O governo Sartori foi eleito com o seu conhecido slogan "o meu partido é o Rio Grande", querendo dar a ideia de que colocava os interesses do povo e do Estado acima dos interesses partidários e político-programáticos. Esta falsa retórica tem sido usada pela direita aqui e mundo afora (PMDB, PSDB, MBL, D. Trump, etc.). Dória, por exemplo, seria apenas um "empresário" eficaz, que não daria vazão à politicagem. O fato de ele ter sido eleito pelo PSDB seria um mero detalhe. O mesmo poderíamos dizer de Sartori, que mesmo eleito pelo PMDB (conhecida quadrilha de estelionatários), teria como seu partido o "Rio Grande".
Durante sua campanha, Sartori deveria ter apresentado seu verdadeiro programa: política econômica recessiva, privatizações, parcelamento salarial de servidores, destruição dos serviços públicos, etc. Esta é a sua única e verdadeira política para a educação e saúde públicas, bem como para o "desenvolvimento do Estado". Como insiste em dizer, a suposta "crise financeira" começou muito antes do seu governo (omitindo, é claro, que o precursor dela foi Antonio Brito, também do PMDB, cujo líder do governo na ALERGS foi ele próprio). Como um assunto tão grave como esta "crise", que começou muito antes, pôde ser ignorado durante a campanha eleitoral?
Isto só foi possível porque vivemos em uma falsa democracia, baseada em um sistema eleitoral farsesco, com debates "fakes", que permitem este tipo de estelionato, bem como o apoio inescrupuloso dos grandes meios de comunicação (RBS, em particular), que chegaram a fraudar pesquisas eleitorais (quem não se lembra que Sartori ganhou o 1º turno, mesmo aparecendo muito atrás nas pesquisas? Um verdadeiro trunfo do marketing eleitoral, que ludibriou com sucesso a opinião pública).
A bem da verdade, este programa político e econômico de submissão total ao neoliberalismo (qual seja: a única política permitida é a de privatizações; bancos e empresas públicas estão expressamente proibidos de disputar o mercado e de ter políticas de desenvolvimento social) é uma imposição ditatorial do mercado, da qual nenhum governo "democrático" pode fugir. Qualquer partido burguês eleito no lugar de Sartori aplicaria o mesmo programa neoliberal, de uma forma ou outra (incluso o PT e o PCdoB, provavelmente de um jeito mais brando). O fato, contudo, é que o governo Sartori se elegeu em um grande estelionato eleitoral, pouco ou mal compreendido (ou mesmo ignorado). Grande parte da população, ainda satisfeita com a política do pão e circo, afundada num individualismo atroz, foi conivente com isso, embora estejamos todos pagando o preço.
O partido do Sartori, na verdade, além de ser a máfia do PMDB, é composto pela RBS e grande mídia, os empresários da agenda 2020 e pelo sistema financeiro internacional. Enquanto não compreendermos que por trás das retóricas eleitoras (que se permitem toda a sorte de demagogias) estão os interesses dos empresários, banqueiros e agiotas, sustentados por instituições políticas que funcionam como o seu balcão de negócios, estaremos fadados a viver como escravos, pensando em sair do país (leia-se: fugir), fugindo da nossa responsabilidade social de encarar tudo isso e enfrentá-los como eles merecem. Apesar de ser duramente atacado e criminalizado pela grande mídia (em especial por jornalistas mercenários, como Diego Casagrande da Band), foi por tudo isso que fizemos greve.