terça-feira, 14 de janeiro de 2025

As fontes materiais e ideológicas do capitalismo distópico

 


         Os capitalistas triunfaram.

         Eles constroem o futuro a imagem e semelhança dos seus interesses.

         O egoísmo se consagrou como um novo deus!

         Conseguiram plantar na mente de milhões de pessoas em todo o mundo que não há alternativa ao capitalismo.

Diferentes armadilhas nos prendem ao atual estado de coisas e não temos sabido nos desvencilhar delas. Na maioria das vezes compramos o discurso veiculado febrilmente na grande mídia e nas suas redes sociais.

Ainda que esta realidade não seja eterna e imutável, não será algo fácil de desarraigar da mente de milhões de pessoas.

 

As narrativas

         Os capitalistas sabem “ganhar no grito”.

         Patrocinam centenas de milhares dos mais hábeis escritores, jornalistas, publicitários, professores, criadores de conteúdo, que influenciam a massa humana 24h por dia, se utilizando de diversos métodos. 

Eles podem ter se vendido por dólares ou por vaidade, tanto faz!

         Tudo o que escrevem e veiculam é transformado num grande eufemismo.

         Escondem inúmeras violências físicas e simbólicas atrás de belas e nobres palavras veiculadas 24h por dia na televisão.

         A primeira forma de dominação consiste em conseguir hipnotizar e enfeitiçar a sociedade civil através das palavras, desconectando-as totalmente de seu real significado. 

Portanto, escravizam a linguagem.

         Eduardo Galeano, um dos mais destacados ativistas pela emancipação latino-americana, foi muito hábil em conseguir decifrar e desvendar essa manipulação dos jogos de palavras vazias, demonstrando que “a polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia”.

         O duplipensar de 1984, de George Orwell, sai da ficção e se torna o cotidiano da grande mídia nacional e internacional, não dos “regimes totalitários”, mas de inúmeros governos “democráticos” ao redor do mundo.

 

Quando a arte reforça a miséria do real

         Muito se critica a arte soviética, baseada em grosseiras tentativas de reforço das lideranças comunistas. De fato tal “arte” merece ser criticada e superada.

         Mas o que os “intelectuais” das “democracias capitalistas” não fazem é criticar profundamente a arte capitalista.

         Inúmeros são os livros, filmes e séries, incluindo algumas músicas, que reforçam a noção da “inevitabilidade do capitalismo”, resultando num pesadelo sem fim, numa terrível distopia real.

         Séries e filmes de zumbis, de terra arrasada, tipo Mad Max, dentre outras histórias apocalípticas, são criados quase que em escala industrial. No meio deles se mesclam pseudo mensagens motivacionais, que simplesmente manipulam emoções arraigadas na natureza humana, mas cuja finalidade oculta é evitar uma reflexão mais profunda capaz de nos fazer entender que precisamos mudar e sair das zonas de conforto para enfrentar seriamente o sistema capitalista.

         O surgimento e a proliferação de diversas formas de inteligência artificial demonstram que o futuro previsto no filme Matrix está logo ali. Se aliando à impaciência de pesquisar, ler e pensar por conta própria presente na maioria das pessoas hoje em dia, a inteligência artificial está distorcendo a capacidade de ensino e aprendizado, levando à mecanização e insensibilidade das respostas necessárias à vida cotidiana. 

É o coroamento distópico do rumo que a sociedade está tomando.

 

A era do capital impaciente 

Neste início de século XXI vemos a proliferação das “doenças nervosas”, transtornos e aflições psíquicas que pipocam em praticamente todos os países do mundo como reflexo do modo de vida capitalista.

Surgem os “especialistas” da grande mídia burguesa e os coachs de redes sociais que nos dão mil conselhos e receitas para enfrentar o terrível vazio existencial de uma sociedade cada vez mais desconectada da natureza e do outro, se tornando friamente individualista e egocêntrica.

