domingo, 5 de julho de 2015

A máquina de calúnias

Após a restauração do capitalismo na ex-URSS e nos demais países ditos “socialistas” (o que os setores conscientes do movimento operário chamavam de regimes stalinistas), ficou evidente o tamanho da campanha de calúnias e mentiras do aparato controlado por Stálin contra Trotsky e os trotskistas. Esta verdadeira máquina de distorções e calúnias só encontra comparação na atual mídia burguesa, que cumpre a mesma função, com outros métodos e outra tecnologia. Um estudo atento e honesto do que foi a URSS e a burocracia stalinista não deixa margens a dúvidas sobre isso.
           
Mesmo com o fim material e econômico desta máquina de calúnias stalinista, as mentiras e distorções lamentavelmente não cessaram. Nos movimentos sociais ela continua funcionando pela mente e pela boca dos resquícios do stalinismo e de suas organizações (PCdoB, PCB, PCR e outras organizações menores), que ainda perduram e vivem, dentre outras funções reacionárias, para caluniar Trotsky. O qualificam dos velhos rótulos já gastos de agente da CIA, inimigo da URSS, falso revolucionário. Chama a atenção o fato de não haver um único argumento sério, honesto, político, teórico. Apenas calúnia, difamação, ódio de classe. A mídia burguesa calunia o socialismo por cima, afirmando que os regimes stalinistas são o “socialismo” e “não deram certo”; e os stalinistas por baixo, se infiltrando no movimento operário como erva daninha, caluniando e destruindo a única análise séria e científica do que realmente foi a URSS.

Apesar da grande consternação que os trotskistas sentem ao ver tamanha maquinação e mentiras que não se respaldam em um único fato histórico, é compreensível o motivo porque agem desta forma: a obra de Trotsky é um estandarte de luta contra as burocracias políticas ditas “socialistas” que desmascara todo o papel nefasto cumprido por elas tanto dentro dos seus respectivos países, quanto na luta de classes internacional. Da mesma forma, todas as organizações e partidos de “esquerda” que levantam o nome de Stálin sem corar de vergonha, encontram-se desmascaradas e desarmadas perante tal denúncia. Só restam os seus métodos autênticos da calúnia e difamação!

O desafio para os caluniadores stalinistas continua sendo responder uma única crítica trotskista:
1) É possível socialismo em um só país, a revolução por etapas, o apoio às burguesias nacionais dos países de terceiro mundo? Isso seria um passo para o socialismo ou uma forma camuflada de levar os países ditos “socialistas” a restaurarem o capitalismo?
2) As frentes populares foram uma tática política correta ou de conciliação de classes, eleitoreira e degenerada, que levou inúmeros partidos comunistas a liquidarem sua independência de classe e a sustentarem a burguesia dos seus respectivos países, se adaptando à democracia burguesa?
3) O papel cumprido pela política de Stálin na revolução chinesa, alemã, espanhola, brasileira, na greve geral francesa de 1936, e em tantos outros lugares, foi correto – ajudando a desencadear e vencer revoluções – ou uma forma de enterrá-las, criando um vácuo que debilitou e destruiu as suas respectivas vanguardas proletárias durante anos e algumas irremediavelmente até hoje?
4) A burocracia política de Stálin à frente do Estado Soviético, logo após usurpar o poder político do autêntico Partido Bolchevique e a soberania dos Sovietes, levou ao triunfo do socialismo na União Soviética – como a máquina de calúnias propagandeava aos quatro cantos – ou levou ao emperramento econômico e, posteriormente, à restauração do capitalismo?
5) Que posição tomam os atuais caluniadores de Trotsky sobre os Processos de Moscou que assassinaram toda a velha guarda do Partido Bolchevique; bem como, qual a sua posição sobre os inúmeros militantes trotskistas delatados, presos, torturados e mortos pelo stalinismo não apenas na Rússia, mas também na Europa? A que moral de classe servem?

Muitas outras questões como estas poderiam ser levantadas e certamente ficariam no ar, envoltas por um silêncio constrangedor. Antes de tentarem enlamear o nome do grande revolucionário com calúnias e distorções, os pigmeus stalinistas, chafurdando na própria lama que criaram em volta de si, precisam responder a estas perguntas. Somente depois de respondidas satisfatoriamente se pode discutir as suas invencionices contra Trotsky. Enquanto a vanguarda proletária não estiver totalmente vacinada contra estes caluniadores incorrigíveis, será muito difícil falarmos em uma verdadeira luta pelo socialismo, bem como de uma reabilitação do seu nome perante os trabalhadores do mundo.

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