segunda-feira, 25 de abril de 2022

O Anti-imperialismo na era da Rivalidade das Grandes Potências - RCIT

Os Fatores por trás da Aceleração da Rivalidade entre os EUA, a China, a Rússia, a UE e o Japão

Uma crítica da análise da esquerda e um esboço da perspectiva marxista


Autor: Michael Pröbsting, Secretário Internacional da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI - RCIT, Revolutionary Communist International Tendency), janeiro de 2019 www.thecommunists.net

Tradutor: Joao Evangelista



Introdução do livro

 

Um dos maiores problemas do nosso tempo é a crescente rivalidade entre as Grandes Potências imperialistas - os EUA, a China, a UE, a Rússia e o Japão. Então, as disputas diplomáticas, as sanções, as guerras comerciais, as tensões militares e, em última análise, as grandes guerras entre essas Grandes Potências são características marcantes do período histórico que se aproxima. A iminente Guerra Global do Comércio entre os EUA e a China, as tensões no Mar do Sul da China, as sanções entre o Ocidente e a Rússia - tudo isso demonstra a atualidade maior da questão da rivalidade entre as Grandes Potências.


Estes desenvolvimentos estão intimamente relacionados com a crescente agressão das Grandes Potências contra os povos oprimidos - um fenômeno que tem massivamente se acelerado desde 2001 sob o disfarce da "Guerra ao Terror".


Por estas razões, sempre enfatizamos a importância crucial de compreender a natureza do sistema mundial imperialista. Sem essa compreensão da teoria marxista na época moderna, é impossível reconhecer o caráter imperialista das Grandes Potências. Esta é uma questão especialmente urgente, dado o surgimento de novas potências imperialistas - China e Rússia - que estão a desafiar os antigos senhores da antiga ordem imperialista mundial (os EUA, como hegemônico, e a UE e o Japão como potências aliadas).


Consequentemente, uma correta compreensão teórica das principais contradições do capitalismo mundial é o pré-requisito para os socialistas adotarem uma posição anti-imperialista inequívoca - uma das tarefas mais importantes para os marxistas hoje, em especial para aqueles que atuam no coração da besta fera imperialista.


Tal programa marxista de luta anti-imperialista dentro dos próprios países imperialistas tornou-se conhecido como Derrotismo, ou, para ser mais preciso, como Derrotismo Revolucionário. Este programa significa, resumindo-o numa fórmula simples, rejeitar qualquer tipo de apoio a toda e qualquer Grande Potência imperialista, apoiar todas as lutas de libertação contra qualquer uma dessas potências e utilizar todas as dificuldades e crises para fazer avançar a luta de classes para derrotar a classe dominante imperialista em todos os países. Nossa organização, a Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI), publicou recentemente um documento substancial sobre esta questão ("Teses sobre Derrotismo Revolucionário em Estados Imperialistas"). Este documento programático é republicado aqui como um apêndice. [1]


O presente livro é basicamente estruturado em quatro partes principais. Na primeira parte, lidamos com várias características do imperialismo que são relevantes para o nosso tópico, com foco na rivalidade entre as Grandes Potências. Portanto, não é uma análise abrangente de todos os aspectos do imperialismo, mas se concentra em alguns deles. Nós nos permitimos tal procedimento também porque já lidamos com numerosas questões do imperialismo atual em outros livros e panfletos da CCRI. [2]


Na segunda parte, discutimos a análise da rivalidade entre as Grandes Potências, como foi elaborada por vários partidos e organizações de esquerda. Ao criticar a posição deles, defendemos e aprimoramos nossos argumentos. Neste processo, apresentamos uma série de fatos históricos e reais. Também comparamos os argumentos dessas organizações de esquerda com a teoria marxista sobre o imperialismo, tal como foi elaborada por Lênin e Trotsky.


A terceira parte elabora os componentes essenciais do programa do derrotismo - sobre as questões de conflitos entre as Grandes Potências, assim como entre os estados imperialistas e os países semicoloniais, respectivamente, as minorias nacionais e os migrantes. Nós explicamos o que os clássicos marxistas disseram sobre esse assunto e por que ele é relevante hoje. Além disso, também analisamos quais mudanças políticas e sociais ocorreram desde os tempos de Lênin e Trotsky e quais são suas consequências para o programa do derrotismo.