A autoverdade é reforçada e disseminada por toda a lógica de funcionamento da sociedade capitalista, mas, em especial, pelas mídias e pela direita neofascista. É através do reforço do ego, seja em que auto-mentira for, que se estabelecerão os laços via redes sociais que serão manipulados pelos partidos e movimentos sociais da direita neofascista.

As doenças psíquicas atuais, resultado de um profundo sofrimento humano existencial, são reflexo mais ou menos direto do presente estágio de desenvolvimento econômico do capitalismo, de sua transformação de capitalismo industrial em capitalismo financeiro (monopolista ou imperialista).

Nessa nova forma de organização econômica, o sistema financeiro passa a ser o centro nevrálgico do seu funcionamento; isto é, o centro para onde os seus maiores lucros são direcionados. Ele ajuda as empresas a se expandir e se diversificar por meio de sua capacidade de transformar ativos não-líquidos, como prédios e máquinas, em ativos líquidos, como empréstimos e ações.

Entretanto, a própria liquidez dos ativos financeiros se torna negativo para o restante da economia. Os ativos financeiros podem ser deslocados e reorganizados em questão de minutos ou segundos; enquanto que os ativos não-líquidos, não podem. Assim, o dinheiro paira nas nuvens, sem preocupações com o lastro na economia real, com base na produção.

Isso cria uma grande disparidade, tornando o capital que rende mais lucros “impaciente”. Os reflexos se dão na tendência à uma fraca produtividade, uma vez que os investimentos a longo prazo são reduzidos para satisfazer este capital impaciente. Os capitalistas preferem os títulos das dívidas públicas, porque são mais rentáveis, do que o investimento na indústria, mais inseguro e a longo prazo.

Surgem, assim, inúmeros derivativos bancários e bolhas sem rastros na economia real, que ao explodirem, exigem imediatamente o dinheiro que está na economia real e, geralmente, nos cofres públicos. A luta atual da burguesia mundial e brasileira é garantir o Estado como fiador dos custos e dos inevitáveis prejuízos, repassando-os permanentemente para a população pobre. 

A virtualização do dinheiro, sobretudo nas mãos da burguesia escondida no “deep state” norte-americano, também anda no sentido deste abismo. Ao imprimir dinheiro de acordo com as suas necessidades, que não são maiores ou melhores do que as necessidades do resto do mundo, ela joga inflação para os demais países em diferentes continentes. É, praticamente, uma arma de guerra — ou melhor, uma arma de destruição em massa!

Justamente porque o sistema financeiro é eficiente ao reagir às várias oportunidades de lucro, ele se torna prejudicial para o restante da economia. Este capital “líquido” passeia imprevisivelmente pelo mundo, adotando formas “irracionais”, como se pôde acompanhar na crise financeira mundial de 2008.

O irracionalismo do sistema financeiro exige uma série de medidas não menos destrutivas do que as realizadas pela indústria na natureza, como a desregulamentação do mercado financeiro e do mercado de trabalho, privatização, câmbio flutuante, controle de migração, farra de taxa de juros nos países pobres e dependentes, que, por sua vez, geram um irracionalismo correspondente na mente de milhões de pessoas frente às exigências de subsistência da vida diária. 

Ou seja, a economia não tem mais função social, mas se torna uma máquina de concentrar riqueza e de produzir bilionários, de um lado, e miseráveis, no outro. Um irracionalismo flagrante que leva à violência, fome, formação de cracolândias e zumbis humanos nas grandes cidades. Todo este irracionalismo tem sido canalizado e manipulado, de forma branda, pela grande mídia, e, de forma escancarada, pela direita neofascista de acordo com os seus interesses.

A ascensão do neoliberalismo como doutrina oficial do capitalismo Ocidental liderado pelos EUA é a expressão máxima desse capital impaciente, que impõe a desregulamentação de todos os mercados e da privatização de tudo o que cheire a público nos países pobres e dependentes.

 


O reflexo no mundo das ideias

         Esta dinamização imposta pelo capital impaciente gera ideologias que se disseminam amplamente através das novas formas de tecnologia e comunicação.

