do “ajuste fiscal”. Só a estratégia revolucionária pode levar os
trabalhadores ao poder, melhorar sua condição de vida e derrotar,
definitivamente, a oligarquia burguesa que domina o país, criando as bases para
a construção do socialismo.
[1] A degeneração do PT já foi analisada neste blog:
http://conscienciaproletaria.blogspot.com.br/2014/02/a-degeneracao-do-pt.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário