A Revolução Francesa de 1789, com todas as suas esperanças, medos e tarefas a cumprir engendrou primeiro o governo dos girondinos, segundo o governo de Napoleão e, terceiro, o Congresso de Viena e a Santa Aliança.
A Santa Aliança deu tudo de si para puxar a roda da história para trás: restaurou monarquias, propriedades, condecorações; torturou, mentiu, assassinou. Fez troça da literatura iluminista. Disse que não valia um vintém.
Cá está a literatura iluminista conosco, em pleno século 21, fazendo troça do passado medieval e dos monarquistas. E ainda que alguns hoje digam defender o capital contra o "comunismo", com tanto ódio no coração que nos causa dor e estranheza, estão, na verdade, a levantar a bandeira do medievo contra o iluminismo.
Depois da Santa Aliança, quando tudo parecia perdido, nasceu a Revolução de 1830. Ela não foi suficiente, pois tentaram puxar a roda da história pra trás novamente, e aí sobreveio 1848 e 1871. A Paris dos Operários jamais foi perdoada e a violência foi descomunal: o cristianismo dos cidadãos de bem demostrou, como sempre, a fúria de satã escondido no mais recôndito da sua alma.
Novamente ódio, mentira, assassinatos. O futuro seria da civilização e da liberdade: vamos varrer a sujeira para debaixo do tapete e não se fala mais nisso! Explodiu o prenúncio da civilização: a 1ª e a 2ª Guerra Mundiais, seguidas por mais de 50 milhões de mortos!
Contra a "civilização", uma nova marretada abateu-se: desta vez vinda da Rússia! Todo o poder aos sovietes, pão, paz e terra; por um direito ao futuro! Não apenas uma lei na física, mas na história também: toda ação gera uma reação. A reação trouxe o nazi-fascismo, o medo, o stalinismo.
Tudo está perdido. Nada se pode esperar do ser-humano. A gota no epicentro da 2ª Guerra em ondas concêntricas trouxe ainda China e Cuba para o olho do furacão, espremidas pela Coréia em 1953, Baía dos Porcos em 1961 e Vietnã em 1965. Faça amor, não faça guerra, bradaram contra a reação descomunal de uma potência, repleta de democracia, ganância e armas químicas contra um país de vilarejos agrários.
Façamos um, dois, três, mil Vietnãs contra aqueles que pregam cristianismo, mas comemoram a morte de mulheres e homens porque são "comunistas"; que pregam democracia, mas disseminam ódio, clamam por guerra e intervenção militar; que falam contra a "ditadura comunista", mas idolatram a ditadura (nem tão) disfarçada do mercado, do desemprego e da exploração sem limites embaçado em um discurso de "modernização".
Eles pagam os melhores jornalistas pra distorcer, mentir, ludibriar e colocar medo nos nossos corações. Se esforçam, se superam, se desesperam da forma mais histriônica e profética para puxar a roda da história para trás. Muitas das melhores pessoas que conheço se desanimam, ficam tristes e desesperançadas.
Eu lembro de 1815, do Congresso de Viena, da Santa Aliança e da troça contra os iluministas. Sorrio confiante no futuro! Nesta dialética da história, muitos lamentavelmente pagarão com a vida a sanha de poder da classe dominante, mas, como dizia Rosa, se não tivermos desaprendido a aprender, o futuro nos pertence...
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