O ano de 2018 se aproxima e com ele as especulações sobre a candidatura e a possível eleição de Jair Bolsonaro para presidente da República (pelo PSC). Eleito deputado federal pela classe média do Rio de Janeiro, cuja idolatria pelo exército se nota nos museus e nas ruas da cidade, Bolsonaro não está sozinho no Congresso Nacional e na política brasileira (a classe média do Rio de Janeiro também elegeu o seu filho, Eduardo Bolsonaro). Jair Bolsonaro apenas leva até o fim de forma explícita o que todos os políticos burgueses do Congresso Nacional pensam, mas não tem coragem de externar. Alguém tem dúvida que, por exemplo, Eduardo Cunha ou Michel Temer (do MDB) pensam exatamente como ele?
Bolsonaro não possui diferença alguma em relação aos políticos tradicionais. Sustenta posições visceralmente reacionárias, atrasadas, medievais, que apenas poderão:
1) Manter o atraso do Brasil enquanto país semi-colonial;
2) Aumentar a segregação, a desigualdade social, a violência urbana e instigar o ódio de uns pelos outros (sentimento nada cristão para quem se diz representante da moral e dos bons costumes).
Bolsonaro defende o racismo, o machismo e a lgbtfobia; chegou ao cúmulo de fazer apologia do estupro e da tortura política da ditadura militar. O "mito" de parte da classe média defende um programa neoliberal, recessivo, de privatizações, de subordinação total do nosso país (cheio de potencialidades e recursos) ao mercado financeiro, que chantageia e domina os países da periferia do sistema. Tudo isso apenas aprofundará o atraso econômico, político e cultural do Brasil. Jamais será capaz de defender qualquer mudança que o país realmente precisa. Sua função tem sido instigar e dar vazão ao ódio no sentido de cegar seus seguidores e a sociedade em geral sobre a real solução dos problemas sociais gerados pelo capitalismo. Quer santificar o sistema, demonizar o "comunismo" e todos aqueles que, na sua concepção, representam um "distúrbio" para a ordem social (pobres, assaltantes, gays, mulheres feministas, etc.).
Não esqueçamos que Hitler foi eleito chanceler em 1933, sobretudo pelo voto da classe média conservadora e reprimida sexual e politicamente. As portas de ódio, sadismo e perversão que Bolsonaro já está abrindo, poderão ser irreversíveis caso seja eleito, tal como o foram na Alemanha nazista.
Um sujeito como este, chamado de "mito" por alguns sádico-perversos e por "programas de humor", jamais deveria ser levado a sério. Ao invés de ser proibido, ele se expressa livremente na política e nas instituições "democráticas". Sob nenhum ponto de vista o que ele defende pode se enquadrar no que se chama de "liberdade de expressão" ou "direito democrático". Somente um sistema econômico e político decadente, que precisa recorrer e naturalizar mecanismos ditatoriais, pode tolerar ou tornar normal uma aberração desta natureza.
O aumento da criminalidade, do tráfico de drogas e da violência social não se resolverão com a "pena máxima" aos criminosos. Somente atacando as raízes da desigualdade e da segregação de classes sociais se poderá resolver tal problema. Da mesma forma: querer ignorar o problema da diversidade sexual não se resolverá fortalecendo a família patriarcal, ignorando as diferenças, jogando-as para debaixo do tapete, reforçando e autorizando o bullying. A crise econômica não será resolvida com "mais capitalismo", mais privatizações, fim de direitos sociais, destruição do movimento sindical, ditadura capitalista e torturas.
O programa político de Bolsonaro, portanto, não pode resolver a crise social e econômica do país. O capitalismo está num beco sem saída desde meados do século 20. As "saídas" fascistas, ditaduras militares e similares apenas prolongarão a agonia. Os "agitadores fascistas" procuram puxar a roda da história para trás através da força e da disseminação do ódio. Somente a mudança rumo ao socialismo, destruindo as atuais instituições e construindo novas (o que uma reforma política como propõe os petistas e seus satélites não pode resolver), representará um futuro para o país.
A autêntica esquerda socialista, que precisa mobilizar pelo caminho da igualdade, da mudança social, se pautando pelo "dizer a verdade às massas, por mais amarga que seja", está sempre em desvantagem em relação ao "agitador fascista", como é o caso de Bolsonaro. Este utiliza-se do senso comum e do ódio, da trapaça no raciocínio e no embate de ideias e de programas, valendo-se da força da inércia e da hipocrisia, inclusive subornando e fazendo conchavos de bastidores sem nenhuma "crise de princípios".
Este método de polarizar o debate político-eleitoral em torno do ruim e do menos pior, alimentando a esperança de um messias (seja Bolsonaro ou mesmo Lula), serve de cortina de fumaça, de confusionismo total e descarado, para manter os grilhões que acorrentam os trabalhadores. Nenhuma solução advirá deste democracia, destas eleições e deste sistema. A burguesia sempre vence!
Se Bolsonaro não for eleito pela burguesia "nazista" e pela classe média repleta de ódio, o mais provável é que seja eleito um candidato "responsável" do PSDB pela burguesia "responsável" e pela classe média moderada; ou então teremos a eleição de Lula (PT) por grande parte dos trabalhadores imediatistas e pela classe média "progressiva". Neste caso, teríamos um novo governo "reformista" sem reformas, que gestaria um novo ovo de serpente do fascismo. Em todos cenários os trabalhadores perdem. Cabe a semeadura de novos projetos políticos, para que germinem num futuro não muito distante.
Por uma saída sem "messias" de nenhuma espécie. Pela organização, conscientização e autonomia coletiva da classe trabalhadora!
Abaixo o nazi-fascismo: abaixo Bolsonaro!