Ao que tudo indica, não é apenas a Rede Globo que sustenta que “o agro é
tech, o agro é pop, o agro é tudo!”.
Num post da internet
que coloca o seguinte questionamento: “qual o maior inimigo de classe no
Brasil?”, o profeta do “socialismo chinês”, Elias Jabbour, sustenta o seguinte:
“O agronegócio não é
meu inimigo principal de classe. O meu inimigo de classe é o capital
financeiro”.
E ele nem cora de
vergonha!
Como sabemos, o
agronegócio é o principal exportador de soja e carne para a China. Ele está
totalmente interconectado com o capital financeiro. O sistema financeiro e o
agronegócio são os principais beneficiários e patrocinadores da atual situação
econômica semicolonial do nosso país. Para Jabbour, no entanto, o Brasil só
pode se desenvolver se estiver colado à China, independentemente de que papel
cumpra nessa relação.
Se é certo que se
deve observar atentamente a relação Brasil-China não só a partir do agronegócio,
mas dos BRICS e da geopolítica mundial, certamente não se deve embelezá-lo
perante o povo, uma vez que um dos principais expoentes da chamada “elite do
atraso” é, justamente, o agronegócio.
É o agronegócio a
continuação das típicas relações coloniais do Brasil que escravizaram o seu
próprio povo para enriquecer metrópoles estrangeiras. Todo o projeto de
“modernização” e “infraestrutura” proposto pela China e apoiado
entusiasticamente por empresários do setor, políticos de direita e “esquerda”,
e militantes como o próprio Jabbour, visam escoar a sua produção ao exterior em
detrimento de uma industrialização que atenda aos reais interesses e anseios do
povo brasileiro.
É o agronegócio que
mantém posturas extremamente autoritárias na política, no campo, nas
legislações. Não há diálogo quando seus interesses são questionados. Sua
postura não é só totalitária, é colonial! Nos remete aos tempos portugueses do
açúcar, do ouro e do café. Quem lhe questiona é esquartejado, simbólica ou
fisicamente.
Por isso a linha
política de Jabbour mais parece a busca por uma nova metrópole — com um
discurso arrojado, atraente e “igualitário”, mas, ainda assim, uma metrópole! —
do que uma emancipação política e econômica do Brasil.
Certamente o projeto de subordinação aos EUA que vigorou até hoje não é
melhor, senão que é mais predatório e violento, tanto no discurso, quanto na
prática. No entanto, não são os chineses que devem dizer como tem que ser a nossa
industrialização e o nosso desenvolvimento econômico; nem nós deveríamos
esperar por isso.