Na quarta parte do presente trabalho, discutimos sobre a abordagem de várias organizações de esquerda sobre a questão da luta anti-imperialista. Mais uma vez, submetemos suas posições a uma crítica do ponto de vista marxista e elaboramos nossos argumentos com numerosos exemplos. Demonstramos que várias forças, embora afirmem ter uma posição anti-imperialista, na prática estão do lado de uma ou outra Grande Potência. Em outras palavras, eles não são anti-imperialistas, mas sim social-imperialistas abertos ou disfarçados.


Nós encerramos o livro com um resumo das tarefas dos marxistas na luta contra a guerra imperialista e as agressões.


Finalmente, um “aviso”: este livro não é escrito do ponto de vista “neutro”. Não é indiferente às crescentes rivalidades entre as Grandes Potências e a agressão imperialista contra os povos oprimidos. É preciso uma posição - uma posição contra todas as Grandes Potências no sentido de apoiar todas as lutas de libertação dos trabalhadores e oprimidos! Por isso, polemizamos contra as organizações de esquerda que, a nosso ver, fracassam em tomar uma posição anti-imperialista. Portanto, este trabalho não é escrito com o propósito de se tornar um sucesso comercial, mas sim como uma diretriz para os ativistas anti-imperialistas. Já existem milhares de best-sellers no mercado. O que é necessário é uma autêntica literatura marxista! Lênin gostava de dizer que "sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário" [3]. Essa verdade intrínseca não perdeu sua importância.


Estamos plenamente conscientes de que as questões discutidas neste trabalho nem sempre são fáceis de entender. Isto é especialmente verdade quando estamos a discutir fenômenos que surgiram recentemente (como, por exemplo, o surgimento da China e da Rússia como Grandes Potências imperialistas). Muitos socialistas podem preferir manter a velha fórmula tendo a ideia de que apenas os EUA, a Europa Ocidental e o Japão são estados imperialistas. No entanto, consideramos esse “conservadorismo” como altamente perigoso, uma vez que se perde sobre as mudanças cruciais na política mundial na última década. A observação de Trotsky sobre a importância de manter a análise teórica em sintonia com os desenvolvimentos objetivos permanece plenamente válida.


“A vasta importância prática de uma orientação teórica correta é manifestada de forma mais impressionante em um período de conflito social agudo de rápidas mudanças políticas, de mudanças abruptas na situação. Nesses períodos, concepções políticas e generalizações são rapidamente usadas e requerem uma substituição completa (o que é mais fácil) ou sua concretização, precisão ou retificação parcial (o que é mais difícil). É justamente nesses períodos que todo tipo de situações e combinações transitórias e intermediárias surgem, por motivo de necessidade, que perturbam os padrões costumeiros e exigem duplamente uma atenção teórica sustentada. Em suma, se no período pacífico e “orgânico” (antes da guerra) ainda se pudesse viver da receita de algumas abstrações prontas, em nosso tempo, cada novo evento traz força à lei mais importante da dialética: A verdade é sempre concreta.” [4]


Esperamos que este livro ajude a esclarecer as complexas questões teóricas e táticas relacionadas às crescentes rivalidades entre as Grandes Potências. Terá cumprido o seu propósito se ajudar os ativistas e todos os interessados em compreender estas questões para obter uma compreensão mais abrangente de uma das questões mais importantes do nosso tempo e extrair as conclusões necessárias a partir disso.


Finalmente, este livro beneficiou-se de discussões coletivas que o autor teve com vários companheiros na CCRI. Em especial, quero agradecer à camarada Nina Gunić, com quem tenho o privilégio de desenvolver ideias e argumentos conjuntos desde há anos e que desempenha um papel central na elaboração do quadro programático da nossa teoria. Além disso, quero expressar minha gratidão ao camarada Petr Sedov, que ajudou na elaboração deste livro não apenas com uma série de comentários perspicazes, mas também com a tradução de muitas citações de fontes de língua russa.


Leia o livro na íntegra no link:

https://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/livro-o-anti-imperialismo-na-era-da-rivalidade-das-grandes-potencias-conteudo/ 



Notas de rodapé

1) Veja também no nosso website: https://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/teses-sobre-o-derrotismo-revolucionario-nos-estados-imperialistas/

2) Para referências da literatura da CCRI nesses temas veja relevantes capítulos neste panfleto.

3) in: LCW Vol. 5, p. 369. Muitos trabalhos de Marx, Engels, Lenin, Trotsky e outros clássicos Marxistas estão publicados no website Marxist Internet Archivewww.marxists.org, que é uma fonte valiosa para qualquer pessoa interessada no Marxismo.

4) Leon Trotsky: Bonapartismo e Fascismo (July 1934), in: Trotsky Writings 1934-35, p. 35

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