         A intensificação do individualismo impulsiona formas de ver o mundo pelo prisma da autoverdade, do utilitarismo, do hedonismo e do identitarismo burguês. Os próprios meios de criação de ideologias — universidades, escolas, igrejas, grande mídia, redes sociais — desenvolvem formas e técnicas para disseminar estas ideologias e “verdades”, que, por sua vez, reforçam a terra arrasada na vida real — isto é, a distopia!

         Os indivíduos se tornam mais conservadores, fechados em si mesmos, acreditando em qualquer terraplanismo que reforce o seu próprio ego e, consequentemente, seus próprios interesses e ganhos imediatistas. Refletindo a dinâmica do capital impaciente gerado pelo sistema financeiro, tudo o que não tem ganhos imediatos é visto como “perda de tempo e dinheiro”, passível, portanto, de ser ignorado ou excluído (mesmo as relações amorosas, familiares, pessoais).

         Assim, para a mente conservadora atual, influenciada por toda essa realidade material e ideológica, e o flagrante irracionalismo da economia, todos os conceitos, mesmo místicos e religiosos, “são verdadeiros” na medida em que são úteis para quem os defende. Qualquer pensamento que seja útil individualmente pode ser reivindicado como “verdadeiro”, tornando possível dar explicações seletivas, diferentes, até mesmo contraditórias, de um mesmo fenômeno. Manda-se a ética para o espaço!

No essencial, o pragmatismo e utilitarismo filosóficos defendem que “se funciona é bom”; ou seja, tudo aquilo que atinja seus fins individuais (como o lucro, por exemplo) cumpre a sua função, independentemente deste fim ser contraditório com o social ou com a natureza. Ao agir pragmaticamente, muitas pessoas pensam que estão defendendo os seus “interesses pessoais”; porém, estes são minúsculos e contraditórios se comparados aos interesses do sistema financeiro, ao qual estão, na verdade, subordinados e ameaçados permanentemente. É o reinado da escravidão voluntária!

É um círculo vicioso que se reforça a si mesmo até a exaustão e, no qual, a esquerda não consegue combater porque não se coloca questões relacionadas à psicologia de massas. Os discursos, debates e programas racionais contam muito pouco. O debate político virou um ringue de manipulação emocional. 

Muitos trabalhadores sob a hipnose do neofascismo e da propaganda capitalista confundem argumentos políticos com ataques pessoais. Também se acostuma a achar natural um discurso incoerente, desde que este supostamente defenda as coisas que são mais caras ao seu egotismo: a família, a religião que lhe promete proteção paterna e vida eterna, etc. Confunde tudo isso com a defesa da propriedade, que no seu caso não tem nada a ver com a propriedade sobre o capital e, às vezes, com nenhum tipo de propriedade, pois vive de aluguel ou favor. A sua sede de poder pessoal sobre a família é um apoio para todo o edifício do sistema, que sustenta no seu topo os bilionários.

A direita neofascista não só sabe disso, como aprendeu a manipular e reforçar tais sentimentos. Ela afirma que toda a pobreza e miséria gerada pelo capitalismo é culpa do “comunismo” ou “dos comunistas”. Um trabalhador manipulado pelas emoções vai acreditar e reproduzir tal disparate! Isto é, reforçará por si mesmo a sua própria auto-escravidão.

Temos, portanto, a destruição ideológica, moral e emocional da população, da mesma forma que vemos a indústria capitalista destruir dia a dia a natureza e o planeta — um sendo a continuidade do processo do outro. Como os seus anseios para o desenvolvimento da própria personalidade, sua e de sua família, não encontram solução real na economia, que o explora e empobrece, ele desenvolve diversos tipos de transtornos, doenças psíquicas e emocionais, bem como dependências químicas.

 

A ascensão de uma “nova forma” de se fazer “política” em épocas de capitalismo “impaciente” e distópico

         A cereja em cima do bolo deste “novo” capitalismo é o surgimento do neofascismo, liderado por Trump e Steve Banon e seguido por vassalos neocoloniais, como Bolsonaro e Milei. O que poderia gerar resultados de dominação mais rápidos do que manipular as taras, o ódio cego e o ego frágil de inúmeras pessoas? É nisto que a direita neofascista aposta e ganha!

