terça-feira, 2 de dezembro de 2025

O “grupo terrorista” Hamas e a mídia mercenária Rede Globo

Na cobertura jornalística (leia-se: blindagem e justificação) do genocídio perpetrado ao povo palestino na Faixa de Gaza, todos os telejornais das emissoras brasileiras acrescentam uma “qualificação” ao Hamas: “grupo terrorista”.

Eis a sua forma de dominação e manipulação: como grande parte do povo brasileiro não acompanha a geopolítica, não tem prática de leitura e reflexão pública, se ouvisse apenas “Hamas” nas “reportagens” não saberia o que isso significa exatamente. Então, a cada declaração, o jornalismo mercenário acrescente “grupo terrorista” para induzir e levar o telespectador para as conclusões que quiser.

O Hamas é uma organização política que luta pela emancipação dos palestinos e contra a dominação israelense há mais de 30 anos. Se utiliza da luta armada, da mesma forma que Israel utiliza todo o seu exército regular, aparato bélico financiado internacionalmente e mantido com o apoio das principais potências mundiais, como EUA e Inglaterra. Podemos e devemos ter divergências quanto as estratégias, programa político e discursos do Hamas, mas certamente não é um “grupo terrorista”. O seu suposto extremismo é diretamente proporcional ao extremismo israelense, dez vezes mais destrutivo e poderoso.

Israel comete um terrorismo de Estado infinitamente mais sinistro que a grande mídia brasileira não se importa. Podemos afirmar, sem medo de imprecisão, que as emissoras brasileiras praticam um “jornalismo terrorista”, que avaliza e justifica o terrorismo de Estado israelense. Portanto, tornam-se cúmplices do genocídio palestino.

O jornalismo da Rede Globo e das principais emissoras brasileiras é a confirmação do que Balzac já escrevia no século XIX: o jornalismo passou a ser um negócio. Não tem fé nem lei. Todo jornal é uma loja onde se vendem ao público palavras da cor que se deseja. Se houvesse um jornal dos corcundas, haveria de provar noite e dia a beleza, a bondade, a necessidade dos corcundas. Um jornal não é feito para esclarecer, mas para lisonjear opiniões. Desse modo, todos os jornais serão, dentro de algum tempo, covardes, hipócritas, infames, mentirosos, assassinos. Matarão as ideias, os sistemas, os seres humanos, e, por isso mesmo, hão de tornar-se florescentes. Terão a vantagem de todos os seres pensantes: o mal será feito sem que ninguém seja o culpado.

Nesse caso, podemos acrescentar, parafraseando Malcolm X: o mal será feito e a culpa será jogada sobre a vítima!