terça-feira, 2 de junho de 2015

O resultado da estratégia reformista do PT confirma novamente a crítica marxista

Os povos do mundo terão ainda de pagar com
novas guerras e revoluções os crimes históricos do reformismo.
(Leon Trotsky)

Não é de hoje que o marxismo critica a estratégia reformista dos partidos operários. Quando o PT se formou, pesava sobre sua consciência mais de 100 anos de movimento operário, devidamente criticado por Marx, Engels, Lenin, Trotsky e Rosa Luxemburgo. Ainda que o surgimento do PT tenha se dado em um momento extremamente reacionário, de restauração capitalista e, portanto, de derrota dos trabalhadores a nível internacional, isso não eximia seus dirigentes e teóricos de evitar os erros e traições do passado. Agora, após 12 anos de governos petistas, vemos o resultado do que era inevitável.
           
A estratégia reformista e eleitoreira (frente populista), com a desculpa de que é possível governar para os trabalhadores por dentro do Estado burguês, levou o PT a se transformar no que ele é hoje[1]: mais um partido burguês, a despeito de toda a sua retórica de “esquerda”. Portanto, o PT não mudou após chegar ao poder – demonstrando supostamente que os “homens são maus por natureza”, ou que o problema são os partidos e a organização política dos trabalhadores (que os levaria inexoravelmente à degeneração, como sustenta a tese burguesa e anarquista). Não! O PT degenerou porque optou conscientemente pela estratégia reformista.
           
Ao renunciar à estratégia revolucionária em um momento que tinha hegemonia sobre a maioria dos trabalhadores brasileiros, o PT teve que se dedicar a conseguir uma governabilidade burguesa, buscando alianças com o PMDB, PP, PTB, PDT, dentre outros. A direção foi isolando a base das decisões, patrolando-a, ludibriando-a com novas e mais perniciosas teorias oportunistas. O seu projeto pseudo-nacionalista, baseado, sobretudo, na Petrobrás, sustentou-se durante um curto espaço de tempo em uma conjuntura econômica mais ou menos favorável às commodities exportadas pelo país. Como tinha uma falsa sustentação a longo prazo, naufragou como um barquinho de papel frente aos golpes da velha direita (PSDB, Dem, SDD, fascismo e grande mídia) e da crise capitalista internacional, que se acirrou.
           
A dívida externa e interna não diminuiu ou acabou, mas aumentou. O PT foi o responsável pelo maior corte orçamentário do Brasil (R$70 bilhões), mantendo, portanto, o elo com a espoliação colonial que o país sofre desde 1500. O Brasil segue tão dependente do imperialismo como sempre foi. Em razão das suas alianças de classe, a “reforma política” voltou-se contra o próprio PT, sendo usada pelos partidos burgueses tradicionais para reforçar a sua dominação oligárquica. Caso a “assembleia constituinte” venha a ser realmente instaurada, ela caminhará no mesmo sentido. O controle da mídia não passou de um discurso limitado e enganoso, pois não questionou a propriedade dos grandes monopólios de comunicação e nem sequer conseguiu criar condições para “regulá-los”. A defesa dos direitos dos trabalhadores transformou-se na reforma da previdência, sindical e trabalhista; nas MPs 664, 665; no PL 4330.
           
Após 12 anos de governo do PT, o povo segue miserável, explorado, oprimido e humilhado, apesar do paliativo dos programas sociais. O bolsa família é usado como álibi para propagandear uma caricatura grotesca de “socialismo” e justificar os votos no PT. A mentalidade clientelista, colonizada e descrente no país não só se manteve, como se aprofundou. Os negros, apesar das cotas, continuam sendo chacinados nas periferias das grandes cidades. Para que a vanguarda de esquerda especialize a sua propaganda e os trabalhadores avancem sua consciência de classe, é preciso assimilar corretamente a experiência com o PT.
           
A estratégia reformista e eleitoreira do PT – seguida fidedignamente pelo PSOL – apenas sustentou a direita num momento de descrédito e, agora, a fortaleceu, bem como o seu discurso anti-petista, que é, na verdade, uma forma de disseminar ódio e preconceito contra a esquerda em geral, e a revolucionária em particular. O PT não desmascara o PSDB, mas é “desmascarado” por ele. Todos aqueles que afirmam que os governos do PT caminham para o socialismo são ignorantes completos sobre o tema, iludidos ou enganadores conscientes, muito satisfeitos com estes governos. Este partido ajudou a sustentar o capitalismo brasileiro, que agora se recupera através do “ajuste fiscal”. Só a estratégia revolucionária pode levar os trabalhadores ao poder, melhorar sua condição de vida e derrotar, definitivamente, a oligarquia burguesa que domina o país, criando as bases para a construção do socialismo.




[1] A degeneração do PT já foi analisada neste blog: http://conscienciaproletaria.blogspot.com.br/2014/02/a-degeneracao-do-pt.html

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