Contudo, a festa do sistema financeiro mundial tem também os seus limites na atualidade. O projeto de desregulamentação e controle do mercado mundial bate de frente com o projeto econômico representado por China e Rússia. 

A China tem vencido a disputa econômica com os EUA dentro das regras criadas pelos próprios EUA. Eis aí o drama geopolítico mundial do início do século XXI!

Como não consegue vencer a China dentro da legislação internacional e das regras de comércio que foram criadas por eles próprios, o deep state dos EUA apela para métodos políticos “novos”. O medo de perder estes mercados leva a burguesia estadunidense a sofisticar a manipulação política. Vejam a utilização das redes sociais: espionam e redirecionam a psicologia de massas; manipulando esta, influenciam governos, países e mercados.

         Os métodos de “debate” da direita neofascista servem perfeitamente para manipular emoções infantis de “pessoas comuns” e ocultar os níveis de privilégios e exploração do capitalismo imperialista, que se encontra em avançado estado de degeneração, produzindo bilionários — muitos deles, especuladores — que detém metade da riqueza mundial, enquanto a maioria da população mundial vegeta na pobreza e na miséria. 

         O salário relativo dos executivos norte-americanos aumentou pelo menos em 10 vezes entre as décadas de 1950 e os dias de hoje. Um CEO típico costumava receber 35 vezes o salário de um trabalhador típico, enquanto hoje ele recebe entre 300 e 400 vezes esse valor. No entanto, isso não acontece porque a produtividade destes executivos tenha aumentado dez vezes mais rápido do que a dos trabalhadores.

As contradições são muito grandes para não serem percebidas, por isso a burguesia organizada nesta direita neofascista se especializou em manipular as emoções e em distorcer a realidade, misturando “auto-verdade”, pós-modernismo e egotismo. É visível o sucesso desta manipulação pelo crescimento vertiginoso da mentalidade conservadora por entre a classe trabalhadora e os pobres, bem como o crescimento eleitoral dos movimentos neofascistas no Brasil e no mundo.

Uma das cordas puxadas pela direita neofascista para realizar a sua dominação psíquica e emocional é a religião evangélica organizada, que tem se tornado um movimento político aberto, dispondo de vários partidos, correntes políticas e instituições. Além da fortuna — que nunca virá —, eles prometem a vida eterna; ou seja, a reprodução indefinida do próprio ego. Portanto, estas igrejas passam a se tornar parte política ativa do sistema.

É um outro pesadelo de obras de ficção distópica — O Conto da Aia — que está se repetindo na realidade. 

 

As revoluções coloridas desenvolvidas pela CIA

         A direita neofascista também têm mobilizado as massas muito mais exitosamente que a “esquerda”. Isso gera medo e perplexidade em quem tenta analisar a conjuntura.

Neste início de século XXI vimos a explosão de diversas manifestações espontâneas: primavera árabe, Occupy Wall Street, Coletes Amarelos, manifestações de 2013 no Brasil, dentre outras. A inoperância e o oportunismo da “esquerda”, por mais desgraçados que o sejam, não explicam por si só como a direita e o imperialismo canalizaram as manifestações para si.

Certamente existe um aparato político e ideológico poderoso para canalizar estas mobilizações que surgem do descontentamento popular a partir de ONGs, organizações reacionárias (como o MBL, youtubers, igrejas evangélicas etc.), a grande mídia, agências de espionagem e muitos governos, mas isso também não explica tudo. 

Não basta ter um aparato todo-poderoso: é preciso saber qual política difundir através dele.

A direita neofascista passou a mobilizar massas pela força do ódio sadomasoquista e do caos social gerado pelo próprio capitalismo. A “esquerda” vergonhosamente tem apoiado todos estes “movimentos” e “revoluções” sem nenhuma preocupação com suas palavras de ordem, sua real organização e inserção no movimento de massas, bem como para onde apontam sua agitação e propaganda, nem qual é a real disposição da massa ao aderi-los.

