"Ela virá, e trará a todos não só o direito ao pão, mas à poesia!"
(Trotsky)
Em 21 de agosto de 2014 completam-se 74 anos do assassinato de Leon Trotsky, o grande dirigente da revolução russa de 1917 ao lado de Lenin, fundador do Exército Vermelho e da IV Internacional.
Trotsky começou sua vida política na clandestinidade da luta contra o absolutismo czarista. Aderiu ao marxismo na última década do século 19 e assim permaneceu até o seu último suspiro. Nos primeiros anos do século 20 separa-se das tendências social-democratas (bolcheviques e mencheviques) e funda, com outros trabalhadores, uma organização operária clandestina à parte. Com a derrota da revolução russa de 1905 traz à luz a teoria da revolução permanente; grande tratado teórico marxista do nosso tempo que demonstra que a burguesia, na época imperialista em que vivemos, não é mais capaz de cumprir nenhuma tarefa revolucionária do passado (fim do latifúndio, reforma agrária, derrubada de uma monarquia absolutista para instaurar uma república democrática). Pelo contrário. Somente o proletariado no poder poderá realizar estas tarefas.
Em 1917 funde sua organização com o Partido Bolchevique e, ao lado de Lenin, dirige a revolução russa que instaurou o primeiro Estado Operário que a História conheceu. Após a tomada do poder, fundou e liderou o Exército Vermelho que lutou contra a coalizão de 14 exércitos imperialistas que invadiram a Rússia para depor o governo Bolchevique. Foi incansável combatente sempre levantando a moral dos soldados, dos operários, dos oprimidos em geral. No melhor estilo leninista, sempre casou a luta prática com a luta teórica. Nos deixou uma vasta obra teórica que podemos considerar como o autêntico "marxismo do nosso tempo"!
Trotsky discursando como dirigente do Exército Vermelho para a população local |
Junto com Lenin, pressentiu a degeneração burocrática do Estado Soviético em função do isolamento político e econômico internacional, da derrota da revolução europeia, dentre outros fatores. Lenin morreu em 1924 e deixou um testamento em que concluía: "afastem o camarada Stalin do poder". Trotsky seguiu a luta contra a burocracia stalinista bem aos moldes do que fazia quando era um revolucionário clandestino na luta contra o czarismo. Não se deixou comprar pelas bajulações, pelas ameaças, pelas intrigas. Caracterizou e combateu com precisão a degeneração stalinista da URSS. Denunciou todas as traições da camarilha de Stalin às revoluções em diversos países. Demonstrou teoricamente em 1930 (!) que se a burocracia stalinista se mantivesse no poder a restauração capitalista seria inevitável; fato que veio se concretizar em 1989 com a chamada Perestroika, do burocrata de plantão, Mikhail Gorbatchev.
Sua batalha teórica contra o stalinismo e os revisionistas e charlatães de todos os matizes nos deixou um legado inestimável, que toda a humanidade precisa conhecer. O trotskismo é o marxismo de nosso tempo; é o ponto de partida para continuar a luta coerente pela revolução socialista. No auge da contra-revolução mundial, quando o stalinismo o expulsou da URSS, quando o nazismo tomou o poder na Alemanha, Trotsky manteve-se coerente, ajudando o proletariado de todos os países a encontrar uma política justa. Frente à destruição da III Internacional, fruto da política stalinista, em 1938, junto com outros revolucionários, funda a IV Internacional (o partido internacional da revolução socialista - hoje destruída pelo revisionismo trotskista: mandelismo, lambertismo, morenismo, dentre outros).
Incorruptível, remou contra a maré reacionária mundial; sua vida não tem uma única mácula. Até hoje a burguesia, os stalinistas (que hoje se encontram no PCB, PCdoB, e em muitos outros partidos, só que de forma enrustida) e os revisionistas, colocam palavras em sua boca ou o caluniam de diversas formas para tentar encontrar uma brecha por onde criticá-lo. Mesmo o aparato stalinista não conseguiu deturpar a História com as suas monstruosas falsificações. A memória de Leon Trotsky vive e viverá cada vez mais com o aprofundamento da crise capitalista mundial, com a tomada de consciência dos trabalhadores à respeito das burocracias sindicais, com a restauração capitalista nos ex-Estados operários burocratizados e a necessidade histórica de os trabalhadores superarem o capitalismo.
Nos 74 anos de seu assassinato à mando de Stalin, vale lembrar suas palavras: "Não preciso mais uma vez refutar aqui a calúnia vil de Stalin e seus agentes: não há uma só mancha sobre a minha honra revolucionária. Não entrei, nem direta e nem indiretamente, em nenhum acordo, ou mesmo em nenhuma negociação de bastidores com os inimigos da classe operária. Milhares de adversários de Stalin tombaram vítimas de falsas acusações. A novas gerações revolucionárias reabilitarão sua honra política e tratarão os carrascos do Kremlin como eles merecem (...) Nos quarenta e três anos de minha vida consciente, permaneci um revolucionário; durante quarenta e dois destes, combati sob a bandeira do marxismo. Se tivesse de recomeçar, procuraria evidentemente evitar este ou aquele erro, mas o curso principal de minha vida permaneceria imutável. Morro revolucionário proletário, marxista, partidário do materialismo dialético e, por consequência, ateu irredutível. (...) Mas sejam quais forem as condições de minha morte, morrerei com uma fé inquebrantável no futuro comunista. Esta fé no homem e em seu futuro, dá-me agora, uma tal força que religião alguma poderia me dar. (...) Natacha acabou de chegar pelo pátio até a janela e abriu-a completamente para que o ar possa entrar mais livremente em meu quarto. Posso ver a larga faixa de verde sob o muro, sobre ele o claro céu azul, e por todos os lados, a luz solar. A vida é bela, que as gerações futuras a limpem de todo o mal, de toda a opressão e possam gozá-la plenamente" (Leon Trotsky - Testamento).
O exemplo de Trotsky continuará iluminando o caminho das novas gerações de militantes proletários! Os trabalhadores de todo o mundo perderam nele o seu melhor amigo.
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