A distopia também é o reflexo de uma situação sem saída gerada pela própria política de massas, que fica correndo em círculos, enquanto o sistema destrói o meio ambiente, desumaniza e humilha populações e países inteiros. O enorme gasto de energia humana destas mobilizações é direcionado para defender as pautas da auto-escravização capitalista.

 

A boa e a má notícia

         O aparente beco sem saída para a terra arrasada que vivemos é parte da dominação ideológica. Querem nos fazer crer que não há saída. A grande mídia sabe disseminar uma falsa esperança para conseguir fazer toda uma nação levantar na segunda-feira para trabalhar, mas sem questionar uma vírgula do curso autodestrutivo que o capitalismo nos impõe.

         Porém, a questão fundamental é que existe todo um sistema econômico, político, ideológico, moral e “religioso” montado para que acreditemos que não há saída. Portanto, se tratam de políticas, ideologias e mídias que refletem bem o atual desenvolvimento sócio-econômico dos países do mundo.

         Esta foi a má notícia!

 

         A boa, é que também precisamos mudar a postura, pois não há como revolucionar e mudar uma sociedade sem que mudemos a nós mesmos, ainda mais quando sabemos que os métodos refinados de dominação impõe formas sutis de dominação psíquica e emocionais egotistas. A zona de conforto e as nossas falsas crenças no poder ilimitado do nosso próprio ego é parte da dominação. As diversas organizações de esquerda também são reféns dessa auto-ilusão e não estão conseguindo ir além.

         Precisamos reconhecer que estamos desumanizados e insensíveis para com os outros e muitas vezes para com a gente mesmo. No geral gostamos mais de apontar o dedo e exigir a mudança nos outros do que em nós mesmos. A luta pela emancipação está dentro e fora de nós. Como no caso de um avião despressurizado, precisamos colocar a máscara de oxigênio em nós mesmos para depois podermos ajudar os outros. O mesmo vale para a mudança e o progresso social.

         Tentar mudar o mundo exige que a gente faça um exame ético de consciência nas nossas relações políticas, sindicais e pessoais. Este é apenas o primeiro passo… que não temos dado, esperando que os outros deem!




quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Humphry Morice


*Por Jorge Fróes, extraído do livro “Chegou um negro”


Todos esses que tem dinheiro
demais são Humphry Morice.

Tem frota de navios negreiros,
navios batizados com os nomes
de esposa e filha, Katherine e Sarah.
As iniciais de seus nomes, K e S,
gravadas com ferro quente
no traseiro ou no peito
dos escravizados a bordo
(É possível que elas não saibam disso).

Todos esses que têm dinheiro
demais são comerciantes.
Morice tinha dez porcento
do tráfico de Londres.

Mesmo hoje, todos esses
que têm dinheiro demais
e que pagam miseravelmente
seus empregados
são Humphry Morice.

Tem criados à sua disposição.
tem propriedade familiar
na zona rural da Cornualha
e magnífica casa em Londres.
Descendente de destacada família
de comerciantes, membros do parlamento,
amigo do primeiro-ministro
e diretor do Banco da Inglaterra,
participação extensa no comércio global,
no capital financeiro e na economia
do Império Britânico, Humphry Morice,
o principal traficante de escravos de Londres

Instruía seus capitães
a comprar pessoas entre 12 e 35 anos,
a razão de dois homens para cada mulher.
Numa de suas encomendas
recebera 678 peças que foram entregues vivas
Hidropsia, disenteria, tuberculose,
letargia, pularam no mar (suicídios)
são algumas das causas
dos que o Atlântico comeu naquela viagem.

Todos esses
que não têm navios negreiros,
mas têm supermercados, fábricas,
indústrias, que exploram os empregados
são Humphry Morice.

De que morreu Humphry Morice?
Falem em voz baixa:
“tomou veneno”.